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domingo, 31 de março de 2013

A inspiração e a música

Desde o meu primeiro romance, o que dá até para sacar pelos títulos, a música vem influenciando significativamente o meu processo criativo. Em verdade, enquanto escrevo um capítulo, muitas vezes escuto a mesma música para entrar no clima.

A quem interessar possa, estou no vigésimo primeiro capítulo de All Star e gostaria de compartilhar as músicas que vão fazer parte dessa história. Vamos ver se vocês gostam da seleção.

Lá vai:

Fico assim sem você - versão Adriana Calcanhoto


O que eu também não entendo - Jota Quest


Come what may - Trilha sonora de Moulin Rouge



É tão lindo - Balão Mágico e Roberto Carlos (esse vídeo já está aí pelo blog)

Salaam e Ishq - Trilha sonora do filme Saudações ao Amor



Se Enamora - Versão da Tiê


All Star - Nando Reis (outro vídeo que já está por aí no blog)


sábado, 30 de março de 2013

A maldição do Jovem Adulto


Hoje o assunto é polêmico.
Está circulando por aí um tema controverso: "Quem tem cacife para falar de Literatura?". A polêmica começou com a Tati Feltrin do Tiny little things. Eu poderia discorrer horas por esse tema. Primeiro, fazendo uma diferenciação entre fazer uma resenha de livro e falar de Literatura. Não estou dizendo aqui que só dá para aprender sobre Literatura nos bancos das universidades, longe de mim. Mas há certamente uma diferença entre dizer o que achou de Guernica de Picasso e reconhecer a influência desse quadro para as artes plásticas do início do século XX, assim como relacioná-lo com outros movimentos de vanguarda do mesmo período.

Depois da opinião de Tati, choveram blogs e vlogs para comentar uma revolta dela que é natural mesmo. Quem diz o que eu posso ou não posso ler? Quem determina o que é Literatura? Por que somente poucos escolhidos podem falar sobre esse assunto com propriedade? Deus sabe que enfrentar uma faculdade de Letras é questionar isso (que lá dentro eles chamam de cânone) diariamente. É colocar autores em caixinhas sem sequer lê-los: Paulo Coelho não presta, Clarice Lispector é uma deusa contemporânea. Por isso mesmo, adoro o universo do blog. Os jovens blogueiros/vlogueiros não estão nem aí para esse negócio de cânone, eles leem e dizem o que acham. É o máximo.

Porém, sei lá, às vezes, sinto que falta também um pouco de humildade. Humildade e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Vendo algumas respostas ao vídeo da Tati, vi muita revolta, muita energia. O adolescente é assim, né? Briguento. As pessoas reclamando que ninguém tem o direito de dizer o que você pode ou não pode ler. Uma coisa meio ditadura. Meio submissão. Gente, acho que na vida nem tudo é 50 tons de cinza. 

Eu me lembro bem, quando eu tinha uns 12 para 13 anos, muito viciada em Mitologia Grega, peguei A Ilíada para ler da estante do meu pai. Versão integral em versos. O meu pai me disse: você não vai conseguir ler agora, mas tenta de novo daqui um tempo, tá? De fato, bastaram três páginas daquilo e eu estava dormindo. O tempo passou, fiz faculdade, voltei a encontrar esse livro e desceu até fácil. Na verdade, eu precisava de uma bagagem que não tinha na época. Duvido que meu pai estivesse duvidando das minhas capacidades, ele estava apenas me orientando.

Agora, que mal há se alguém diz para um adolescente que não é a hora ainda de ler Grande Sertão: Veredas? Que mal há se seu amigo tenta lhe explicar que para ler Memórias Póstumas de Brás Cubas é preciso compreender que aquele livro é uma crítica ferrenha ao Romantismo? Será que temos nas mãos tantas respostas que ninguém é mais capaz de lhe oferecer um tipo de orientação? Será que receber essa orientação é sempre se submeter de forma indigna? Não sei. Defendendo meus mestres, ainda não encontrei nenhum vlog que fosse capaz de colocar em mim os óculos cor-de-rosa que me possibilitaram ler Victor Hugo e Machado de Assis com outra perspectiva, uma perspectiva prazerosa. 

Na faculdade, assisti a palestras que me deram esses óculos cor-de-rosa. Gente que eu vou admirar para sempre. Entendi lá o valor de um mestre. Entendi o valor do cânone. Sei que tem muita coisa errada. Até hoje, não gosto de ler Clarice. Mas aprendi a reconhecer o seu valor, respeito Clarice Lispector dentro daquilo que ela representa para a Literatura Brasileira. Assim com respeito os seus inúmeros fãs. O que nos leva a outra questão: o prazer.

A Literatura, como toda arte, está muito além do prazer. Às vezes, ela é desagradável, ela incomoda, ela te tira do canto. Para mim, discuti-la é passar por aí também. É ser desafiada por ela. Eu pergunto: cadê o desafio nos dias de hoje? Será que o desafio está apenas em ler um livro grosso? Em ler em inglês? Mesmo que o vocabulário e o enredo não te desafiem em nada?

Vejo esses blogs e vlogs e fico feliz com essa geração que lê, que participa, que comenta. Mas, por outro lado, me incomoda o fato de que todos os blogs e vlogs falam praticamente dos mesmos livros. Lançamentos mandados por editoras. Procure uma resenha de A culpa é das estrelas que você vai encontrar milhares, mas cadê alguém que tenha lido, sei lá, O médico e o monstro. Será que todo mundo se interessou ao mesmo tempo por John Green? Será que O médico e o monstro perdeu o encanto de vez?

O mercado editorial, gente, é um mercado como outro qualquer: visa o lucro. E os blogs são uma ferramenta importante demais nesse processo. Você, que recebe seus livros na sua caixa postal, deveria estar se preocupando mesmo com essa pergunta: Quem é que diz o que eu devo ou não devo ler? Mas não porque alguém te diz que você não tem capacidade para ler Decameron. Pense nisso, tá?

Digo isso porque acho que estamos vivendo a maldição do Jovem Adulto (Young Adult). Vejo blogs (alguns muito bons que eu acompanho) cujo os donos explicitam que só leem essa categoria. Que não suportam o cânone. Aí eu me pergunto: como pode? Será que essas centenas de anos de tradição escrita não trouxeram nada capaz de te seduzir? Ou será que é você que, igual criança birrenta, se recusa a experimentar?

Olha, a produção literária para essa faixa etária é vasta, principalmente a estrangeira. Se depender das editoras, você jamais vai dar um passinho para além disso. E, posso te garantir, não como opressor, mas como mestre, que em termos de experiência com o universo literário: é muito pouco! Não deixe que a sua maior experiência tenha sido Harry Potter (amo JK de paixão, mas ela não é a única) ou As Crônicas de Nárnia ou Jogos Vorazes. Tem todo um universo lá fora esperando pela gente.

Não me leve a mal. A máscara de professora pode ser bem pesada de vez em quando. Eu também adoro literatura YA, mas é preciso ter equilíbrio e experimentar sempre. Conheço muito bem o papel da literatura como formação de leitores críticos. Mas, aos vinte e poucos anos, gente, você já deveria ser esse leitor crítico. Saía da barra da saia das fantasias, distopias e da Meg Cabot e se aventure. A primeira experiência adulta com a linguagem vale a pena. Prometo. E se não conseguir, tente de novo... Cair e levantar não faz mal. É aprendizado.

E aí, eu termino perguntando: será que realmente não faltam mais mestres? Não daqueles com diploma de mestrado, mas daqueles que merecem o seu respeito como educadores? Uma pessoa para te guiar por um caminho que ele já conhece melhor. Como acontece com o Charlie de As vantagens de ser invisível? Será que não está faltando justamente uma pessoa dessas que diga (incentive) o que você deve ou não deve ler?

Esse recado, é lógico, não vai para a Tati Feltrin. Vai para você, adolescente, meu aluno ou não, para que você canalize melhor a sua indignação.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Fazendo meu filme 1 - a estreia de Fani

Já tinha dito anteriormente, mais exatamente quando li Apaixonada por palavras, que estava muito interessada em ler a Paula Pimenta ficção. Não me arrependi, esse livro é uma gracinha. 

Paula Pimenta tem um ritmo gostoso de escrita, bastante coerente com a faixa etária do público e de uma simplicidade que convence. Na verdade, a única coisa que não gostei foi o nome da personagem principal: Estefânia. Maldade!

Um pouquinho da história desse livro, Fani é uma garota de 16 anos que não tem muitos amigos. Também não é uma isolada social, apenas prefere qualidade ao invés de quantidade. Ela tem poucos problemas grandes e suas preocupações são as questões comuns da adolescência. Adora cinema, principalmente filmes de amor, muitos dos filmes da lista dela também estão na minha. E é apaixonada pelo professor de Biologia.

Esse fato eu achei engraçado. Quando eu era adolescente, nunca me interessei pelos professores e sequer notava que minhas amigas o fossem. Certa vez, eu tive até um professor de Biologia mais jovem, quem sabe ele fosse até bonito. Eu nunca me interessei. Hoje, como professora, vivo o oposto da moeda. Meus amigos professores "bonitos" sofrem um assédio digno de celebridade. É impressionante como as meninas se apaixonam fácil. Verdade que Freud explica muito dessa relação entre o amor e o poder, mesmo assim, não deixa de ser engraçado as tentativas vãs dessas meninas. Elas estão cada vez mais assanhadas.

Meninas, se vocês estão nessa situação, fica a dica: vão atrás de um cara da sua idade. Professores, mesmo os que são poucos anos mais velhos do que vocês, têm outros anseios, estão em outra fase da vida. Na maioria dos casos, gostam de fazer vocês de brinquedo. Vocês não passam de algo para inflar o ego (Freud realmente explica muita coisa). Conselho de tia: vão descobrir a vida com alguém que as mereça. Eu que estou do lado de cá da sala do professores, posso garantir, em noventa por cento dos casos, não vale a pena.

Voltando a falar da Fani. Ela passa para fazer um intercâmbio na Inglaterra e no meio desse processo de mudança, descobre que está apaixonada pelo seu melhor amigo. Daí pra frente, você mesmo vai ter que descobrir que bicho dá. Eu, particularmente, gostei bastante.

Foi um livro bem leve. Queria saber falar de amor com tamanha simplicidade. Nos meus romances, tudo é sempre complicado, o amor é intenso, aqui não, é leve e extremamente adolescente. Recomendo demais. Com certeza, vou ler o restante da coleção.  

quinta-feira, 28 de março de 2013

Confissões de Adolescente

Eu sei. Eu sei. Esse negócio aqui tá com maior cara de enrolada. Por que?
Bem, porque eu sei que Confissões de Adolescente é um livro, que ele conta na minha lista de 100 livros anuais, mas... Ele é minúsculo. 
São somente 95 páginas de uma leitura facílima. Entretanto, confesso que não resisti. É nostálgico demais para ignorar. Passeando pela Estante Virtual, esbarrei com ele por um precinho inacreditável, comprei-o.

Esse é um livo que eu já tinha lido quando era adolescente. Já na época, não gostei muito. Achei distante da minha realidade. Uns papos que não me interessavam, nem me diziam respeito. É um tipo de livro de contos curtosEra um tal de falar de morte, de transa, de maconha  até do que eu acredito ser uma cena de masturbação ao som de Vinícius de Moraes... Não me identifiquei mesmo. Esperava um toque mais de doçura e fantasia. Fui jogada na realidade.

Lembro-me que foi um estrondoso sucesso. Virou peça, virou seriado de TV. Tanto que agora, ao reler, peguei a quadragésima primeira edição do livro, grande feito para uma obra brasileira.

Talvez, naquela época, a peça fizesse muito mais sentido para mim. Não sei. Adentrar esse mérito é encarar o universo do se... E o se será sempre um mistério. O que posso dizer da releitura é que agora certas coisas fazem mais sentido. Embora eu certamente não concorde com tudo, eu compreendo.

E o que foi mais legal ainda foi a pesquisa que fiz sobre o que as jovens atrizes daquela época da peça andam fazendo hoje. Unindo passado e futuro, achei interessante o texto de Patrícia Perrone. Lá ela diz que era a única atriz da família, que sua mãe e seu pai eram advogados, mas que ela não queria seguir essa carreira, apesar de toda a segurança. Patrícia foi considerada a atriz mais promissora de sua geração. Foi por causa dela que o elenco inicial da peça se desfez ( a moça foi convidada para o elenco da novela Olho no Olho), dando oportunidade a Carolina Dickman e Déborah Secco de atuarem. Tantos anos depois, adivinha o que ela se tornou? Procuradora do Estado do Rio de Janeiro. Irônico.

Sei lá. Isso me fez pensar na menina que um dia quis ser arquiteta e que adorava desenhar. Hoje eu sou tão feliz desse meu jeito. Às vezes, a gente desiste de alguns sonhos nesse processo de crescer, mas só se for em detrimento de outros sonhos ainda maiores. Não sei se é o caso de Patrícia Perrone. Sei que é o meu, não tenho mais a menor vontade de ser arquiteta.

A própria Maria Mariana, autora do livro, o pai diretor de teatro, participou do seriado, com todas as portas abertas na carreira de atriz. Virou mãe em tempo integral. Ela tem cinco filhos em diferentes idades.

É esquisito! Quem vai saber do futuro? Acho que a adolescência é bem isso mesmo. Experimentar caminhos. Mas qual caminho se vai escolher, bem, aí só a maturidade é quem diz....

Para matar a saudade, um bocadinho do seriado...


quarta-feira, 27 de março de 2013

Trecho do capítulo 22 de Prá você guardei o meu amor




FemaleWerther: Como é q pode? Eu nem te conheço + já sinto sua falta desse jeito... Vc demorou pra entrar. Fikei c/ o S2 na mão.

DarkSideGeek: C vc soubesse como é bom saber disso, garotinha ruiva...

FemaleWerther: Pq vc demorou? L

DarkSideGeek: Problemas aqui em kasa... Naum posso falar muito a respeito...

FemaleWerther: Vc e os seus mistérios... Assim a gente nunca vai se conhecer direito...

DarkSideGeek: Minha vida é um notebook aberto, garotinha ruiva. Pergunta que eu te respondo. Qqr coisa q eu possa responder, é claro!

FemaleWerther: Eu ia perguntar seu nome... J

DarkSideGeek: Isso eu ainda naum posso dizer...

FemaleWerther: Mas um dia vc vai dizer, naum vai...

DarkSideGeek: Certamente que sim. Um dia vc vai precisar dizer na frente do padre q me aceita como legítimo esposo. Naum vou poder me apresentar para a Santa Igreja como DarkSideGeek, vou?

FemaleWerther: hahahahahahahaha.... Quem disse q eu vou querer me casar c/ vc?

DarkSideGeek: Vc mesma vai dizer um dia.

FemaleWerther: Vc me parece bastante confiante. Saiba q eu ainda te acho um tarado.

DarkSideGeek: Pois comece logo com sua lista de perguntas. Quem sabe, dependendo das respostas, vc entenda que nós somos feitos um para o outro...

FemaleWerther: Lá vai, entaum. Filme favorito?

DarkSideGeek: Pergunta interessante. A minha resposta define o tipo de geek que eu sou, naum é mesmo?

FemaleWerther: Se é q vc é geek mesmo… Seu tarado! (risos)

DarkSideGeek: Eu poderia dizer que acho “O poderoso chefão” o melhor filme de todos os tempos...

FemaleWerther: Seria uma resposta fantástica…

DarkSideGeek: Porém, como ignorar o talento do Tarantino em Kill Bill?

FemaleWerther: Assim vc derrete meu coraçaum. A-M-O Tarantino.

DarkSideGeek: E o humor ácido de “Monty Python: em busca do cálice sagrado”? Nenhum geek é imune ao humor inglês!

FemaleWerther: Fato.

DarkSideGeek: Isso sem falar no Episódio IV... O conceito de geek naum existiria sem George Lucas.

FemaleWerther: Vc naum precisa dizer mais nada. Eu te amo!

DarkSideGeek: hahahahahaha! Vc ama o George Lucas, isso sim! Pois fike sabendo q pessoalmente eu tô + para Chewbacca do q para Hans Solo...

FemaleWerther: Eu tb estou + para Darth Vader do q para Princesa Leia.

DarkSideGeek: Q é isso, garotinha ruiva? Naum se menospreze. Vc é a minha Padmé[1]... Sempre foi. Sempre será!

FemaleWerther: Nunca recebi um elogio tão grande. Fikei tímida!

DarkSideGeek: rs… Voltando ao assunto filme. Acho q naum saberia escolher o filme q + gosto... Entretanto, posso lhe dizer o filme da minha vida: “Mensagem para você”.

FemaleWerther: Água com açúcar. Tom Hanks e Meg Ryan?

DarkSideGeek: Esse mesmo. Desculpa, garotinha ruiva. Preciso ir. Bjos!

FemaleWerther: Peraí, vc naum vai explicar...


[1] Padmé Amidala, mãe de Leia e LuKe Skywalker, em Star Wars.

segunda-feira, 25 de março de 2013

O Castelo Animado

Diga ao povo que eu me rendo. 
A velhinha me pegou.

Diana Wynne Jones, vou acender uma vela pra senhora todo dia. E garanto que o 26 de março de 2011 (por um acaso, se é que existe isso no mundo, hoje é seu aniversário de morte) é um dia triste para a humanidade.

Eu já tinha lido faz algum tempo a série Crestomanci desta mulher. Num tempo imemoriável em que eu entrava numa livraria e pirangava um livro inteiro na maior cara de pau...
Também acompanhei e compreendi a paixão da minha irmã pelo estilo sem limites de fazer fantasia de Diana, mas nunca partilhei com ela esse fascínio. Minha irmã manda buscar um exemplar de livro na Rússia se for preciso. Ela busca incessantemente completar sua coleção, vai demorar: são uns 80 livros. Não estou tão viciada assim, apesar que a série Crestomanci é realmente muito boa.
Agora, entretanto, tantos anos depois, sou capaz de partilhar com a Thaís pelo menos o encantamento, porque O castelo animado é tão bom que chega a dar raiva.

Raiva de um mercado editorial que elege obras (muitas vezes sem qualidade) em detrimento de outras pelo simples prazer de ganhar dinheiro. Dinheiro fácil. Porque o pior é perceber que a fantasia de Jones pode dar muito, mas muito, mas muito dinheiro. Entretanto, os livros dela nunca estiveram entre os mais vendidos no Brasil. Nos blogs de resenha para jovens adultos, nem vejo falar. E isso dói no coração. O potencial dessa mulher é incalculável. Sua contribuição para a literatura é do porte da de C. S. Lewis e Tolkien, que aliás, foram seus professores na universidade.

Ainda bem que podemos contar com a criatividade irrefreável dos japoneses. E O castelo encantado virou uma animação japonesa do diretor Hayao Miyazaki, produzida pelos estúdios Ghibli, de 2004. A mesma galerinha de A viagem de Chihiro. Se você está pensando agora: não faço ideia do que esta mulher está falando, fica a dica, está na hora de saber. O Japão produz muita coisa em termos de fantasia, para além do preconceito e da devoção, vale a pena descobrir o que te encanta.


Um pouco da história do livro: Sophie é uma jovem que tem medo de tudo, ela foi criada para ter medo de tudo. Muito talentosa na costura, um dia, sua loja é visitada por uma bruxa que a transforma numa velha de 90 anos. Ao contrário do que possa parecer, inicialmente, ela não fica chocada. Pelo contrário, sente-se bem nessa nova forma, a forma que em verdade sempre sentiu ter por dentro. Entretanto, ela precisa quebrar o feitiço, afinal, lhe foram roubados pelo menos 60 anos de vida. Sophie parte em busca da bruxa.
No seu caminho, encontra um castelo voador que pertence a um jovem e poderoso mago. Todos os personagens do castelo são encantadores. O mago Howl e o demônio Calcifer são os meus favoritos. Quero para mim. Com certeza, ficarão no meu coração. Sophie, Howl, Calcifer, Michael e mais uma gama de outros personagens vão ter de aprender aos poucos que o que de fato importa não é a aparência, mas sim a força interior que cada pessoa tem. 

Relutei muito para ler esse livro. E vou ficar devendo uma a Thaís pela insistência massiva para que eu o lesse. O motivo da relutância é que morro de medo de histórias em que as pessoas ficam velhas de repente. Esse é o meu maior medo. Não tenho medo de envelhecer. Tenho medo de não aproveitar o tempo. Então, já peguei o livro na expectativa de páginas de agonia dessa menina se lamentando e rangendo, tropeçando e estando cega. Seria um martírio se assim o fosse. Fiquei inclusive pensando se eu desistiria de lê-lo. Que nada! Li a primeira página e mergulhei de cabeça, quando percebi, já eram onze horas e 160 páginas tinham se passado na minha frente sem que eu piscasse. 

Acontece que, no caso de Sophie, foi apenas ficando velha na aparência que ela percebeu que o tempo é um bem valioso e que ela já se comportava como velha antes do feitiço. A velhice, aliás, libertou-a dos seus medos. Finalmente, a moça enfrentou a sua sorte e resolveu ser responsável pelo seu destino, arrastando os outros personagens com ela. Estou fascinada!

Recomendado de corpo e alma.

Deixando um recado para o além, Dona Diana Wynne Jones, como dizia um outro mestre do porte da senhora, um tal de Guimarães Rosa, "as pessoas não morrem, ficam encantadas". Acredito muito que é o seu caso.

Mário Quintana - Antologia Poética

E para quem achava que eu não lia poemas, taí: Mário Quintana. Outro livro adulto na minha lista. Tô que é uma professora de literatura! 

Ops! Eu sou uma professora de literatura! :)

Depois de Tequila Vermelha, eu precisava acreditar que existem pessoas por aí que sabem o que estão fazendo quando se propõem   a escrever. Escolhi Quintana por puro deleite, porque ele é um gostoso escrevendo.

Adoro como ele encara as muitas faces do cotidiano. Ele é mais um a observar no meio das coisas, ele se mistura a elas com uma facilidade impressionante. Ler Quintana é como estar no quintal da casa da sua avó numa tarde quente e vagarosa. Em suma, eu me sinto em casa.

Nem por isso, é uma poesia banal. Aliás, não tem nada de banal. Compreender temas universais como o amor, a morte, a solidão e a velhice nunca será banal. Temos de parar de entender simplicidade como banalidade. Sei lá, mas a simplicidade é leve e a banalidade pesa como uma feijoada no estômago. Mário Quintana é um poeta do simples. O simples, na poesia, nem sempre é o caminho mais fácil.

Confesso que me surpreendi. Eu li exatamente esse livro aí em cima, a edição da L&PM. Ou seja, uma antologia. Para você que não sabe o que é antologia, lá vai:

Significado de Antologia

Botânica. Parte da botânica que estuda as flores.
s.f. Coleção de trechos escolhidos, literários ou musicais; florilégio, coletânea. - fonte: http://www.dicio.com.br/antologia/

Numa antologia, é feita uma seleção. Aqui nesse livro encontramos poemas de várias obras do Quintana. Acho sempre legal isso porque, quando um poeta vive muito e escreve muito, podemos acompanhar as suas fases. O modo como as ideias mudam. No caso, gostei demais da maneira de Quintana tratar a velhice, às vezes com bom-humor, outras vezes com saudade e outras ainda com um estranhamento. Dá para sentir mesmo na sua personalidade a sensação que ele descreve de ainda ser um menino, um menino num corpo de velho, mas um menino.

Percebi também um lado obscuro do Quintana que eu não conhecia. Não sabia que ele falava tanto de morte. Quase Byron. Quase emo. Vou deixar para lá essa parte... Não achei tão significativa.

Minha parte favorita foram os poemas dessa obra: Espelho Mágico, 1951. São poemas curtinhos de um grande poder de síntese, quase um hai kai. Simpáticos que doem. Exemplo:

Do sabor das coisas
Por mais raro que seja, ou mais antigo,
Só um vinho é deveras excelente:
Aquele que tu bebes calmamente
Com o teu mais velho e silencioso amigo...

Ai Quintana! Velhinho danado! Poucas palavras que dizem tudo.

Já que estamos aqui batendo um papo, deixa eu abrir meu coração. Não sou muito de poesia. Já falei que sou prolixa, sou dos romances e dos vários núcleos narrativos. Mas, vez ou outra, eu me aventuro nas múltiplas possibilidades de um poema. Admito, entretanto, que não sei ler um livro de poemas. Você lê ele inteiro de cabo a rabo? Foi a primeira vez que fiz isso por causa do desafio dos cem livros. Em geral, eu faço assim, deixo o livro ali perto de mim e leio um poema aleatoriamente na hora que me dá vontade. Se gosto de um em particular, leio o mesmo várias vezes. 

Fiquei pensando nisso. Será que existe jeito certo de ler um livro de poemas? Acho que não.

domingo, 24 de março de 2013

Tequila Vermelha

É com imensa satisfação que anuncio que terminei de ler Tequila Vermelha de Rick Riordan! Foram 428 páginas de agonia, mas, como não a mal que seja eterno, chegaram ao fim e acho que sem danos permanentes a minha estrutura mental.

Livrinho ruim! Eu deveria ter suspeitado quando o comprei por R$7,00 na Estante Virtual....

Rick Riordan escrevendo para adultos é muito infantil. Muito. E infantil do tipo ruim. Do tipo: não dá para acreditar nisso de jeito nenhum! Bem, explorando melhor a crítica, o estilo de Rick continua o mesmo, muita ação, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, só que não... Apesar das descrições bem criveis do espaço físico do Texas ( o autor é de lá), o espaço psicológico desses personagens: o chefe de homicídios, o vereador corrupto, o malandro hispânico bem-sucedido, bom, a impressão que me deu é que Rick Riordan não fazia a menor ideia do que é o dia de um cara desses, o que faz com que esses personagens tão possivelmente densos numa obra adulta sejam rasos como um pires de leite que o gato de Tres Navarre deveria tomar.

Considerando o que eu já vi sobre Clint Eastwood, não posso imaginar que o universo proposto por Rick seja divertido como ele mostra em Tequila Vermelha, com pessoas com 9mm nas mãos batendo papo com o investigador indesejável e rindo de suas piadinhas. Posso jurar que, se fosse o Clint que estivesse escrevendo, Jack Tres Navarre duraria umas cinco páginas. O que teria sido bom!

Acho que isso se deve ao fato de Riordan ter cometido o erro mais básico de um escritor: não escreva sobre aquilo que não conhece. Tenho a impressão que Riordan frequentou muito mais o lado branco, retrógrado e acadêmico do Texas do que esse aí que ele fala no livro.

Se mesmo assim você ainda não desistiu de ler, vamos a um micro-resumo da obra: Tres Navarre volta para sua cidade natal depois de dez anos para solucionar o assassinato do pai. Como na Sessão da Tarde, rola muita confusão com essa galerinha do barulho que ele encontra, quanto mais ele mexe no passado, mais gente vai se envolvendo, é máfia, é corrupto, é policial, é mulher casada e até uma ex-namorada. Algumas porradas depois e muitas cenas supostamente de ação, mas que eu achei um saco, ele vai solucionar alguns dos mistérios do passado.

Senti falta de uma profecia. Senti mesmo!

Em todo caso, não podia terminar essa resenha sem falar do personagem principal. Sem dúvida, a pior parte do livro. Nativo-americano, Phd em Literatura e Mestre de Tai Chi. Precisa dizer mais alguma coisa? Ele passa o livro tentando fazer piada, a maior piada é ele mesmo e as suas posições altas de Tai Chi. Sério? Falar de Chi no meio do Texas onde todo mundo anda armado é brincadeira! Brincadeira!

sábado, 23 de março de 2013

RELICÁRIO


Certas coisas na vida são muito difíceis de escolher. Escolher ser soldado e lutar pelo seu país numa guerra que talvez nem lhe pertença, por exemplo, é uma escolha complicada. Uma escolha que envolve uma mudança significativa de atitude e de comportamento. Uma escolha que interfere na vida de todas as pessoas que amam a pessoa que fez essa escolha. Ainda assim, é uma escolha, diante de todas as consequências, diante de todos os desdobramentos possíveis é uma escolha. Portanto, deve ser respeitada. E a maioria vai enxergar essa escolha como um ato de heroísmo e coragem.
Porém, tem certas coisas na vida que não são uma escolha. Você acha que alguém escolhe de livre e espontânea vontade sofrer? Com certeza, podemos escolher lutar, podemos escolher abdicar, ou até mesmo morrer por algo. Mas, a simples opção pelo sofrimento soa um tanto estranha. Se é uma escolha, por que não escolher o caminho mais fácil? Quem escolhe ser diferente, se a diferença causa muito mais dor do que prazer? Sinta um pouco de empatia. Você escolheria ser feio? Você escolheria ser negro? Você escolheria ser gay? Eu acho que não.
Não escolhi ser nada disso. Bom, ao menos eu não sou feio, a herança boa de um passado podre.
Provavelmente agora você estaria me falando de Deus. Toda aquela história de que nenhuma folha caí de uma árvore sem que seja do conhecimento de Deus. Da maneira como Ele ama a todos como filhos. Deve amar mesmo. Contanto que você seja homem. Contato que você seja hétero. Contanto que você seja branco.
Veja bem, eu não tenho problema nenhum com o fato de que o seu Deus não me ame. Meu único problema é com você, que acredita nessas baboseiras religiosas, mas que na hora de pôr em prática, sai negando a todas elas antes do galo cantar três vezes como se fosse o tal do Pedro.
Raciocina comigo, apesar de eu duvidar da sua capacidade de usar a lógica. Primeiro, se é uma escolha minha, por que você não a respeita? Por que você não me deixa lutar minhas lutas? Por que você não admira a minha coragem? Só porque eu não estou lutando por um país sem rosto numa batalha que não é minha? Só porque eu estou lutando para ser eu mesmo? Por que isso incomoda tanto o seu programa de domingo? Aliás, quem é você então?
Vou te dizer: você é o inimigo.
Demorei tanto para entender isso. Eu me esforcei tanto para que fosse diferente. Não foi.
E tudo que eu queria era que por um momento você considerasse que nada disso foi escolha minha. Que esse é o meu único jeito de ser. E que se nenhuma folha de árvore cai sem o consentimento Dele, quem você acha que me fez? O demônio? O mal? Posso te garantir com qualquer argumento da lógica, com o silogismo mais idiota, que, se foi isso mesmo que aconteceu, esse seu Deus é um carinha sem poder e que até vale a pena não merecer o amor Dele.
Aliás, eu nunca quis o amor Dele, quis o seu.
Eu poderia gritar para o mundo ouvir que esse meu ódio é produto da civilização cristã ocidental, mas eu tô cagando para a civilização cristã ocidental. Meu problema é você, pai. Pai... Que palavra vazia. Dizem que Deus é pai. No meu caso, isso explica muita coisa.
Sei que nem adianta falar de amor contigo. Você não sabe o que isso significa. Eu vou falar mesmo assim. Vou falar pelo prazer de te atormentar com as minhas imagens. Com o meu corpo sobre o corpo de outro homem. Nossos beijos ardentes e mãos entrelaçadas. A forma suave como costumamos olhar as estrelas de madrugada e de como ele me abraça e me diz que vai ficar tudo bem. Ele afaga meus cabelos até que eu adormeço. Foi assim que eu conheci o que era ternura. Foi assim que descobri assustado que uma palma de mão também acaricia.
Você não me ensinou nada disso. Percebo que não poderia. Você não acredita em amor entre duas pessoas do mesmo sexo. Você não abraça um homem, não beija um homem. Isso é o que você chama de promiscuidade. Mesmo que eu seja seu único filho. Mesmo quando eu era apenas uma criança.
Luta contra a promiscuidade. A favor dos bons costumes. Moral e ética. Suas palavras de poder. Bastiões das suas campanhas.
Eu poderia lhe ensinar uma coisinha ou outra sobre elas. Quer um exemplo? Sim, eu faço sexo com outro homem, mas com o consentimento dele. Não exercemos um sobre o outro nenhuma espécie de violência física ou psicológica que nos obrigue ao ato sexual. Digo mais, ao final, nós nos viramos e falamos de amor. Amor. E o que temos é um tipo de compromisso. O compromisso leva à fidelidade. Outra palavra da qual o senhor nunca compreendeu o sentido. Mas, com toda ironia do mundo, o promíscuo aqui sou eu.
Infelizmente, não somos criaturas tão diferentes como você gostaria que fôssemos. Hoje, eu também gostaria que fôssemos de raças diferentes, de mundos diferentes, de universos paralelos. Mas não. Por dentro, meu sangue é tão vermelho quanto o seu. Sangue que meu coração impulsiona na mesma velocidade do seu coração. Carregamos o mesmo DNA.
Um dia, talvez eu tenha um filho que carregue esses mesmos olhos verdes. Espero que esse filho me ensine o significado da palavra pai. E que de alguma forma esta palavra se associe a outra palavra de maneira permanente: a palavra amor.
Para nós dois, tarde demais para isso. Esta carta é um adeus. Nunca mais vou olhar para trás. Imagino que esta seja uma dádiva para nós dois. Prisioneiro e carcereiro libertos da tarefa de conviver. Não sei quem entre nós exerceu que papel. Sei apenas que você cumpriu com as suas obrigações. Agradeço cada centavo investido na minha educação. Graças a ela, sou negro, sou gay, sou culto e tenho orgulho disso. Por mais incrível que pareça, também devo isso a você. Então, meu muito obrigado e até nunca mais.
Bernardo.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Pequeno Príncipe Edição Pop-up


Eu ainda não tenho cara de fazer um vlog. Fico me imaginando fazendo meus mungangos típicos na frente de   uma câmera sem ninguém olhando. Ainda não tive essas coragens. Mas... Já venho assistindo e acompanhando a alguns. Um dos canais que eu acompanho é o Tiny Little Things da Tatiana Feltrin. Em boa parte das resenhas, eu concordo com ela, às vezes, acho a sua fala meio prepotente. Porém, também não posso reclamar, eu me acho bastante prepotente de vez em quando.

Em todo caso, estava assistindo resenhas por aí e fui ver a do Pequeno Príncipe feita por ela. Em geral, assisto resenhas de livros que ainda não li na intenção de comprá-los, eu já li O Pequeno Príncipe. Mas me interessei em saber o que ela tinha achado desse livro, principalmente pela sua visão adulta das coisas. Acabei me deparando com essa edição pop-up do Pequeno Príncipe ( você tem que assistir boa parte da resenha já que ela só mostra o livro no final). Gente, eu preciso desse livro aqui em casa AGORA!

Sério! Faz parte do meu projeto pessoal para o futuro: Crie Filhos Leitores e Melhore o Mundo. Já consigo imaginar as mãozinhas da pequena Beatriz (se um dia eu tiver uma filha, ela vai se chamar Beatriz) tateando essas figurinhas. Abrindo essas cartinhas. Ai meu Deus!!! Meu relógio biológico tá gritando por causa desse livro. Eu preciso desse livro. Preciso.

Não acho que O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry seja a melhor obra infantil já escrita. Nem busco resolver a minha vida abrindo e lendo trechos de páginas aleatórias como se tratasse de um I Ching.  Eu não faço isso nem com o I Ching, oras. Mas, vamos combinar, a história é muito linda! É de uma sensibilidade ímpar. Se você ainda não leu, leia enquanto a inocência ainda existe no mundo.

Então, fica a dica. Meu aniversário está chegando (06/04). 
O Pequeno Príncipe
Edição Pop-up - Editora Ediouro.

quinta-feira, 21 de março de 2013

100 livros em um ano de blog



Muita gente se faz esse desafio de ler 100 livros em um ano. Por um lado, eu penso que ler por obrigação de completar um número deve ser um saco. Por outro, entretanto, não sei se vai ser um sacrifício assim tão grande. Resolvi tentar sem pressão para ver no que é que dá.

Cem livros é bastante coisa. Uma média de um livro para cada três dias e meio. Com resenha no blog, é claro... Nossa Senhora dos Leitores Irrecuperáveis tem de me ajudar! 
Bom: regras do desafio.
Tentarei ler cem livros e fazer suas respectivas resenhas no intervalo de tempo entre 06/02/13 a 06/02/14. Por que você não começa em primeiro de janeiro como todo mundo? Você pode se perguntar. Primeiro, porque eu não sou todo mundo. É claro. Depois, porque eu já tinha lido uma pá de livros em janeiro e não acho que seria legal sair procurando por eles para fazer resenhas tanto tempo depois. Nesse dia (06/02), escrevi a primeira resenha do blog, portanto, acho que mereço um ano a contar dali para ler esses cem livros.
Regra número dois: Vale qualquer livro. Qualquer um que me dê interesse de ler. Pequeno, grande, infantil, espírita ou técnico. Então, não se espante se encontrar por aqui algum livro de Semântica ou Pragmática.

Veja o que eu já li e resenhei até agora:
  1. As vantagens de ser invisível - Stephen Chbosky - Editora Rocco
  2. Sábado à Noite - Babi Dewet - Editora Évora
  3. Lola e o garoto da casa ao lado - Stephanie Perkins - Editora Novo Conceito
  4. O Herói Perdido - Rick Riordan - Intrínseca
  5. Apaixonada por palavras - Paula Pimenta - Editora Gutenberg
  6. O Filho de Netuno - Rick Riordan - Intrínseca
  7. A marca de uma lágrima - Pedro Bandeira - Editora Moderna
  8. O Guia do mochileiro das galáxias - Douglas Adams - Editora Arqueiro
  9. Rosa e Túmulo - Diana Peterfreund - Editora Galera Record
  10. Contos de amor rasgados - Marina Colasanti - Editora Record
  11. Pobre não tem sorte - Leila Rego - Editora All Print
  12. Luna Clara e Apolo Onze - Adriana Falcão - Editora Salamandra
  13. Aquele Verão - Sarah Dessen - Editora ID
  14. Mariah Mundi - A caixa de Midas - G.P. Taylor - Editora Paneta Jovem

quarta-feira, 20 de março de 2013

Mariah Mundi - A Caixa de Midas

A caixa de Midas é o primeiro livro de uma série de três desse senhor (G.P. Taylor) sobre o universo do personagem Mariah Mundi. As críticas dizem que trata-se de um novo Harry Potter, não é, mas é bom ainda assim.

São tantas coisas para falar sobre esse livro que fico até sem saber por onde começar. Talvez pelo nome do personagem? Mariah? Fala sério! Fiquei o livro inteiro esperando que ele fechasse os olhinhos, colocasse a mão no ar e cantasse como a sua xará. Não aconteceu.

Penso que esse nome é tudo que podemos esperar de um autor que já foi pároco e integrante de banda de rock numa mesma vida. Ah os ingleses! Os ingleses...

Bem, passemos ao pequeno resumo do livro: Mariah acabou de se formar numa escola particular só para garotos e precisa arranjar um emprego. Claro, ele é órfão. Desde de Dickens não existem garotos ingleses em livros que não sejam órfãos. O rapaz consegue uma vaga no misterioso hotel de luxo o Príncipe Regente. Uma construção enorme incrustada num rochedo à beira mar com andares subterrâneos, passagens secretas e elevadores que funcionam a vapor. 

O ambiente sombrio de uma Inglaterra cinzenta é um dos ingredientes fundamentais dessa narrativa dinâmica. Junto com Sacha, uma jovem camareira de hotel, Mariah, que ganha o cargo de assistente de mágico, vai desvendar os mistérios dos cantos escuros desse hotel. E as coisas estranhas não param de acontecer: assassinatos no cais, bonecas que se mexem sozinhas, desaparecimento de garotos e até um Kraken. Gente, regra número um da literatura de fantasia: sempre respeitar histórias que tenham um Kraken.  

E se você pensou por algum instante que Mariah é um rapaz corajoso que sai em busca de aventura e por isso se mete em confusão, você está enganado. Mariah é um medroso de categoria. Entre fugir e se esconder ou encarar o perigo, pode ter certeza, ele foge e se esconde. A coragem e a falta de noção ficam com Sacha. E eu confesso que gostei disso nele, afinal, ele não tem poderes sobrenaturais. Convenhamos, se tem um cara maluco correndo atrás de você de madrugada num cais escuro, você faria o que?

Além disso, há certa mistura, pelo menos até a metade do livro entre o fantástico e o estranho (categorias propostas por Todorov) e não dá para sabermos se estamos num mundo de fantasia, com seres místicos e sobrenaturais ou se num livro de mistérios policiais. Esse é um fator positivo da narrativa também. Lá pelas tantas, o livro deslancha e você vai querer ficar sabendo mais sobre os personagens e o que eles são capazes de fazer. São personagens bem bacanas.

Posso dizer que gostei muito desse livro. Com certeza, lerei o restante da série e indico demais.

terça-feira, 19 de março de 2013

Leituras do mês de março

Com a viagem, minhas leituras de março estão meio comprometidas. Além disso, este mês, acabei escolhendo uns livros maiores,então, minhas resenhas não estão tão rápidas. De forma que resolvi falar do que ando lendo, do que ando postergando e do que andei comprando por esses dias...

Esse livro aqui do lado é o que eu estou efetivamente lendo. Na verdade, faltam pouco mais de 80 páginas, com certeza, termino ele hoje e amanhã devo fazer a resenha. Tá bem legalzinho.

Junto com ele, faz um tempinho já, estou lendo Incidente em Antares do Érico Veríssimo. Esse é um livro mais sério. Demanda um pouco mais de atenção, conhecimento e paciência. As noções de História do Rio Grande do Sul às vezes me faltam. Não consigo ler assim duzentas páginas seguidas. Por isso, vou parando. Mas eu chego lá. Também, quem é que diz que a leitura deve ter um prazo certo para começar e terminar?

Aqui em casa tenho pelo menos mais três livros para ler: 
Tequila Vermelha - Rick Riordan    


 O restaurante no fim do universo - Douglas Adams  
















Paz Guerreira - Talal Houseini 


















Esses três livros já estão aqui em casa esperando pelo momento em que a gente vai se encontrar. Será em breve, prometo. Não fiquem tristes, meus livrinhos! Mesmo sem conhecê-los direito: já adoro vocês!
Meus leitores devem estar pensando: só livros de menino na lista. Cadê os livros de menininha? A resposta é óbvia: estão chegando. Já comprei pela Estante virtual (endereço) esses aqui:
Fazendo meu filme - Paula Pimenta
Confissões de Adolescente - Maria Mariana (esse é das antigas: momento nostalgia)
A Seleção - Kiera Kass (Distopia: vamos ver se eu gosto)
A música que mudou minha vida - Robin Benway

Como podem ver, a Semana Santa aqui em casa promete. Só falta ir na Livraria Cultura com o Raphael e comprar um jogo de PS3 pra ele. Aí ninguém vê mais a nossa cara.

E continuando a acender velas para todos os deuses do consumo, ainda quero mais. Faz é tempo que estou tentando comprar esse livro aqui:
As melhores histórias da Mitologia Africana
Mas tá difícil, viu?
Comprei duas vezes pela Estante Virtual. São dois cancelamentos de pedido por falta de estoque. Na livraria ainda estou achando caro. Mas eu sou brasileira, não desisto fácil. Eu chego lá. em breve, eu pego esse danado também.

Gente, vou ficando por aqui, acho que deu para perceber que tenho algumas coisinhas para ler nesse feriado... Até!

segunda-feira, 18 de março de 2013

All Star

Nem acredito que cheguei na metade de All Star. O décimo terceiro capítulo pareceu durar uma eternidade (tem horas que as ideias empacam), mas o décimo quarto e o décimo quinto simplesmente fluíram.

Enfim, quando chego na metade de um livro, eu basicamente já sei tudo que vai acontecer. Basta só colocar no papel e escolher as melhores palavras. Tornar as cenas na minha cabeça reais. Demora um pouco, mas é a parte mais fácil. Pelo menos, eu acho.

E, também, chega a hora de pensar no próximo... Porque é preciso deixar certos ganchos nesse romance para que o leitor se identifique com a nova história. 

Já tive três ideias de continuação. Dessa vez, vou deixar vocês escolherem junto comigo quem continua depois da Mariana? Olhaí as pseudo-sinopses que preparei e seus respectivos protagonistas:

Sou dela – Ana Maria
Conhecer um pouco mais sobre a divertida melhor amiga de Vini. Ela está gostando de Pedro, o irmão de Mariana. Só que ele não é mais adolescente e já tem uma história prévia.  Além disso, os dois são muito diferentes, ele é certinho, ela é espalhafatosa. Será que daria certo?

Por onde andei – Bruna Drummond
A Bruna é uma personagem com muito potencial cômico, mas que ainda não deslanchou por causa do fato de estar num outro núcleo narrativo. Sendo ela a protagonista, pretendo mostrar como algumas mulheres só procuram os caras certos nos lugares errados.

Sei – Joaquim
Assim como em Pra você guardei o amor, neste romance, vamos acompanhar a visão de mundo principalmente a partir dos olhos de um rapaz. O Joaquim é um personagem novo de All Star, um sensível desenhista que vai ter um papel importante na história pessoal de Mariana. Ele gosta de uma menina muito especial que nem sabe que ele existe. E vai ter de enfrentar como rival nada mais nada menos do que Vinícios.

Além da ajuda para decidir quem será o próximo protagonista, preciso de alguém para ler a metade pronta de All Star. Alguém para me dizer como está ficando. Já falei antes, tenho um ego frágil... Alguém se candidata?

domingo, 17 de março de 2013

Inspiração de hoje


Hoje eu vou juntar isso tudo aí numa cena só de All Star...
Será que vai dar samba?
Nem o Chewbacca tá acreditando...

sábado, 16 de março de 2013

RELICÁRIO



Fazia pouco mais de três meses que estava nos Estados Unidos, as coisas começavam a fazer sentido em Yale. Certo que os primeiros dias foram terríveis com o frio abaixo de zero e as saudades que lhe corroíam por dentro. Saudades dos irmãos, da mãe, do pai, da avó, mas, principalmente, saudades dele. Saudades de Vinícios. Entretanto, agora, as temperaturas subiam com a proximidade do verão e os estudantes esticavam-se na grama, debaixo das árvores, com livros e namoradas para passar tardes inteiras estudando e trocando beijos. As cenas não eram mais tão deprimentes como no começo. O futuro já não se mostrava mais tão desesperador.
No fundo, sabia que tudo mais esperaria por ela do mesmo jeito. Ele não. Ele, cedo ou tarde, seguiria com sua vida. Estava se conformando. Não era justo pedir que fosse de outra forma. Pedir que alguém, que esperara por ela praticamente a vida inteira, esperasse ainda mais. Esperasse que ela conseguisse encontrar aquilo que buscava, quando nem ela sabia ao certo aquilo que buscava. Mesmo assim, ainda tentou argumentar, tentou pedir, tentou encontrar alternativas. Vini vetou todas.
No final do ano passado, ela não o entendera. Choraram os dois. Ela por pedir. Ele por negar. Ela queria um relacionamento à distância. Ele se mostrava inflexível, argumentava que o que tinham vivido não merecia um final assim. Na cabeça dela, não era um fim, era apenas uma pausa. Mais uma vez, ele estava certo.
O coração dos dois ficou do tamanho de um grão de arroz na despedida no aeroporto. A partir dali, não eram mais namorados. Como entender algo assim? Num instante, aquela pessoa é uma parte de você, como se fosse o seu sangue, um braço, um pulmão e, no instante seguinte, sem trauma, sem problema, sem nada, vocês estão separados. É como não ter mais sangue, não ter mais braço, não ter mais pulmão. A sensação é a de mutilação, mas, por fora, você ainda está completo. Por dentro, entretanto, fica um vazio imenso.
Teve de redescobrir a cada ação quem era ela depois dele. Com certeza, não era mais a mesma garotinha medrosa de tempos atrás. Definitivamente, ainda não era a pessoa que queria se tornar. Não tinha mais lágrimas para chorar quando chegou a Connecticut. Determinara-se a encontrar aquilo que buscava. E o que buscava, provavelmente, estava nos livros.
Não se abalou com a dificuldade das aulas, com o tamanho da universidade, com a bagunça da sua colega de quarto, ela estudou. Estudou tanto que não foi preciso nem dois meses para receber o convite para terminar os estudos ali. Se aceitasse, não ficaria mais um ano como o combinado, seriam cinco anos. Vini estava certo. Não era justo com eles terminar assim. Yale não era uma pausa. Era um novo começo.
Como prometido, evitava escrever. Vini queria um golpe só. Não tinha a menor vontade de puxar o band-aid devagar. Ela não conseguia. A cada novidade, era nele que ela pensava. Queria partilhar tudo. Queria que ele soubesse e ficasse feliz por ela. Mandou um e-mail. Vini respondeu. Eram palavras doces, mas não traduziam sorrisos.
Ela compreendeu que precisava se afastar. Os dois precisavam de tempo. Ela sofria com a falta dele. Ele também deveria estar sofrendo. Mas sofrendo calado. Dando o espaço que ela precisava para descobrir esse mundo novo que tanto buscava. Entendeu que, para ela, ao menos, tudo era novidade. Ele ainda frequentava os mesmos lugares, via os mesmos amigos, enfrentava os olhares de pena. Deveria estar pensando em tudo que viveram, em cada sorriso que trocaram, em cada pôr de sol na praia.
Vini era mesmo um príncipe encantado. Ela pensava que ele deveria ter lutado por ela, mas agora entendia que era preciso muito mais caráter para deixá-la ir. Estava tão feliz com suas conquistas acadêmicas que conseguia ver que ele não merecia carregar pela vida o peso de ter tirado isso dela. Eles eram tão jovens ainda. Tanta coisa para viver. Queria poder reencontrá-lo um dia, que ele estivesse montado do seu cavalo branco, esperando por ela. Mas a verdade é que há muitas outras princesas além dela no mundo. Despiu seu coração de todo o egoísmo e, pela primeira vez, desejou que aqueles olhos verdes encontrassem alguém para amar e ser feliz, que aqueles olhos verdes muito claros, ficassem claros por outro alguém, ainda que isso fosse lhe doer muito. Não escreveu mais.
Não até aquele dia.
Naquele dia, enfim, aceitou o convite de Diego. Diego era da sua turma de Química. Um porto-riquenho que, assim como ela, também conseguira uma bolsa de estudos. Diego era divertido, animado e extremamente inteligente. De longe, destoava da multidão de cabelos loiros que preenchiam as cadeiras da universidade. O entrosamento entre eles foi natural desde o primeiro instante. Estudavam juntos. Faziam dupla nos trabalhos. Ajudavam-se.
Diego com seu cabelo escuro, sua pele morena e seu sorriso franco, conquistava muitas meninas com seu jeito falante de latino. Ela, porém, só via o estudante brilhante que sempre a chamava de Maria, enquanto todos os outros a chamavam de Lucy. O rapaz, entretanto, era insistente. Estava determinado a conquistar um sorriso, um sorriso dela, da garota brasileira de semblante triste e mente brilhante.
 Convidava para todos os programas. Todos. Cinema, balada, biblioteca. Ela aceitava apenas os que diziam respeito a estudo. Mas ele tinha uma carta na manga. Seu aniversário era no final de março. Esse convite ela não poderia recusar. Realmente, não recusou. Ela sabia bem o que era passar um aniversário sozinha longe da família e dos amigos.
Foi um dia maravilhoso no meio das flores dos jardins. Fizeram um piquenique. Diego mostrou a ela seus lugares favoritos em Yale. Conversaram sobre sonhos. Ele queria ser médico na equipe dos Médicos Sem Fronteiras. Os olhos dela brilhavam de admiração. Diego era um cara corajoso, com certeza seria alguém admirável na vida. Estavam sentados nos degraus da biblioteca da área de saúde. Tomavam sorvete de chocolate. E foi então que Diego lhe deu um beijo. Um beijo gelado de sorvete. Um beijo totalmente diferente do beijo de Vini.
Ela precisou de um tempo para saber se aquilo fora bom ou fora péssimo. Vini. Vini. Vini. Era só nele que pensava. Seus olhos se encheram de lágrimas. Diego, sem entender nada, partiu para outro beijo, esse mais demorado. Se ela quisesse, que o dispensasse. Mas Maria não o dispensou, ela retribuiu o beijo. Agora, um beijo mais quente. Não o beijo quente de paixão de Vini. Mas um beijo que preenchia um pouco do vazio que ele deixara.