Esse calor infernal que vem aqui no Ceará me fazendo me trouxe uma ideia, uma saudade para ser mais coerente: chuva.
Aqui na minha região, chove no começo do ano (quando chove). Por conta dessa raridade, cearense adora chuva. Nós achamos um dia cinza a coisa mais linda do mundo. E (ainda) é comum ver crianças no meio da rua pulando em poça e aproveitando as bicas das casas quando resolve cair um toró (chuvarada).
Entretanto, as condições da vida moderna têm mudado esse quadro. Violência, poluição, doenças, tudo isso virou motivo para não cair na brincadeira. Lamentável!
Discutir a importância das brincadeiras ao ar livre parece que virou assunto ultrapassado. Como se o ambiente fechado e a tecnologia dessem conta de suprir todas as necessidades do desenvolvimento infantil. Temos um cérebro que se desenvolveu a partir de um processo evolutivo, as crianças precisam vivenciar de alguma forma esse processo. O fato de hoje o homem nascer cercado de tecnologia não os exclui dessa condição. Ou seja, é preciso sentir, cheirar, cair, colocar na boca, pisar em meleca, para dar sentido ao que existe no mundo.
Mesmo que isso acarrete uma febre, uma verminose ou uma dor de ouvido depois.
Nesse sentido, a tecnologia está a nosso favor. Não contra. Se fica doente, cuidado, remédio e vacina. Só não pode deixar de viver coisas importantes da vida.
Vejo muitos pais apreensivos. Cheios de zelo. "As doenças estão mais fortes", "Ele não pode ficar doente", "Não dar vez ao azar". Sei lá, às vezes me sinto meio peixe fora d'água. Doença, por mais que seja sofrido (sei que é), faz parte da infância. Ser mãe também é ensinar a lidar com a dor. Penso assim.
Claro que não sou irresponsável. Nesse dia do banho de chuva, a Bia estava ótima de saúde. Ela sempre se alimentou bem, o que inclui uma vasta variedade de frutas na sua dieta, o que influi significativamente na questão dos resfriados. Nós ficamos meia horinha brincando na água e depois foi banho quente, almoço e roupinha confortável.
Além disso, essa não era a primeira chuva, nem do dia, nem do mês, nem do ano. Infelizmente, o ar anda meio sujo mesmo e temos que ter cuidado com a poluição. Então, deixei que as chuvas anteriores limpassem um pouco o ambiente para poder brincar com ela.
Para completar, estamos no nosso condomínio. Lugar razoavelmente limpo e protegido da violência e de raios.
Enfim, analisando o ambiente e as condições de segurança, é uma atividade maravilhosa de ser feita. Foi uma manhã bem divertida. A Bia explorou. Pisou nas poças. Sentiu as gotinhas caindo no rosto. Uma delícia!
A quadra chuvosa se aproxima. Vamos ver se esse ano vai dar certo mais banho de chuva!
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