Mais um livro de gente grande, mais um livro de poesia. Quem for ver minha lista vai até pensar que sou fã. Continuo afirmando que prefiro prosa, mas que um poeminha vez em quando faz bem para o coração, bom, isso faz!
Terminei de ler esse livro em quarenta minutos, ele é minúsculo. Contando referência, biografia do autor, nota de edição e tudo mais que tem direito, não chega a oitenta páginas. Ah! E na parte dos poemas não é frente e verso, só é escrito na frente. Então, foi uma moleza!
Confesso que não degustei a palavra com requintes de intelectual... Para ser sincera, não gostei do livro. Nem parece Drummond. Certo que ele é um poeta de grande produção e de muitas fases, mas, talvez por ser um dos seus primeiros livros (é de 1940), a sensação que me deu é de estar diante do germe do poeta que ele viria a se tornar.
Explicando melhor, acho Drummond mais um dos maravilhosos poetas do cotidiano. Discípulo de Manuel Bandeira, a quem ele homenageia nesta obra. O cotidiano certamente está presente em Sentimento do mundo, entretanto, apenas no cenário, ele ainda não alcançou a simplicidade da escrita. Este livro tem um ranço parnasiano que me incomodou, um quê de pompa e de muita importância que não reconheço no mineiro de Itabira. E a palavra me atrai muito mais do que o conteúdo quando se trata de poesia.
Além disso, a poesia social não é mesmo o meu forte. Não consigo me empolgar. E, às vezes, acho que cortaram a minha cabeça numa guilhotina na Queda da Bastilha em outra vida, porque não consigo me convencer desse pessimismo que incentiva às revoluções populares. Tipo: "o meu mundo é pior do que o dos outros", "nada muda", "o fim está próximo". Simplesmente não tenho paciência para isto. Acho que em termos de humanidade, as coisas demoram mesmo para mudar, fazer o quê? Nem por isso o pessimismo se justifica. Como o pessimismo político é o tema central da obra, gostei realmente de poucos poemas.
Para mim, faltaram os poemas arrebatados de amor de que tanto gosto. A descoberta do corpo que só ele sabe brincar tão bem. E os poemas metalinguísticos que fazem os professores de português delirar na hora de fazer as questões da prova. Enfim, não me apeteceu.
Entretanto, a escolha deste livro para o FUVEST é bem feita. Primeiro por ser um livro curto, os vestibulandos devem ter vibrado. Mas, mais que isso, é um retrato de uma época conturbada mesmo Era Vargas, facismo, véspera de uma grande guerra. Admito que o cenário era propício para indagações sociais, embora o pior ainda estivesse efetivamente por vir. E essa é uma lição importante para nossos alunos. Portanto, não estamos livres de ler Sentimento do mundo enquanto retrato histórico, ainda que não seja a melhor obra de Drummond.
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