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terça-feira, 30 de abril de 2013

Resolvi encarar, e daí?

Como estou adiantada nas minhas leituras e estamos quase no começo do mês de maio, olhei para essa gracinha aí do lado e pensei que talvez a gente devesse começar a se conhecer melhor... Ontem, demos início a esta relação que deve vir a ser longa.

Esse livrinho tem apenas 609 páginas de puro amor. Então, acredito que eu vá demorar um tantinho a mais para terminar de lê-lo. Pelo que já andei folheando, imagino que a experiência vai ser das mais agradáveis. Sofrimento zero.

Porém, cria-se um contratempo: o blog como fica? Por um lado, ela termina de escrever All Star, além disso vai passar um tempão lendo o mesmo livro, desse jeito, acabam-se os posts. 

Nã nã ni nã não! Tá pensando o quê? Nada disso, esse blog não é para os fracos. Continuo com as resenhas, tá? Vou resenhar alguns contos desse lindão aí. Pretendo também continuar a escrever algum conto meu para Relicário vez em quando e dar as novas direções para o meu próximo romance, provavelmente: Por onde andei.

Então, fica ligado!

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Anna e o Beijo Francês

Coisa mais gostosa esse livro. Já virei fã da Stephanie Perkins, apesar do nomezinho meio brega, suas histórias são pra lá de fofas.

Terminei de ler esse livro hoje e estou com vontade de ficar abraçadinha com ele para ver se o encantamento dura mais. Anna e o Beijo Francês é o livro que antecede Lola e o Garoto da Casa ao Lado já resenhado aqui no blog anteriormente. Confesso que gostei mais da Lola, mas Anna não fica devendo em nada.

E a história de Anna, uma moça cujo pai ficou rico de repente e que a manda estudar por um ano em Paris numa escola para jovens americanos, um internato. Como os pais são divorciados, ela meio que encara essa atitude como afronta. Como é que pode? Tadinha dela, essa pobre infeliz, passar um ano estudando em Paris... Classe Média sofre!

Em todo caso, ela conhece novos amigos. E o principal é Étienne St. Clair, um misto de inglês, francês e americano. Achei cute cute eles dois. Achei mesmo. O problema é que St. Clair tem uma namorada. E não é canalhice dele não terminar com ela e começar logo um namoro com a Anna. Acontece que é um momento complicado, difícil para os dois encararem as mudanças e, além disso, que atire a primeira pedra aquele que não ficou num relacionamento por mais tempo do que deveria por medo de magoar e de sofrer.

Gosto da maneira leve como a Perkins escreve. É tudo muito gostosinho, as páginas passam numa velocidade incrível sem que você se dê conta. Um chick lit de primeira. Não sabe o que é chick lit? Segundo a Wikipédia: "Chick lit é um gênero ficção dentro da ficção feminina, que aborda as questões das mulheres modernas. Chick-Lits são romances leves, divertidos e charmosos, que são o retrato da mulher moderna, independente, culta e audaciosa". Cafonice a parte, são histórias de menininha. Anna e o Beijo Francês é super menininha! Adoro!

Gosto também dos personagens diferentes dela. Eles têm um quê especial. Eu acredito neles e nas suas idiossincrasias. St. Clair, por exemplo, é bonito e educadérrimo, bem francês mesmo, mas é mais baixo que a Anna e tem medo de altura. Já a Anna tem mania de limpeza e não consegue aprender línguas com facilidade. Em contato com eles, parece que já somos amigos de longa data. Quando a última página chega, dá uma saudade...

domingo, 28 de abril de 2013

Recomeçar

Estranho estar em casa e não estar escrevendo nada. Para quem ainda não viu o post, acabei de terminar All Star e estou agora no meio do nada, navegando para o infinito que o futuro representa... Poético. Talvez para alguns. Para mim é apenas a realidade.

A realidade de vez em quando dá uma chacoalhada na gente. Ontem foi um dia de receber essas chacoalhadas. Deparo-me com o fato de que seremos todos gente grande num espaço muito curto de tempo. Que, enquanto algumas se vão, outras pessoas estão chegando do lado de lá para nos fazer companhia e que elas serão nossa responsabilidade. E que coisa mais louca: comprar presentes para alguém que você nem conhece ainda, mas que já faz parte da turma. 

Personagens novos. Conhecer os filhos de velhos amigos. A sensação é tão parecida. A novidade assusta. Em todo caso, é preciso recomeçar... Até o Cazuza chegou a conclusão de que o tempo não para... E não para mesmo.

A papo tá meio filosófico, mas certas notícias deixam a gente assim. A ficha demora a cair. Pois é, a mudança começou e eu nem dei por mim. Fecho os olhos e ainda vejo a garota colocando as joelheiras para ir jogar bola. Ainda vejo as paqueras, ainda vejo as inseguranças, ainda vejo as certezas que só a juventude tem. Tá tudo muito vivo aqui dentro. Daí eu abro os olhos e eu tenho um marido e contas que vêm com o meu nome.

Falando assim, parece que isso é ruim. Não é. É ótimo. Adoro pagar contas. Adoro a presença do Raphael, adoro mais ainda não ter de me despedir dele no domingo à noite (o que era horrível!), adoro ter a minha casa, meu carro e minhas vontades atendidas. Ser adulto é muito bom em inúmeros sentidos. Mas rola um certo desconforto de vez em quando. 

É meio como se a adolescente que vive em mim estivesse debaixo da minha pele usando uma roupa muito grande. Ela busca sair, vez em quando vemos seus braços torneados de jogadora de voley ou sua cabeça sonhadora. Ela me olha refletida no espelho e não se conforma, passou tudo muito rápido. Quando a gente estava entendendo as regras do jogo, fomos lançadas nesse universo adulto onde o jogo é completamente outro e nós ainda não conhecemos quase nada. Vida injusta. Ainda tínhamos tantas aventuras para viver...



Resolvemos esse problema de duas forma: ensinando e escrevendo. 

Minha profissão, que é meio vampirismo mesmo, junto com meus alunos, sinto como se vivesse um pouco das histórias deles. Nem todas são bonitas, nem todas são emocionantes. A vida também não é assim, só feita de grandes histórias. Mas, à distância, adoro acompanhá-las e revivê-las como se fossem minhas. O primeiro amor, o primeiro fora, os caras tão bacanas que as meninas não conseguem ver, as meninas tão tímidas buscando romper esteriótipos e sendo mais estereotipadas ainda. Além disso, tem as gírias, as manchas de menstruação, os foras, os ficas, os mungangos, as fotos no espelho, as risadas altas, as idas ao shopping, a certeza mais errada do mundo de que se é original aos dezesseis anos... Amo muito tudo isso. E amo mais ainda poder mangar dessas situações de uma nova perspectiva.

Tudo isso é material humano. Eu e minha adolescente particular aproveitamos tudo para a nossas novas aventuras. Agora, elas começam na nossa cabeça e vão para o papel. As histórias podem começar até na realidade e ganhar o mundo. Outro dia, por exemplo, nós nos pegamos muito interessadas num casal que se formava dentro da sala de aula. Duas turmas diferentes da escola na mesma sala. Ela, menina linda, vaidosa, amigona, girl power total, estilo cabelão e atitude. Ele, músico engraçadinho, cinto Rock And Roll, muita presença, muita bossa e muita insegurança. Assisti feito novela às fofuras dele, à submissão dele abandonando os amigos de gracinha, à delicadeza dos gestos dos dois tocando-se e descobrindo-se encantados com as novas possibilidades. E, na saída, enquanto todos iam embora, ele perguntou se ela não queria ir beber água (leia-se aqui: cantinho mais escuro da escola) e ela foi.  Como um olho treinado como o meu vai deixar um negócio desses passar? Como não transformar em palavras? Como?

Claro que esse lance aí foi só um fica e nos meus livros ia ser amor eterno. Entenda, o papel não transmite todas as sensações dessa fase da vida. As palavras são limitadas, elas não têm cheiro, nem gosto, nem fazem o coração bater depressa. Por isso, eu me permito exagerar. Licença poética, tá! Vários alguéns já me disseram, por exemplo, que todos os personagens das minhas histórias são lindos. São mesmo. Na adolescência, não existe meio termo. Ou é lindo ou é o ó! 

Além disso, se vamos imaginar, porque não nos permitir imaginar gente linda? Detesto esse politicamente correto que faz parecer que ser bonito é errado. Não é! Acho que meus personagens têm defeitos. Vinícios é obsessivo, André é manipulador, Milena é orgulhosa, Mariana é estourada... Mas, aos olhos dos seus pares, eles são todos lindos e perfeitos. Que mal há nisso?

De alguma forma, nós sempre somos lindos para alguém.

sábado, 27 de abril de 2013

Olhos de Cão Azul

Sábado de mais poeira aqui em casa... Colocamos mais umas tomadas e um lustre na sala. Eu, gripada que os olhos ficam caídos, recebo de presente uma faxina. Graças a Deus, meu macho estava disposto e fez a maior parte.

Em todo caso, quando finalmente me deitei, criei coragem e encarei de frente os Olhos de Cão Azul. Para começo de conversa, quero dizer que o que eu já li nessa vida do Gabriel García Márquez foi surpreendente, apesar de Amor nos Tempos do Cólera não ter me marcado muito, os Cem Anos de Solidão foi meu livro adulto favorito por muito tempo, até que eu li Grande Sertão:Veredas do Guimarães Rosa. Ainda guardo os Cem Anos com carinho na memória porque foi este livro a minha primeira experiência adulta com a leitura.

Posso dizer que esse colombiano sabe mexer com a condição humana como ninguém. E o interessante é que ele faz isso trabalhando com aquilo que nós não compreendemos, o inumano, aquilo que não está no cotidiano, ou está, sei lá... Nós apenas não conseguimos perceber com nossos olhos mundanos.

Olhos de Cão Azul é um livro de contos que não foge a regra em se tratando de García Márquez. Entramos nos seus universos fantásticos e humanos ao mesmo tempo, as barreiras não estão exatamente claras entre os mundos, tudo se confunde dentro destes universos, realidade e ficção. Difícil é sair deles. Literatura adulta é assim: difícil de digerir. Você lê um conto e se sente desconfortável. Principalmente quando a temática que os une é a morte.

Ando meio sensível com relação à morte. Talvez, porque ela anda nos rondando nos último dias. Sei que ela é uma amiga, mas mesmo assim, ela sempre vem acompanhada da saudade. E dessa segunda eu não sei ainda se gosto tanto. Por isso, encarar essa capa aí não foi tarefa nada fácil. Mas, quer saber, estou até me sentindo melhor.

O realismo fantástico de García Márquez é algo que só quem já leu é capaz de compreender. Inútil tentar descrever a delicadeza da escolha de palavras, o quão real o impossível está descrito ali. A sensação que tenho é a de descer uma escada em espiral, a cada volta, o mundo real parece fazer menos sentido e o mundo imaginário se faz realidade. É uma EXPERIÊNCIA com todas as letras maiúsculas no mundo da linguagem literária. Portanto, isso é para os fortes. 

Em palavras mais claras, se o Chorão foi um poeta para você, nem se atreva a abrir um livro desse homem. Pode ser que ele lhe ensine algo mais do mundo do que você consiga apreender...

Sobre alguns contos, temos um fantasma que pensa em encarnar uma gata para chupar uma laranja, temos um homem cujo reflexo no espelho parece se mexer numa velocidade menor do que a dele, temos um irmão gêmeo sentindo a morte através do corpo do outro gêmeo, entre outros. E o meu favorito, o conto que dá nome ao livro, onde um casal se encontra apenas em sonhos por anos. Ambos esquecem-se do outro ao acordar. Procuram-se pelo mundo real através dessa expressão: Olhos de Cão Azul. Dá para não admirar uma criatividade dessa?

Ah! Quem dera ser Dali para retratar a mente de García Márquez!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Terminei...

São quinze para as cinco do dia 26 de abril e acho que acabei de escrever All Star. Ainda vou dar várias olhadas nele, mas depois, que agora eu tô cansada. Exaurida. De escrever, de ficar gripada (tô gripadona) e de fazer faxina (hoje, finalmente, instalaram o ar condicionado aqui de casa. Haja pó. Sobrou pra mim).

Para quem quiser, os amigos claro, o texto já está disponível  para leitura. Dessa vez, só vou divulgar aqui no blog que terminei. Uma forma de homenagear a vocês que estão nos visitando todo dia. Então, se você quer ler All Star, comenta aí embaixo e pede.

Fico felicíssima de saber que já são em média trinta acessos diários. Muita gente acompanhando casualmente e 10 seguidores. Gente, bem mais do que eu esperava para pouco mais de dois meses de blog.  O "sucesso" é tanto que ultrapassamos as 2000 visitas! 2000 muito obrigados para você que acompanha que se empolga que comenta e que sugere.

E vamos que vamos nessa caminhada rumo à publicação!

Com relação às resenhas, tô lendo aqui. Mas acabei pegando uma sequência de livros adultos e esse tipo de leitura toma um pouco mais de tempo. Logo, logo sai a resenha de Olhos de Cão Azul do Gabriel García Marquez. E já chegaram mais dois livros aqui em casa ontem diretinho da Estante Virtual: Anna e o beijo Francês e Os Cem Melhores Contos da Literatura Brasileira. Duas delícias, então, em breve tem mais.


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Para Tudo!!!

Começa hoje o fim de semana para mim já que amanhã eu não trabalho!
A partir de agora tá tudo parado: blog parado, leituras paradas, até o casamento tá no modo silencioso...
As coisas só voltam a funcionar quando eu terminar de escrever All Star.
A gente se fala em breve então.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Dia do Livro

Ontem foi dia de celebrar mais uma dessas datas esdrúxulas que o facebook cria/avisa. E a celebração de ontem foi extremamente relevante para nós. Só que eu nem falei nada...

Bom, em poucas palavras, ontem foi dia do livro!! Ueba!! Como se isso fosse relevante para a maioria da população... Em todo caso, eu resolvi roubar esse gráfico aí que mostra os 25 livros mais marcantes que os brasileiros já leram.

Gente, em termos de leitura, não dá para levar a sério o nosso povo. Nós jogamos futebol bem melhor do que lemos, e olha que nosso futebol não vai bem das pernas. Como professora de Português posso afirmar isso com categoria.

Hoje, pensei em compartilhar com vocês os livros da lista que eu já tinha lido, mas essa lista é tão óbvia, que é melhor falar do eu não li.

Bom, para começo de conversa: eu não li a Bíblia toda, nem pretendo. Muito menos li "A cabana" ou ´'Ágape" ou "Bom dia Espírito Santo" ou "O Segredo", não sou muito de livro com fins religiosos e clima de autoajuda. Mas, se você gosta... (Alguém deve gostar, e muito, porque a lista está recheada deles). 

Dessa lista, de temática religiosa, eu só li "Violetas na Janela" que é um livro espírita sobre uma moça que desencarna muito jovem e vai explicar como foi sua chegada do lado de lá.

"O monge e o executivo" que não é religioso (talvez seja, não faço ideia), não li por conta de ser de autoajuda. Ele me parece lidar com finanças e organização pessoal. Para ser sincera, já não gosto desse estilo e não preciso de ajuda nesses quesitos. Estou passando...

Também não li "O Alquimista" do Paulo Coelho. Ainda não vi interesse no Paulo Coelho. Para mim, ele tem qualquer coisa de brega que não seduz. Já "O caçador de pipas" tem a maior cara de literatura para quem não gosta de literatura, como "A menina que roubava livros" que eu já resenhei por aqui. Mas, não me desagrada de todo. Quem sabe um dia...

O restante, pasmem: li todos! O que não surpreende em muita coisa visto que pelo menos 4 são contos de fada. Pois é, até "Crepúsculo" eu li. Não gostei, mas li.

O meu favorito dessa listagem, com certeza, é "Vidas Secas". Nossa! É um senhor livro. Eu recomendo. 


terça-feira, 23 de abril de 2013

Divagações de uma autora no final de um romance...

Hoje, dia de planejamento na escola, fiz tudo que deveria fazer e depois fui encarar o meu terceiro romance.

All Star está na sua reta final. Terminei o vigésimo terceiro capítulo e acho que este livro vai chegar no máximo ao capítulo vinte e sete. Estou naquele momento em que a gente decide muita coisa. Sei lá! Já está me dando uma saudade da Mariana...

Essa ruivinha ganhou meu coração com cada uma das suas manias geek. Cada referência dela é uma parte de mim mesma, da minha infância, dos meus amigos. Ainda não sei se vou conseguir me despedir. Por um lado, sei que finalizar essa história é entregá-la para o mundo. Que tem gente bastante ansiosa para conhecê-la, para ver que bicho dá. 

Porém, é uma coisa muito gostosa esse momento que antecede o final de uma história. Por enquanto, somos eu e ela. Eu, meio Deus, tenho o destino dessa garota em minhas mãos. Mas não penso muito assim. Penso que somos só eu e ela para resolver todos os problemas do caminho. Nesse instante, nós somos grandes amigas e na minha cabeça estão todas as coisas que ela diria. Mari tem vida própria.

Mas ela tem também um dilema. Com quem ela fica no final? São três opções: DarkSideGeek, André ou Guilherme. Para ser sincera, nem eu mais sei qual é a solução. Estou confusa. Acho que tanto ou mais que Mariana. Todos têm vantagens, todos têm defeitos.

DarkSideGeek é o desconhecido, é o novo, é o surpreendente e inusitado. Ele seduz, mas pode ser apenas um canto de sereia.
André é o grande amor de menina, mas que não corresponde, que confunde, que machuca.
E Guilherme é a certeza, o carinho, a consideração, porém, não é dele que ela gosta.


Além de resolver esse dilema, é chegado o momento de dar a cara a tapa. Começa a surgir um medinho. Medo que vocês achem minha história muito óbvia, ou pior, que nem a compreendam, nem se surpreendam. Medo de que vocês não se emocionem com as cenas que na minha cabeça são fofas. Que as achem brega. Que não escutem as músicas que tocam na minha cabeça nessas cenas e que isto faça muita falta no clima...
Ai! É a insegurança chegando.

Bem, se isso acontecer, se vocês não gostarem de nada, já vou logo me justificando: pelo menos eu tentei. Estou gostando muito dessa história e do rumo que ela tomou, embora já comece a pensar na próxima. Espero de coração agradá-las, minha queridas amigas leitoras.

Em todo caso, antes de terminar o livro, (Juro. Falta pouco!) preciso falar do quanto adorei conhecer a Mariana. Ela e Vini são meus personagens favoritos sem sombra de dúvida. Vini por ser tão zeloso, tão presente. Mari por ser explosiva e criativa. A garota é uma fortaleza e eu a admiro por isso.

Digo-lhes, meninas, que este é o livro mais leve dos três. O mais menininha também. Porém, Mari e seus problemas me ajudaram a tocar em assuntos que me interessavam demais. Acho que cumpri meus objetivos para esta obra: mostrei um outro lado do André, apresentei novos personagens, terminei um relacionamento que não poderia ir mais para frente sem drama, falei sobre sexo da maneira que acho que tem que ser, enfim, mostrei mais uma faceta da adolescência. Falei da eterna mudança, mas, principalmente, falei sobre valores de caráter que permanecem para sempre.

Daqui uns dias vocês conferem, tá?

segunda-feira, 22 de abril de 2013

As Melhores Histórias da Mitologia Africana

Quem me conhece direito sabe do meu fascínio por Mitologia Grega. Durante boa parte da minha adolescência, estive encantada com os mandos e desmandos de Zeus e os Olimpianos. 

Em verdade, até meus alunos percebem como este é um dos meus temas favoritos. Todos os anos, conto nos finais das aulas, um pedaço da envolvente estória de Eros e Psiquê.

A Mitologia Grega, com certeza, é a minha favorita, Adoro como os mitos se relacionam uns com os outros numa cadeia lógica imensa. Isso, porém, não significa dizer que não me interesse pelas outras mitologias. A Nórdica e a Egípcia, por exemplo, também já fizeram parte dos meus estudos anteriormente. A Mitologia Africana, entretanto, como tudo que diz respeito a este continente, acabou negligenciada.

Ano passado, enfim, assisti a uma palestra sobre o universo dos orixás e isso despertou meu interesse. Desde então, venho buscando ler alguma coisa a este respeito e não me arrependi. É um conhecimento milenar de cultura oral, portanto, às vezes pode parecer confuso. O que é um traço dessa oralidade, muitas bocas, muitas versões. Porém, é extremamente interessante adentrar esse mundo de antepassados tão distantes e tão próximos. Afinal, diferente dos gregos, vários valores desta mitologia ainda estão vigentes hoje.

Este livro da Editora Artes e Ofícios faz parte de uma série que circula pelas mitologias do mundo inteiro. Há um exemplar para Mitologia Celta, outro para a Grega, outra para a Japonesa. Fica a gosto do freguês. Os autores, Franchini e Seganfredo são super bem humorados e recheiam com humor algumas das lacunas que a oralidade deixou, além de serem até didáticos na comparação das entidades para familiarizar o leitor com esse universo novo.

Os contos são curtos e, como todo mito, explicam fenômenos da realidade africana como as frequentes secas ou o surgimento de paisagens. Neles, é comum ver duas ou mais versões para um mesmo acontecimento, afinal, a Mitologia Africana tem base oral, o que dificulta a cristalização de uma única versão para os fatos.

Diferente da Mitologia Grega, nós nos deparamos com uma infinidade de entidades sobrenaturais em todos os lugares. Ora essas entidades agem como humanos, ora são deuses que participaram da criação do universo, é até difícil acompanhar. Além disso, em algumas histórias as entidades mudam de sexo, às vezes são entidades femininas, em outras, são masculinas. Com o perdão do trocadilho, é um samba do crioulo doido. 

Mesmo assim, é bem legal conhecer Xangô, Ogum, Oxum, Iemanjá e Oxalá entre tantos outros. Bom também ver outros valores de beleza. A beleza negra valorizada. Mas, no final de tudo, estamos diante dos valores humanos de todo jeito. Os mesmos valores que movem o mundo inteiro. Dinheiro, poder, sexo.

A linguagem desse livro é bem didática. Eu indico. Para mim, que não conhecia muita coisa, foi ótimo. 
Se você, porém, já conhece algo sobre o assunto. Talvez prefira um texto mais elaborado. 

domingo, 21 de abril de 2013

RELICÁRIO


Alice nunca temeu um resultado. Estava ciente das consequências de cada escolha que fizera na vida. Mas ali, sentada em seu banheiro, diante do exame mais importante de todos, um resultado a assustava como nunca antes algo fora capaz de fazê-lo. Naqueles minutos de solidão, um filme bem particular, que tinha ela mesma como protagonista, passava na sua frente.
Ela não tivera os pais mais fáceis do mundo. Foi o medo que os ensinou a amar. E o medo não é um bom professor para uma lição dessas. Alice era filha única. Quando criança, tivera uma doença grave. Os médicos disseram que não resistiria, mas o organismo respondeu e ninguém ainda sabe como. Crescer fora um milagre inexplicável. Sua presença era a memória viva de um presente de Deus. E isso deu origem a um amor tão grande que sufocava. Que preenchia todos os espaços. Que não conhecia nenhum limite. Nem mesmo os dela.
Diferente dos pais, que viviam a se prevenir da morte numa mistura de fé, medo e cuidados, Alice tinha uma vontade extrema de conhecer a vida. Ela zombava da cara do medo e seu único cuidado era aproveitar o tempo. Sentia como se houvesse recebido uma segunda chance. Perder-se do objetivo de viver somente do que lhe agradasse era um desperdício do qual não conseguiria se perdoar jamais. Este era o seu testemunho de fé: viver com saúde.
Por isso, apesar da insistência dos pais, queria se formar, queria ser professora, queria ler todos os livros do passado, queria se apaixonar, queria ir ao cinema, queria namorar até tarde e depois dançar na chuva. Queria o tudo com extrema paixão. Aliás, Alice só sabia fazer alguma coisa com paixão. Passeava por todos os cantos com uma felicidade incomparável, ela era apaixonada pela existência nesse mundo. Estava viva. A maioria das pessoas não conseguia compreender o quanto isso era maravilhoso. Ela conseguia.
Sem se dar conta de como, apaixonou-se por Artur, companheiro de infância. E aquilo foi tão bom quanto à notícia da cura. De repente, cada sorriso era mágico. Cada toque tinha centenas de significados. E o beijo, quando aconteceu, a levou para um outro mundo totalmente desconhecido. Artur era lindo. Dentes de uma brancura angelical que se encaixavam no sorriso perfeito. E ela perdeu a conta de quantas vezes viu estrelas refletidas nos olhos do amigo.
Mas aquilo ali não era amor.
Não o tipo de amor que une duas pessoas num emaranhado de significados inexplicáveis.
Até aquele momento, era jovem demais para compreender o sentido do amor.
Até ali, foram apenas meninos e beijos e sexo.
A vida era uma grande amiga de Alice. As duas se conheciam muito bem, lutavam com todas as forças para permanecerem juntas. A vida a estava ensinando mais uma vez o verdadeiro valor das coisas. O resultado deu positivo. Alice estava grávida. Ela acabara de completar dezenove anos.
Ela sentou no chão frio no banheiro com aquele resultado na mão. Podia fingir que não acreditava nele, mas seria perda de tempo. Ela não suportava perder tempo. Além disso, seu corpo já dizia tudo que precisava saber: estava grávida.
Olhou para baixo e imaginou a barriga crescendo, seu bebê mexendo dentro dela, a dor nas costas, a dificuldade para encontrar posição para dormir, os seios tão inchados de leite que nem caberiam mais nos seus sutiãs. Sentiu a dor do parto e a alegria de conhecer o menino que se chamaria Pedro. Pedra definitiva. Uma certeza. A única decisão a ser tomada. Uma decisão da vida.
As lágrimas rolavam pelo seu rosto, eram lágrimas de felicidade. Ela, que não podia estar viva, seria mãe. Zombou da cara do medo mais uma vez, não porque tivesse muita coragem, mas porque não sabia sentir mais nada além de amor. Não pensou na sua velha e conhecida doença, não pensou na cabeça retrógrada dos pais, não pensou nas circunstâncias na qual aquela criança fora gerada, não pensou no dia após dia daquela sua barriga crescendo. Ela pensou em Pedro.
E Pedro foi o seu primeiro grande amor. E um amor desses não precisa de palavras. O menino (ela sabia que seria um menino com a mesma certeza com a qual sabia que recebera do divino uma breve segunda chance) era um presente da vida, sua melhor amiga.
Depois, claro, pensou em Mário e seus olhos confusos. Pensou naquela noite, um mês e meio antes do resultado. Os dois se entregaram de uma forma que ela não imaginava que ele fosse capaz. Mário, assim como a vida, tinha seus mistérios, Alice se lembrava de ter pensado nisso enquanto cochilava deitada no abraço dele.
O rapaz tímido que a encantara com suas palavras tão precisas, sua lógica determinista e suas ambições sem nenhum sentido fora um amante surpreendente. Ele não tirou os seus olhos dos olhos dela durante toda a noite. E não fora estrelas que ela vira naqueles olhos, fora admiração verdadeira. Mário era de verdade.
Alice o levara a festa como amigo. Ela o apresentara a todos. Mário não falou com ninguém, nem com Adriano que falava com todo mundo. Estava acuado no canto, inofensivo, talvez mendigando a atenção dela, seguindo-a com o olhar. Por isso, não poderia prever que a festa na casa de praia dos seus pais terminaria com um murro na cara de Artur. Foi um alvoroço. Os amigos chocados com o comportamento do estranho.
Poderiam ter desconfiado do fato de Adriano não ter defendido o irmão. Mário poderia ter se defendido das acusações. Mas as pessoas não fizeram isso, elas apenas socorreram o simpático e rico Artur Leal, enquanto lançavam olhares acusadores para Mário.
Alice foi encontrá-lo sentado na beira do mar tantas horas depois. A casa estava vazia. As pessoas tinham ido embora. A essas alturas, ela já sabia os motivos de Mário. Ela conhecia bem as grosserias de Artur, principalmente quando bebia demais, principalmente quando se sentia ameaçado. Mário era uma ameaça para Artur. Uma ameaça a perder a posse de Alice. Pelo menos, foi assim que o amigo enxergara. Ela era louca por Artur e ele sempre soubera disso. Artur brincava com seus sentimentos. Tinha medo de se envolver com a amiga com quem brincou e por quem chorou tantas vezes.
Nunca antes aquilo a incomodou. Estava mais do que acostumada com um amor que não sabe amar sem medo. Naquele dia, entretanto, parecia que Artur não lhe servia mais, que a estava apertando, que prendia até sua circulação sanguínea. Mário e a imensidão do mar a atraíam. Sentou-se ao lado dele. No mínimo, devia algo àquele rapaz. Ainda que fosse apenas uma satisfação.
Não disseram nada. Em algum momento, Mário, o tímido, o acuado, apenas a puxou pelo pescoço e a beijou. Não foi tão bom quanto o beijo de Artur. Nem foi tão fácil compreender aquele coração quanto o do amigo de infância, mas foi real. O sentimento de Mário era tão material quanto ele mesmo. Mário não tinha dúvidas ou restrições. Ele estava se entregando a ela sem medo. Aquilo a encantou.
O beijo terminou na cama.
A cama começou uma nova história: a história de Pedro.

***

sábado, 20 de abril de 2013

Histórias Maravilhosas


Sábado difícil aqui em casa. Eu trabalhei que só: dez aulas. A garganta queimando. E o Raphael, coitado, só resolvendo pepino de obra, mas, finalmente, apesar de ele ter adquirido um senhor galo na cabeça, pelo menos a instalação elétrica necessária para colocar o ar condicionado foi feita.

Então, estamos eu e ele mortos com farofa nesse fim de sábado e o domingo promete ser de merecida morgação. Pensei em deixar o blog para lá e ir dormir, afinal, poderia muito bem escrever o post de hoje só amanhã, mas achei melhor fazer logo isso. Faz dois dias que eu não escrevo e até me dá certa paz colocar vocês em dia com as minhas leituras.

Terminei de ler Histórias Maravilhosas de Truman Capote. Mais um livro para a minha coleção de livros adultos deste ano. Achei a proposta interessante, trata-se de um livro de contos. Três contos, para falar a verdade: Uma recordação de natal, O visitante do dia de ação de graças e Bonequinha de luxo. No caso, todos os três contos giram em torno do mesmo personagem em diferentes fases de sua vida e da importância que algumas pessoas tiveram nessa trajetória.

Nos dois primeiros contos, encontraremos o personagem principal, que também é o narrador, ainda na sua infância. Não sabemos ao certo como ele chega a esta situação, mas veremos como ele é especial desde cedo, sendo criado por primos distantes com idade de serem seus avós. É emocionante acompanhar a amizade do menino com uma de suas primas, que apesar da velhice, parece ser mais infantil do que ele em alguns aspectos. São personagens muito humanas e me levaram a refletir sobre alguns aspectos particulares da minha própria infância, não de um jeito triste, apenas de um jeito melancólico.

O terceiro conto dá nome a um filme famoso estrelado pela elegantíssima Audrey Hepburn. Lá acompanharemos o mesmo personagem masculino, agora já maduro, morando em seu apartamento e retratando seu convívio com a inusitada Holly Golightly, sua vizinha. A moça, bem mais jovem que ele, tem uma vida totalmente diferente de todas as outras que ele conheceu. Apreende-se do enredo que ela é uma prostituta de luxo, mas esse não é o foco da narrativa. 

Capote, de maneira definitivamente maravilhosa, faz-nos adentrar no universo próprio de Holly, onde, mesmo diante de todas as feiuras do mundo, existe também a felicidade. Ainda que para isso seja necessário  construir um mundo completamente diferente do real. Um mundo de café da manhã em lojas caríssimas de jóias. Afinal, nada de ruim pode acontecer dentro da Tiffany's. 

Nada mais humano do que fugir para um outro mundo. Fazemos isso desde pequenos e continuamos a fazer quando adultos imaginando férias em Jeri em pleno expediente.

Livro e filme, quanto a conto número três, são bastante fiéis um ao outro. Pelo menos, o tanto que eu me lembro. A não ser talvez pelo tipo de amor que existe entre Holly e o personagem principal do qual nós não temos certeza do nome, ele só é chamado por apelidos o livro inteiro. No filme, trata-se de um par romântico. Um homem maduro fascinado por uma moça meio desmiolada. No livro, também é amor, mas é outro tipo de relação, é mais uma amizade forte. O personagem masculino chega a declarar-se apaixonado, mas, em momento nenhum, percebe-se amor carnal, é algo meio fraterno. Ele a admira demais.E a recíproca é verdadeira.

Em algum lugar, vi que o homem é homossexual. Talvez seja. Isso explicaria muita coisa. Embora essa referência não fique explícita, de fato, pode-se chegar a essa conclusão de forma sutil. Se pensarmos dessa forma, os sentimentos trocados por Holly e o protagonista são ainda mais puros ao meu ver.

Enfim, gostei muito da leitura de Capote. Personagens extremamente humanos. Tipos diferentes do comum e uma sutileza cativante. 

Eu indico. Livro e filme.


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Trecho de capítulo I de Do seu Lado

Nossa! Como tem gente nova visitando o blog. Tô super feliz com a presença de vocês, viu? Meu tapete vermelho para vocês que é meu visitante ilustre.

Bem, mas nessa brincadeira, tem muita gente que talvez nem saiba que este não é apenas um blog de resenha de livros. 

Em verdade, o blog surgiu da necessidade de mostrar meus textos autorais. Eu já escrevi dois romances e estou na última parte de um terceiro, nenhum deles foi publicado ainda. Continuo sonhando que isso será possível um dia.

Aqui no blog, você pode encontrar tanto trechos dos meus romances (vou criar uma tag para eles) quanto contos, os contos estão com a tag Relicário. Vai lá, dá uma lidinha, quem sabe você não curte meu estilo romancista de ser?

Bom, nesse post, vou colocar mais um trecho. O trecho inicial do meu primeiro romance: Do seu lado. é bem assim que o livro começa.

***

Mais um ano que se foi, mais uma vez a vontade que ficou. Essa história de ser a menina quieta do canto da sala já tinha de ter acabado há tempos. Talvez na sétima série. Mas ainda está durando e pelo jeito vai terminar o colégio sem mudar.
Terceiro ano e continua a mesma, só que agora vai prestar vestibular. Você tem mais um ano, nada mais que um ano para provar quem realmente é. Você tem de sair da prisão onde se meteu sozinha.
Está na hora! Acorda! Vamos tomar as decisões diárias.
Maria Lúcia acordou com a impressão de que não se deve levar a sério aquela história de o travesseiro ser o melhor conselheiro. O seu muitas vezes a deixava assustada. Que coisa!
Deu um jeito no comprido cabelo castanho. Viu em cima da cadeira o vestido separado para a festa de final de ano, simplesmente o ignorou como preferiria fazer com a festa inteira. Dirigiu-se ao banheiro e enquanto escovava os dentes, lembrava-se das palavras categóricas da diretora: “Nada de faltar, Dona Maria Lúcia. A senhora sabe muito bem o trabalho que dá para organizar estas festas, o quanto demanda do nosso tempo e dinheiro. Tudo por vocês, alunos. Não quero que falte nenhum dos homenageados da noite, principalmente a melhor aluna. Olhe lá. Já falei com seus pais. Por favor, não invente nada.” Dona Cecília era uma boa amiga, sempre fez de tudo para deixá-la à vontade. Malu não poderia decepcioná-la.

***

Tomar banho, se vestir. Jamais conseguiria ficar bonita como as meninas do colégio. Nisso a escolha do Santa Inês fora infeliz. Aquele colégio mais parecia uma agência de modelos, cada menina mais linda do que a outra, sem falar em toda aquela sofisticação que uma caipira como ela nunca poderia acompanhar.
Sobre a cama o vestido preto emprestado pela mãe a esperava. Básico e de um tecido que se moldava ao corpo. Não teve a coragem necessária para vesti-lo. Pegou o inseparável vestido amarelo no guarda-roupa.
Isso mesmo! Vai com o amarelo. Ele combina com você, sua medrosa! Fingiu não escutar os próprios pensamentos. Sabia que não tinha o corpo necessário para preencher o vestido preto.
Quando é que você vai olhar no espelho e se enxergar, menina? Você é perfeita! Olha essa cinturinha. Será que você pode me ouvir somente desta vez? Este vestido amarelo é pra quem tem doze anos.  Aos dezesseis, você pode ousar um pouco mais. Decidiu concordar temporariamente com essa insistente voz interior.
Soltou o cabelo, trocou de vestido e passou um batom. Encheu-se de coragem e encarou o espelho. Pela primeira vez em muito tempo, achou-se bonita. Pena que ainda usava aquele aparelho a lhe prender o sorriso.
De repente, volta a si. Ela não era aquilo refletido no espelho. Ela era a Maria Lúcia, menina tímida e sem jeito que não deveria usar uma roupa daquelas nunca. Vou trocar de novo. Nossa, são sete e meia! Ai meu Deus!
Não deu tempo, a mãe batia na porta. Ia deixar Malu na festa e depois sairia com Otávio. Tinha pressa. De maneira que Malu não teve outra escolha senão pegar a bolsa e ir.

terça-feira, 16 de abril de 2013

O Teorema Katherine

Estou apaixonada por John Green.
Se ele não fosse casado e eu também, tenho a mais absoluta certeza de que nós poderíamos viver um felizes para sempre digno de contos de fada. Juro!

Esse homem é fofo que dói! Mas dói no bom sentido!

Ao contrário de A culpa é das estrelas, o tema de O Teorema Katherine é suave e despretensioso. No livro não tem doença, não tem problemas enormes, temos apenas adolescentes com problemas típicos de adolescente. Bem, na verdade, é quase isso.

O Colin, personagem principal, é um jovem prodígio. Porém, ele sofre  com esse estigma desde criança. suas metas são muito altas e ele tem esse projeto de ser alguém para a humanidade que não é uma bandeira fácil de carregar. Só por isso, já me identifiquei com ele. Não que eu seja um prodígio, mas venho de uma família de pessoas bem sucedidas na área acadêmica e, bem, isso gera certa pressão e um enorme medo do fracasso.

Além disso, o outro fato curioso do enredo é que Colin só namora Katherines. Ao todo, são 19. Elas surgem e desaparecem com uma velocidade impressionante. A última Katherine acaba com o coração de Colin e o deixa sem saber direito o que fazer no verão que antecede a ida para a faculdade. Então, Colin e Hassan ( o amigo muçulmano engraçadíssimo do protagonista) decidem fazer uma viagem sem rumo. Eles acabam numa cidadezinha esquecida do Tennessee. E é lá que boa parte da história se desenvolve.

O nome do livro tem um motivo interessante também: Colin já que é um prodígio, quer construir um teorema matemático que explique o fenômeno de término com as Katherines e o ajude a prever o final do seu próximo relacionamento. Ideia fantástica!

Há quem diga que o livro tem matemática demais. Eu não achei. Basicamente, você precisa entender o conceito de uma função para compreender a lógica de Colin, mas isso não significa que você precisa entender a matemática para entender o livro. Apesar de que a lógica matemática é bem a dose certa de uma pimentinha nerd no enredo. Gostei disso também.

Vou repetir, como disse em A culpa é das estrelas, o modo de escrever de John Green é cativante, dinâmico e inteligente. Seus personagens são originais e muito bem construídos. Não é a coisa mais profunda do mundo, nem tem que ser. E um livro para jovens excelente!

Aliás, o próprio John Green é um fofo. Um cara com quem deve ser divertido conversar. Se você domina um Inglês para lá de um intermediário, procura por ele no youtube. você também vai se apaixonar. Ele e o irmão discutem de tudo, da guerra na Coreia a aniversários da família. Olha aí: Vlogbrothers!

Indico demais!
Ah! E agradeço que o meu foi presente de aniversário da minha irmã. Valeu, Thaís!

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A menina que roubava livros

Chegou a hora de falar sobre A menina que roubava livros de Markus Zusak.

Como todo mundo deve saber, esse livro é um grande campeão de vendas. Para mim, um dos fatores que o levaram a essa conquista é o assunto. O interesse pela Alemanha Nazista parece ser fonte inesgotável de dinheiro. Sucessos como O pianista e O menino de pijama listrado surgirão de tempos em tempos para reavivar essa ferida aberta na humanidade.

Por mim, se isso servir para evitar que mais coisas hediondas como o Holocausto aconteçam, tá valendo. Porém, infelizmente, acho que o interesse por esse assunto tem muito mais a ver com o gosto do ser humano pela desgraça do que como um antídoto, uma vacina preventiva. Afinal, nas escolas, ainda vemos a maldade humana se proliferando nas suas piores versões, adolescentes gordos sendo massacrados por colegas, escolhas religiosas valendo mais que qualidades morais e o homossexualismo sendo tratado como uma criação do demônio. E esse é o futuro da nação. Então, só posso crer que, se parirmos outro Adolf Hitler, todas as outras condições ainda estão aí para um novo Holocausto.

No livro, vamos acompanhar a história triste de uma órfã (claro que ela é órfã, se não fosse não seria triste, essa é a premissa básica dos livros dramáticos, criança órfã. Embora, nesse caso, a mãe biológica esteja apenas desaparecida e o pai seja desconhecido). Liesel é adotada por um casal pobre de Munique. Logo ela se afeiçoa ao pai adotivo que a ensina a ler. A menina demonstra um amor as palavras, mas tem extrema dificuldade com elas. Na sua vida difícil de alemã pobre, alguns de seus maiores momentos de felicidade são compreendendo as palavras. Então, ela rouba livros.

Como eu já disse anteriormente, a história se transforma numa grande salada de acontecimentos tristes para deixar a narrativa profunda, todos estes momentos acompanhados com frases de efeito da narradora. A pobreza da família vizinha com muitos filhos, a outra vizinha que tem seus dois filhos na guerra, bombardeios ocasionais, um judeu que vai se esconder no porão, o pai adotivo que vai para a guerra. Tristeza, tristeza, tristeza, morte, morte e A Morte ( a narradora da história é a Dona Morte com sua roupinha preta de frio). E vez ou outra uma cena de encantamento de Liesel diante das palavras e da vida.

Algumas das cenas são até bonitas. O melhor amigo correndo todo cheio de carvão querendo ser Jesse Owens. Tipo: dedão pra cima. Porém, na maior parte do tempo, é só apelativo mesmo. A cena do ursinho de pelúcia para o piloto inglês, por exemplo é extremamente desnecessária. 

E tem a Dona Morte também, essa faladeira desocupada, com suas frases de efeito. Os seres humanos me assombram. Tenho certeza de que fica ótimo para compartilhar no Facebook. Soa inteligente. 

Não sei ainda se gostei dessa narradora. Com certeza, é um ponto de vista interessante, mas a sua presença não é tão sensacionalmente cult e profunda como o autor faz questão de frisar a cada manifestação dessa personagem no enredo. Sério, gente, tenho certeza de que a Morte tem visto coisas muito feias e muito gloriosas por aí para se encantar assim com a história de Liesel a ponto de contá-la para o mundo.

Mencionei antes que este é um livro para quem não lê literatura. Isso é fato! Há uma forçação de barra para que a narrativa seja comovente e que traga a profundidade que o leitor do século XXI precisa para a sua vida. Nós somos soterrados por fatos tristes e escabrosos para podermos refletir. Bem, nos grandes autores, nos grandes clássicos, esse esforço não é necessário. Clarice Lispector, que como eu mencionei anteriormente, nem é das minhas favoritas, consegue fazer uma revolução na sua cabeça com apenas um esbarrão entre mãe e filha dentro de um táxi. Não precisando de bombardeios em vilas pobres da Alemanha para nos fazer pensar sobre o valor da vida.

Porém, este livro não é de todo ruim. Gostei de ler. Eu me apeguei aos personagens mesmo sabendo que nesse cenário o final triste era inevitável pelo menos para alguns deles. Os pais adotivos de Liesel são realmente maravilhos, o tipo de gente que cruza todo dia com você, gente que faz valer pertencer a raça humana. 

De modo que, em geral, considero uma história mediana de narrativa meio metida a besta (vários parágrafos de duas palavras para dar ênfase e frases de efeito que ficam ótimas no facebook), mesmo assim, penso que seja um bom livro para ler no avião, por exemplo. Ou para você, jovem leitor, que ainda não entrou mesmo na leitura de uma literatura adulta de qualidade. Quem sabe A menina que roubava livros não signifique esse momento de transição? Aquilo entre a necessidade de algo mais profundo do que Percy Jackson e a falta de coragem para encarar Érico Veríssimo...

sábado, 13 de abril de 2013

Livros que andam me espreitando pela casa...

Aqui em casa tá que é uma Sessão da Tarde por causa da galerinha do barulho que vai aprontar várias confusões na minha telinha...

Enfim, brincadeirinhas sem graça a parte, estes são os livros que estão por aqui e que eu pretendo ler, embora não tenha me decidido ainda em que ordem.

Ganhei O Teorema Katherine da minha irmã de aniversário. Ela me garantiu que o John Green não vai matar ninguém e nem vai tentar ser profundo nesse. Trata-se apenas de um cara que levou um pé na bunda da namorada, detalhe: ele só namora Katherines, e vai tentar entender matematicamente como isso se deu. Os fãs do Green dizem que este é o mais chato de todos os livros. Isso, para mim, talvez seja a melhor crítica a respeito dessa história.

Quem também está na lista é A menina que roubava livros. Esse já estou lendo e as primeiras cento e quarenta páginas confirmam meu temor em relação a best sellers como este. Trata-se de uma literatura para quem não lê literatura. Depois falo mais sobre ele num post específico, mas, em poucas palavras, é uma supersaladona de tudo aquilo que pode tornar um livro profundo: criança pobre, Alemanha nazista, pai comunista e a Morte como narradora (sim, ela mesma, a ceifadora, a da roupa preta, aquela da Turma do Penadinho, pois é arranjou um tempinho para contar uma história). Todos os ingredientes para tornar a fórmula cult, só que não. Até agora, tá chegando bem perto do cult, de ser daqueles livros que você pode contar na mesa do bar que leu e se sentir inteligente com isso. 
Deixa o resto pra depois...

Na Estante Virtual eu comprei Histórias Maravilhosas de Truman Capote e já chegou. Pois é, leitura de gente grande. Estou particularmente empolgada com esse daqui. Nunca li nada do Capote antes e adoro o filme Bonequinha de Luxo (com a lindona da Audrey Hepburn da foto aí do lado. Acho que essa mulher conseguiria ficar bonita até com uma camiseta de vereador.) cujo conto que serviu de inspiração está nesse livro. Além disso, foi uma indicação da Tati Feltrin do Tiny Little Things e até agora eu tenho gostado de quase tudo que ela indica. Entonces...

Além desses aí, baixei da internet o Fernão Capelo Gaivota do Richard Bach que me ganhou com Longe é um lugar que não existe e baixei também O lado bom da vida. Não sei nada ainda sobre esse livro, a não ser o fato de que virou filme e que o filme foi para o Oscar. Vamos dar uma chance já que foi de graça.

Na minha listinha de livros a chegar da Estante Virtual temos ainda:
1. Anna e o beijo francês - da mesma fofa que escreveu Lola e o garoto da casa ao lado;
2. Para cima e não para o Norte -  outra indicação da Tati Feltrin, parece bizarro arte, depois falo mais dele;
3. As melhores histórias da mitologia africana - Finalmente consegui comprar esse danadinho. Acho que dessa vez chega!
4. Olhos de Cão azul - Do Gabriel Garcia Marquez, esse não precisa de mais nada pra dar vontade de ler, basta o nome desse cidadão.

Pois é... E nesse pique que estou. E você? Tá lendo o quê?

Vida de professor de Literatura não é fácil!


Hoje vamos de desabafo...
Garanto que não vai ser o tradicional desabafo do salário. Isso não tem a menor graça. Professor é uma espécie desvalorizada, maltratada pela sociedade e, por isso mesmo, em extinção. Enquanto for assim, esse país não se levantará do berço esplêndido. Mas já nem sei se há interesse nesse despertar...

Quero falar de algo mais específico. Quero falar de ser professor de literatura. Literatura: esse negócio que não serve para nada. Por mais que as mentes práticas consigam dar um sentido para se estudar Literatura, passar no vestibular, conhecer o país, a vertente histórica da literatura... Garanto, é perda de tempo, a bichinha não serve para nada. Você conseguiria qualquer uma dessas coisas de outas maneiras também.

Em verdade, a pergunta a ser feita é: a gente só precisa do que serve para alguma coisa?
Na minha cabeça, muita coisa que não tem um propósito pode ter seu valor. Amor de avó, por exemplo, uma criança não precisa de uma avó para ser educada, mas a presença dela tem um valor inestimável. Eu que o diga.

Acho que dar um propósito a Literatura tira o que ela tem de melhor: o prazer. Para mim, Literatura é escolha, é construção, é compreender-se através de um outro. O instante que antecede a escolha de um livro é um momento mágico. É estar diante do infinito. Sabe-se lá para onde aquelas palavras podem te levar? Estudar literatura para alguma coisa é cortar as asas de alguém que pode muito bem voar sozinho por esse universo de possibilidades que é ler.

Por outro lado, ninguém aprende a voar sozinho. É um negócio que exige observação e técnica. Então, ser professor de Literatura talvez seja ser como um instrutor de voo. Melhor seria que o primeiro instrutor então  fosse o pai ou a mãe do aprendiz como acontece na natureza. O professor de literatura seria um instrutor para novos lugares, para terrenos mais inóspitos, para outras condições mais complexas de voo. Só que não. Acaba que fica com a gente até as primeiras batidas de asa.

E como é difícil fazer isso! Como trazer o prazer para a sala de aula? E mais, fazer o aluno compreender que a Literatura vai além do prazer... Que literatura, como toda arte, pode sim estar além da compreensão, além da concordância, além do que você consegue perceber?

Não sei não. Às vezes bate uma tristeza! O Ensino Médio quer leitores críticos. Como se nós não temos leitores?

Nesse universo, confesso, cada dia mais abro mão da teoria literária. De que adianta comparar o Barroco à Legião Urbana? O menino simplesmente não tem bagagem para compreender o que é uma característica do período. É um exercício de generalização que vai além da experiência dele. No mais, é cópia, é reprodução do que está no quadro, sem nenhuma racionalização. 

Não estou falando de todos, é claro. Só de noventa por cento de uma turma.

Esses dez por cento que escapam, que já vêm de casa lendo. Esses não dão o menor problema. Vão aproveitar a Literatura no que ela tem de melhor a oferecer, vão abrir portas e conhecer o mundo. Mas, e o restante?

Será que é válido ficar batendo nessa tecla das características e fazer o menino sair da escola sem uma única experiência prazerosa com a leitura? Será que é O menino de Engenho que vai proporcionar essa experiência?

Acho que não.

Nesse semestre, mais uma vez, estou tentado fazer ler. Ensinar a voar.

Agora, quanto mais penso, acho que eu também tenho que aprender a sair do chão. No caso, tô mandando o currículo regular do Ensino Médio para as cucuias. Vou dar minha aula tradicional também, é claro. Mas vou voar com meus alunos pelas listas de livros próprias para os jovens adultos. Vou convidá-los a conhecer Nárnia, a entrar com Mariah Mundi dentro do Príncipe Regente, a visitar o Reino das Águas Claras... E se eles quiserem vir comigo, a gente vai, sem ligar que o primeiro ano é do Barroco e do Arcadismo.

Vou contar também com uma ajudinha das mídias digitais. Pretendo fazer com eles um vlog de literatura. Só literatura de fantasia. Eles lendo livros e indicando livros. 

Quero o encantamento. Quero a surpresa. Quero a sensação de sair do chão pela primeira vez.

Eu me pergunto: será que vai dar certo? Ou será só mais um devaneio louco de alguém que escolheu uma coisa que não serve para nada como profissão?

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Guerra dos Tronos

Tem coisas que só gente chata entende. Eu agora sou dessas pessoas: pessoas chatas. Eu não era, mas como diz o Raphael, um cara que foi chato a vida inteira, a idade faz de todos nós chatos cedo ou tarde. Enfim, a chatice chegou pra mim.

Eu sou chata porque não consigo mais me empolgar com nada que fascine as maiorias. Vá por mim, estou longe de fazer isso pelo prazer de ser cult. Corro léguas de filme francês também. E isso não é da idade não. Acho que ser cult é uma das tarefas mais enfadonhas que existe. Ficar assistindo a filmes em que não se entende porra nenhuma só porque é de arte é coisa de quem não tem mais o que fazer. Ou ainda ficar tentando ouvir o João Gilberto soltar uma nota em decibéis capazes de serem percebidos pelo ouvido humano só para demonstrar inteligência. Tô fora!

Bom, mas focando no assunto do título, ainda não consegui me empolgar com Game of Thrones. Estou terminando a primeira temporada e, provavelmente os fãs ferrenhos vão dizer que só começa a melhorar depois da segunda. Deixa eu dizer logo que acho esse tipo de dica uma furada. Como assim uma série precisa de duas temporadas para empolgar? Se não empolgar, cancela, oras.

Não vou dizer também que não presta e que tem que acabar o negócio. Só não consigo entender todo o bafafá. Eu imagino que, como muitos dizem, os livros devem ser melhores. Vou ler, juro. Só não agora. 

Sem dúvida, é uma série bem produzida. Um elenco aceitável, sem grandes nomes, mas com talento. Cenários e figurinos convincentes e centenas de figurantes. O dinheiro certamente não foi poupado. E o que a gente vê na tela, com certeza, tem qualidade técnica. Já quanto a história, pelo que tinha ouvido falar, está mais paradinha do que o que eu esperava. Talvez o problema esteja realmente na expectativa gerada, em geral, isso não é bom. Mas, sei lá, me disseram que aconteciam milhares de coisas ao mesmo tempo, que ficava até difícil acompanhar. Ainda não vi isso.

A história é sim interessante e eu vou continuar assistindo. Alguns núcleos são mais atrativos do que outros, o que é natural. Por enquanto, sou fã da mocinha de cabelo platinado (Daenarys). Embora o mocinha aí signifique apenas gênero, porque os personagens em Game of Thrones não são mocinhos e vilões, são gente com defeitos e qualidades.

Porém, a despeito das maiorias, também vejo alguns defeitos na série que para mim tiram alguma parte do brilho. Não gosto da quantidade absurda de mortes nada a ver que a série tem. Matar porque matar faz cenas legais. Longe de mim recriminar a violência em canais pagos de televisão. Só não acho relevante para a história. Tipo, o cara perde o torneio de lança e descepa o pescoço do cavalo com uma espadada só. Muita mentira, sangue e animal se debatendo provavelmente aumentem a audiência, mas não vi razão naquilo ali não. Praticamente todo episódio nós temos uma cena assim, mais chocante do que relevante. A meu ver, isso cansa. Se toda hora uma cabeça é arrancada, fica meio banal arrancar cabeças, vocês não acham?

Sei que tem gente que adora a série justamente por causa disso, não é o meu caso. Pelo que vi até agora, considero a série interessante e gostosa de assistir, mas não virou paixão. Vejo pessoas tendo contrações por causa da chegada na nova temporada e fico sem entender. Talvez seja mesmo sintoma de chatice.

Pelo bem dos meus amigos, espero que não seja contagioso.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

A música que mudou minha vida

Taí um livrinho bem no estilo do meu... Fácil. Fácil de gostar...

Linguagem descomplicada, bem antenada com o universo adolescente e um conhecimento convincente do que é um show para jovens e dessa paixão incontrolável por música que faz alguns deles considerarem seu Ipod uma extensão do corpo. O mote da história também é bem bacana, só achei que se estendeu mais do que precisava.

Em A música que mudou minha vida, Audrey, uma estudante de ensino médio, termina com seu namorado músico. O que ela não sabia é que ele iria compor uma música com o nome dela. E pior, para além dos muros da escola, a banda começa a fazer sucesso. Muito sucesso. Furada total!

A banda começa a fazer sucesso nacional e deixa a pequena cidade em que vivia. A moça então vira alvo de fofoqueiros e paparazzi. Cada passo que dá vira notícia e as situações por conta disso eram para ser inusitadas, infelizmente, acabam ficando repetitivas de tanto que a autora estica a história.

Mesmo assim, gostei do livro. Foi divertido. Gostei muito dos pais da Audrey que são razoáveis e companheiros, ainda que estejam desesperados por causa da invasão da privacidade da filha. Gostei do fato de Audrey ter de encarar as consequências do seus atos e da maneira como ela encara os problemas sem surtar tanto.

No entanto, não gostei muito do casalzinho principal porque o menino é meio apático. Assim como não gostei das cenas cada vez mais apelonas de invasão de privacidade. Fica parecendo que o pessoal da cidade e da mídia não tem mais nada para fazer.

Outra coisa, agora um parêntese meu, nunca entendi a paixão das garotas por músicos. Para quem tem atletas sarados, para que músicos incompreendidos e reclamões? Mas, enfim... Gosto não se discute. Tive várias conhecidas que não podiam ver um violão que surtavam. Nunca foi a minha vibe.

Voltando ao livro, bem, é um livro nível médio. Gostosinho, mas não completamente empolgante. Definitivamente, o melhor do livro é a orelha. Foi uma sacada brilhante da editora daqui do Brasil. Quem escreve a orelha é nada mais nada menos do que a Anna Júlia, aquela mesma, dos Los Hermanos. Superapropriado! 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Trabalho! Trabalho! Trabalho!


Nessa época do ano, não dá tempo de fazer nada. Começo de semestre. Planejando como tudo será... É trabalho em cima de trabalho. Até fiquei sem atualizar o blog ontem. E o post de hoje vai ser corrido também. 
Mas pode ficar tranquilo que continuou lendo nas horas vagas. Já já sai outra resenha...


domingo, 7 de abril de 2013

Longe é um lugar que não existe

Não sei se eu falei para vocês, mas eu estou doente. Desde quinta que tenho febre, dor no corpo, um gosto estranho na boca e um pouco de enjoo. Já achei que fosse dengue. Minha mãe, por outro lado, quer acreditar que eu esteja grávida. A bichinha está tão desesperada por um neto que qualquer coisa que eu sinta ela já começa a fantasiar... Bom, pelo menos que eu saiba, gravidez não dá febre! Então, vai ficar para a próxima...

Em todo caso, meu estado de saúde andou prejudicando aqui minhas leituras e escritas. Enquanto eu me tremia de frio, não me senti muito disposta a encarar nada complicado demais. Por isso, fiquei só na cama mesmo, bolando de um lado para o outro. Até novela eu assisti. E todas elas, na minha opinião, estão uma verdadeira droga!

Ainda tentei, num esforço sincero, ler Paz Guerreira, afinal, comprei, sinto-me na obrigação de ler. Só que fui assistir a umas entrevistas do autor Talal Husseini no youtube e desisti. Ele soou tão prepotente quanto as setecentas páginas do seu romance. Lições filosóficas para a vida, olhar dentro dos olhos de um falcão, enfim, baboseira demais para quem está com dor e pouca paciência.

Decidi não me castigar com esse livro. Vou deixar ele por aí, pego de vez em quando, se eu for terminá-lo, com certeza, será perto do fim do desafio. 

O engraçado é que, quando a gente desiste de algo que não está nos fazendo bem, parece que dá um alívio. Tenho que concordar com os orientais e o lance lá do Feng Shui: tem que deixar fluir. Sei lá. Enquanto a gente segura muito uma coisa, se a gente tem medo de perder essa coisa, se a gente não sabe o que vai acontecer se a gente perder essa coisa, o que acaba acontecendo é que essa coisa rouba e acumula demais da nossa energia. Daí, é preciso deixar ir. Desistir.

Enfim, o Desapego é uma lição difícil de aprender. Mais difícil ainda é aplicá-lo.

Porém, quando se consegue, um mundo de novas oportunidades aparece na sua frente. Sem querer entrar demais no plano do religioso, mas não há nada que nos aconteça que não seja da vontade de Deus. Às vezes, uma adversidade, uma intempérie é uma forma de nos colocar no Seu caminho. Pode ser nas coisas mais complexas ou nas mais simples. O livre arbítrio interfere, é claro. E é aí que nos apegamos e sofremos.

No meu caso, deixei Paz Guerreira ir. Vá com Deus!
Ganhei de presente Longe é um lugar que não existe. Não foi propriamente um presente, vi a indicação desse livro, para variar, no canal Tiny Little Things da Tatiana Feltrin. Achei o livrinho bem baratinho na Estante Virtual e comprei-o.

Gente, o livro é lindo! Notadamente é um livro infantil, tem o que, umas 40 páginas? A maior parte delas é de ilustrações. Ilustrações lindas de Ron Wegen, um australiano que faz coisas maravilhosas como esta aí do lado. 

Um livro infantil, só que é de uma profundidade impressionante. Lindo! Lindo! Lindo! Não ganhei esse livro de presente, mas, com certeza, daqui pra frente, será o número um da lista de itens a dar para os meus amigos. Aliás, acabei de comprar um e mandar para um professor meu da universidade, imagino que ele vá compreender da mesma forma que eu o que está escrito ali.

O enredo trata de um passarinho que recebe um convite para o aniversário de uma amiga que mora muito distante. Durante a viagem, ele conversa com vários outros pássaros que o questionam sobre a distância. De fato, gente, distância é tão relativo. Quantas pessoas estão do seu lado e não são próximas? E quantas moram a milhares de quilômetros de você e é como se não estivessem a centímetros de distância? A proximidade está nos corações humanos e é algo que se escolhe, que se constrói e que se cativa.

Quem quiser pode dizer, como eu já ouvi por aí, que o autor, Richard Bach, é um best-seller metidinho a intelectual. Tô nem aí! Ele me ganhou com toda a força! Usou poucas palavras. Um assunto que chega a ser polêmico de tão perto da religião que chega. E foi delicado, sutil e doce. Esse livro vai ficar na estante para o projeto: Crie filhos leitores e faça um mundo melhor. Posição de destaque!

Para terminar, vou dar um palhinha, olha uma das conclusões do passarinho depois da viagem:

Você não tem aniversário porque sempre viveu; nunca nasceu, jamais haverá de morrer. Não é  filha das pessoas a quem chama de mãe e pai, mas a companheira de aventura delas na jornada maravilhosa para compreender as coisas que são.

Voe livre e feliz além dos aniversários e através do sempre. Haveremos de nos encontrar outra vez, sempre que desejarmos, no meio da única comemoração que não pode jamais terminar.

Eu aguento uma coisa dessas? Amei demais! Até valeu a pena ficar doente para encontrar uma coisa assim.