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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Sejamos Todos Feministas


Minha leitura dessa semana (não tem sido nada fácil ler, mas vai melhorar) foi Sejamos Todos Feministas (Companhia das Letras) e tenho tantas coisas para falar sobre ele que mal consigo controlar meus dedos no teclado devido a tanta ansiedade.

Não é literatura. Trata-se de uma palestra da escritora nigeriana Chimamanda Adichie (nome legal!) sobre um assunto que parece batido, mas que, na verdade, infelizmente, não é nada óbvio ainda: feminismo.

Essa palestra esta aí para vocês na íntegra. Fez parte do TEDx que, por sinal, é uma iniciativa muito boa. o TEDx traz palestras sobre vários assuntos, ideias que merecem ser compartilhadas. São maravilhosas. Pode ver no youtube, você não vai se arrepender. Caso queira saber mais sobre o TED, clique aqui. E eu te direciono ara uma matéria da Superinteressante.

Sobre Chimamanda Adichie, o que posso dizer? Assim como muitos de vocês, eu não a conhecia. Ela é nigeriana. Simpática. Divertida. Professora universitária. E escritora. Seus livros tratam sobre temas entre África e América. E eu estou muito interessada em ler Americanah, acabei de comprá-lo na Estante Virtual. A história do romance entre dois nigerianos, ela vai estudar nos EUA, ele, pós onze de setembro, fica sem poder acompanhá-la, por conta das medidas americanas contra estrangeiros, na Nigéria. Por força do amor, vão se reencontrar, mas com cabeças e realidades totalmente diferentes. Achei a plot fantástica. Lupita Nyong'o (atriz negra que ganhou o Oscar) comprou os direitos para o cinema.

Com relação ao discurso, por favor, vejam vocês mesmos. Ela é uma oradora fantástica. Gostei da maneira como se posicionou diante de um tema que parece atingir ao mundo inteiro. Igualdade. De gênero. De raça. Seja qual for. 

Achei particularmente interessante quando ela trata das generalizações. Por que não tratar do problema dos direitos humanos ao invés de tratar especificamente do feminismo? Essa é uma pergunta tão constante nas minhas aulas que até tenho medo da juventude hoje em dia. Concordo com Chimamanda, porque não seira justo é a resposta. Esconder a especificidade do problema não o resolve, pelo contrário, é como escondê-lo debaixo do tapete de todas as problemáticas do mundo. 

Definitivamente, o mundo tem vários problemas. A desigualdade de gênero é apenas um deles. Ainda assim, é um problema medonho. Tanto para as meninas que são estuprada, assediadas, desvalorizadas, quanto para os meninos que são forçados à violência, que são as maiores vítimas da violência, que são renegados ao meramente financeiro nas relações familiares, sendo excluídos do trato social e da compreensão dos sentimentos humanos desde a mais tenra infância.

É difícil lidar com tanto radicalismo. Culpar o homem pelo modelo patriarcal não é eficiente. Deixar de ver a desigualdade de gênero tampouco. Acho que Chimamanda caminhou pelo assunto de maneira coerente. Principalmente quando fala de mudança. De uma mudança que começa pela educação. Uma educação diferente.

Ela diz "A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de maneira diferente."

Mas diferente como?

Chimamanda diz "E se criássemos nossas crianças ressaltando seus talentos, e não o seu gênero? E se focássemos em seus interesses, sem considerar gênero?".

Nossa! Acho que é totalmente por aí. Quero muito que minha filha seja exatamente aquilo que ela queira ser. Ainda que seja engenheira ou piloto de Fórmula 1. Mas, na prática, assim como você, ainda tenho alguns dilemas. O principal deles é: como vou ensinar a minha filha a lutar pela igualdade se tenho medo que ela seja atacada no meio da rua se usar um short curto?

Tento me conformar que é um processo lento. Acredito que faço a minha parte quando enfrento uma sala de quarenta e cinco adolescentes para discutir o que vem a ser igualdade. Mas, confesso, que assim como boa parte das pessoas que se diz feminista, ainda tenho o sonho de poder comprar sem medo um conjunto de panelinhas para o meu afilhado sem ser julgada.

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