─ É você, Ana. Você. – Deixou Tito com
os tios e foi atrás dela pela praia. Ana Maria andava depressa, Pedro teve de
correr. – Você é minha pessoa especial, entende? – Ele a pegou pelos braços.
Ana segurava o choro.
─ Pedro...
─ Eu te amo, Ana. Muito. – Ele se
declarou a abraçando.
─ Pedro.
─ Eu estou livre, Ana. Livre para viver
com você o maior amor que couber nessa vida. – O abraço o encheu de esperança.
─ Eu não consigo, Pedro. Não consigo.
Doeu demais. – Ela já não segurava mais o choro. – Você me trocou pelo seu
passado doloroso. Você mentiu para mim. Você transou com a sua esposa linda e
magra. Tem noção do que isso significa para mim?
─ Linda é você, meu amor!
─ Não, Pedro. Eu sou a gordinha que
ninguém quer. Sempre fui. Como foi que
você disse daquela vez? A oferecida. A inconveniente. – Continuava a chorar.
Ele sentia a punhalada no coração. Se pudesse voltar no tempo, jamais diria
aquelas atrocidades sobre Ana. – Eu tive duras lições para aprender a me amar.
Para gostar de mim assim mesmo. – Mordeu os lábios. – Para vir você e trocar o
que eu achava que era amor por sexo? – As lágrimas caíam sem controle. Pedro
tinha vontade de chorar. – Você e a sua esposa nunca tiveram um terço do que a
gente viveu, Pedro. Dava para sentir no ar o quanto foi doloroso para você. E
mesmo assim você ficou com ela. A bela Nina.
─ Ana, por favor, minha querida,
acalme-se. – Ele a abraçou novamente. Ana o empurrou. – Você não entendeu...
─ Entendi que eu me devo esse
afastamento. Depois de tudo que eu passei na minha vida, eu mereço conseguir me
afastar de alguém que não me trata bem. Alguém que me vê como segunda opção.
Alguém que só está aqui hoje porque a esposa o deixou...
Então ela já sabia da verdade. Sabia que
Nina fora embora por vontade própria e não porque ele pedira.
─ Ana, você acha que eu te troquei por
causa das suas neuroses, mas foi por causa das minhas... Das minhas, Ana. Por
favor, senta e me escuta.
─ Sinto muito, Pedro. Não quero mais nem
escutar o som da sua voz.
***
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