Tem coisas na vida que é preciso ter coragem para fazer. Começar um livro, por exemplo. Mostrá-lo para alguém. Deixar que alguém veja o que você escreveu. Que compartilhe das suas ideias. Ou pior, que discorde delas. Quem lê acha que, de maneira inocente, estamos em todas as palavras, em todas as atitudes dos personagens. Particularmente, não concordo. Acho que escrever é também um exercício de empatia, uma forma de se enxergar pelos olhos de outros. Mas isso não vem ao caso hoje.
Estou escrevendo para falar dessa sensação de covardia quando estamos diante de algo novo. Quando nos propomos a tentar. Enfim, quando colocamos a cara a tapa. A primeira coisa que vem à mente é o medo do vazio e da solidão. Enquanto escrevo no meu quarto, não vejo os rostos de ninguém. E penso nas palavras jogadas no universo, como se não houvesse resposta. Como se eu falasse sozinha. Todos os dias, eu crio coragem para compartilhar meus links no facebook, sempre pensando se estou incomodando alguém com essa propaganda de mim mesma. Daí eu penso que é difícil que eu incomode mais do que as notícias nacionais e clico em "compartilhar".
Ainda espero os comentários no post. Ainda espero ansiosamente pelas pessoas que se inscrevem no blog. É um exercício muito bom de paciência para o ego. Tenho que me conformar que sou apenas um grãozinho de areia nessa imensa praia chamada internet. O sucesso não chega fácil. O sucesso não é para qualquer um. Atinjo poucas pessoas. E a consciência disso me faz pensar em desistir às vezes. Por outro lado, quando comecei, o blog tinha tão poucas visualizações diárias. Não passava de dez, na verdade. Quase todas minhas. E hoje, todo dia as visitas giram em torno de sessenta (bem mais que isso de vez em quando). Sessenta pessoas que gastam o seu precioso tempo para saber o que eu estou dizendo. Quase duas salas de aula. Para ler. Coisa que não é comum.
Sei que muitos são meus alunos. E que gostam de ver uma outra faceta da minha vida exposta. Afinal, aceitar uma licenciatura é o mesmo que assinar um contrato para participar de um Big Brother eterno, em que só a morte é capaz de te eliminar. Aluno adora e sempre vai adorar saber da vida de professor. Como se a gente tivesse um tipo diferente de vida. Nem vou entrar nesse mérito...
Acontece que, nesse processo, venho arrebatando gente amiga. Que me lê. Que me entente. E que, de alguma forma, se identifica com o que escrevo. E isso é um incentivo grande. Ainda que as proporções sejam pequenas.
Escolher se expor, em qualquer situação, é uma escolha difícil. Do outro lado da tela, é possível julgar sem identificação. É possível zombar e não sofrer maiores consequências (na maioria das vezes). Então, alguma coisa muito forte tem que motivar essa escolha de se colocar diante do mundo. No meu caso, é o desejo de partilhar meu trabalho e de ser reconhecida por isso um dia. Quero tanto que mais gente leia meus livros, que eu arrisco. Morrendo de medo. E morrendo de vergonha. Que fique claro.
E é assim com esse novo projeto. Depois de mais um desprezo, resolvi tentar algo diferente. Vou colocar meu primeiro livro no youtube. Em forma de slides. Um capítulo por semana.
Está tosco. Não sou boa de edições. Não sei mexer em programas de vídeo adequadamente. E meu gosto é duvidoso na questão da imagem. Mas estou fazendo o possível.
Além disso, o trabalho é enorme. As ferramentas são complexas. Existem inúmeras questões que envolvem direitos autorais. E transformar uma obra de uma plataforma para outra é sem sombra de dúvidas um trabalho complicadíssimo. Mas eu vou tentar.
Gostaria muito que vocês vissem. Que me dissessem o que acham da ideia. E que me acompanhassem nessa nova empreitada. Então, lá vai. Porque nenhum caminho, por mais longo que seja, começa sem um primeiro passo...
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