Eu me surpreendi com esse livro. Para falar a verdade, é bem bacana. bacana de um jeito chato, mas bacana. Como assim? Bem, o tema do livro não é legal. Não se pode esperar muita felicidade de um título assim, pode?
Na história, veremos a protagonista, chamada Minerva, Min, escrevendo uma carta explicando todos os objetos que estão dentro de uma caixa e que ela está devolvendo para o ex-namorado: Ed. Cada objeto que ela devolve conta um pouco da curta história deles dois. O livro é bem legal nesse sentido, vem cheio de ilustrações mostrando esses objetos, facilitando a leitura dos menos versados.
Claro que nessa perspectiva a narrativa é amarga e regada de rancor, afinal, quem é que gosta de terminar namoro. Principalmente, quando se trata de um primeiro amor e te machucou tanto. Porém, não deixa de ser encantador acompanhar a inocência de Min tentando fazer dar certo algo que ela no fundo compreende que não dará. Porque a juventude é assim mesmo, esperançosa. E acho que todo mundo que já passou por isso pode se identificar.
Além disso, o autor, o mesmo da Série Desventuras em série, é muito inteligente e foge do clichê. Ainda estamos diante do casal de filme americano "a esquisita e o atleta popular", mas Daniel Handler faz parecer real, faz parecer possível. Tanto Min quanto Ed tem defeitos e qualidades e mais do que isso, eles se gostam e se esforçam para ficar juntos apesar das diferenças e do preço que pagam, o que inclui se afastar de alguns amigos.
Ed tem momentos de pura canalhice, quando, por exemplo, tenta resolver seus erros comprando presentes. Em compensação, Min pode ser uma chata, uma incompreensiva, uma metida a intelectual que não faz o menor esforço para aceitar as diferenças e se fecha num grupo de iguais fazendo sempre as mesmas coisas. Ela não é uma boa filha, ele não é dado ao comprometimento, mas é quase sempre sincero. Enfim, os dois são diferentes. E, na minha opinião, mesmo o livro sendo na perspectiva dela, nenhum é melhor que o outro.
Enquanto lia, fiquei pensando que não é um livro para adolescentes. Não porque o conteúdo seja adulto, longe disso. Mas porque o adolescente vai achar os personagens um saco! Ele ainda vive no mundo cor-de-rosa, em que namorados devem se encaixar perfeitamente para dar certo. Que nada! Relacionamento é esforço de ambas as partes. Então, Min parece ser apenas uma chata reclamona para os muito jovens.
Nós, adultos, porém, conseguimos nos reconhecer em Min, ela é uma garota apaixonada por um cara legal, que não é perfeito, mas ninguém é. Só que ele tem momentos de perfeição que fazem valer a pena. E, depois de tudo, não deu certo. Esse misto de muito errado e de perfeição acaba ensinando a gente a escolher melhor. Até a amargura momentânea se justifica. Quem já caiu do cavalo sabe que a dor-de-cotovelo é a pior dor que tem. Enfim, acho que a Min não é chata, é só uma adolescente normal crescendo.
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