Carlos Eduardo
─ Mãe? – Juro que não acreditei ao dar
de cara com minha mãe na portaria.
─ Meu filho, o que fizeram com você? –
Ela correu em direção a mim e foi logo virando minha cabeça para lá e para cá,
analisando o estrago no meu rosto. – Bem que eu te avisei para não se envolver
com essa garota. Ela é chave de cadeia.
─ Hei! – Bruna foi colocando a mão na
cintura. Sem se deixar intimidar pela minha mãe, foi logo se defendendo. – Essa
garota tem nome, ok, Dona Débora? É Bruna. – Minha mãe se assustou com a
firmeza da afirmação. – Além disso, eu posso até ser barraqueira, mas esse olho
roxo seu filhinho arranjou sozinho. Eu só tentei ajudar.
─ Como assim, Carlos Eduardo? – Detesto
quando ela fala comigo como se eu tivesse cinco anos.
─ Beijei a namorada de um cara e ele me
deu um murro. Pronto. Nada demais.
─ Kadu, isso é coisa que se faça, menino?
Foi assim que eu te criei? – Mamãe estava chocada com minha falta de decoro.
─ Viu? Acontece até nas melhores
famílias, veja se não ia acontecer na sua... – Bruna não ia deixar essa passar.
Não depois da intolerância da minha mãe. O tempo fechou entre as duas. Resolvi
intervir antes que fosse tarde.
─ O que a senhora está fazendo aqui,
mãe? – Peguei no braço dela a chamando a razão. Dona Débora respirou fundo pelo
menos umas três vezes antes de me responder.
─ Vim ver o apartamento. Já que a sua
decisão está tomada, eu e seu pai queremos ajudar... – Apesar de contrariada,
percebi que cedera. Estava disposta a me apoiar, como sempre acabara fazendo. –
Afinal, você pode precisar de um fiador, de alguns móveis para começar,
dinheiro para pequenas reformas. Não quero você passando necessidades, meu
filho. Apesar dessa sua teimosia, eu te amo demais.
─ Eu também te amo, mãe. – Estalei um
beijo no rosto dela.
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