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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Feios

Não estou completamente decidida sobre Feios de Scott Westerfeld. De modo geral, não gostei, só não quero fazer uma resenha tão terrível para não desestimular ninguém a tentar ler. 

Não nego que tem qualquer coisa na trama que atrai. Talvez a premissa da história seja boa. Bom, vamos a ela...

Num mundo distópico (distopia está tão na moda quanto as doenças de todas as naturezas), os poucos seres humanos que restaram criaram uma forma de acabar com o preconceito. Eles simplesmente acabaram com as diferenças de forma cirúrgica. Aos dezesseis anos, os jovens são submetidos a uma operação que os torna bonitos. Os padrões de beleza são os mesmos para o mundo inteiro, portanto, não há mais bullying, nem anorexia, nem inveja, nem moda. Tudo que é expressão individual é cortado sem que as pessoas sequer reclamem. Estes são os perfeitos.

Tally, a protagonista, tem quase 16 e sonha com o dia de reencontrar os seus amigos que já se tornaram perfeitos. Nesse período, ela conhece uma garota da sua mesma idade que tem um sonho diferente. Ela quer fugir, sair do controle severo, quer morar num lugar onde as pessoas possam continuar a envelhecer chamado Fumaça. Shay realmente foge deixando Tally para trás. Entretanto, as autoridades impedem Tally de se tornar perfeita até reencontrar Shay e entregar o esconderijo desse povo rebelde.

Parece bom, não é? Muita ação. Muita fuga. Povos escondidos. Tudo muito politicamente e ecologicamente correto. Tally, advinda deste universo futurístico sustentável, fica chocada que as pessoas em Fumaça cortem árvores e comam animais. Que coisa! Não achei esse papo convincente e é com certeza uma das partes que menos gostei. Tally não tem o instinto de sobrevivência de Katniss de Jogos Vorazes tão necessário nas distopias. No fim, ela é só uma menininha babaca.

Outra coisa que não gostei, pensei que já tinha saído de moda a ideia de que pessoas vivendo no meio da natureza se tornam exemplo de conduta. Rousseau e o mito do bom selvagem teve um revival em Lost e poderia ter ficado por lá. A comunidade hippie de Feios me deu nos nervos.

Mas, sei lá... Os sentimentos são controversos. O casalzinho do livro é chato que dói. Mas linguagem flui e as páginas passam depressa. Não gostei de como a premissa foi abordada, entretanto, eu acredito que leria o restante da série caso tivesse oportunidade.

Enfim, não recrimino de todo o livro. Sinto que ele pode ter algo a contribuir para os muito jovens. Uma porta para a comunicação sobre o que é o seu corpo e esse lance do conceito de beleza. O que é ser feio? O que é ser perfeito para alguém?

Então, tire suas próprias conclusões. E se você, assim como eu, acho a capa uma graça. Experimenta vai. E tira as suas próprias conclusões.

Um comentário:

  1. já tinha visto e tinha ficado com vontade de comprar..... vou esperar sua resenha sobre o segundo, pra ver se melhora...rs

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