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quinta-feira, 28 de julho de 2016

Cachorros Não Dançam Balé

Bia finalmente está entrando no clima das historinhas. Ela já consegue acompanhar um enredo com começo, meio e fim. Por isso, está na hora de dar o gás na leitura dessa biblioteca infantil que venho construindo desde que descobri que estava grávida.

Essa semana, experimentamos o delicioso Cachorros Não Dançam Balé, de Anna Kemp. Com ilustrações de Sara Olgivie. Editora Paz e Terra. Lembro-me que comprei esse livro em uma das minhas buscas em livrarias. Geralmente, compro os meus livros pela internet, o preço é bem mais em conta, mas, em se tratando de infantis, adoro lê-los e folhear. Sempre acabo comprando alguma coisa ou pelo preço ou pelo encantamento. Foi o caso de Cachorros Não Dançam Balé. As ilustrações são muito fofas e a história inusitada traz uma mensagem importante.

O livro é a história de um cachorro chamado Filé (se você acompanha o blog, já percebeu que a utilização de animais é comum nos livros infantis. O animal diminui o impacto das emoções mais fortes). Filé é o bichinho de estimação de uma esperta menininha. Ela logo percebe que seu cachorro é diferente dos outros, ele não gosta de apanhar a bola, mas fica fascinado por pessoas dançando na televisão. 

A menininha aceita de cara a paixão do cachorrinho pelo balé e até a vontade que ele sente de usar tutu. Já o pai da garota não aceita que o bichinho a acompanhe nas aulas de dança, nem aceita que cachorros queiram dançar balé. Filé faz todas essas coisas escondido. Sem se importar muito com o que os outros vão dizer. E como tem censura nesse livro. As pessoas na parada de ônibus, a família, a ´professora de balé, ninguém aceita que um cachorro queira dançar balé.

Minha filha, que anda muito empática com os personagens, pedia para acabar com a leitura todas as vezes que alguém desacreditava o cachorrinho. Tanto orgulho dela que já percebe o que é certo e errado. Precisei dizer para ela que no final ia ficar tudo bem. E fica mesmo. Filé se apresenta num grande balé e as pessoas estranham no começo, mas ele é tão talentoso que o livro acaba com muitos aplausos.

Achei o livro ótimo. É sobre vencer desafios e sobre aceitar diferenças. Não podemos deixar de perceber que, facilmente, poderíamos trocar o cachorro Filé por um menininho. Um menino diferente. Que não somente gosta de dançar. O que por si só já seria audacioso, mas um menino que faz questão de usar tutu. Um menino diferente de outros meninos. Entendeu do que o livro trata?

Note que a menininha aceitou facilmente os gostos do cachorrinho e quem foi o primeiro que implicou? O pai. A figura masculina. Além disso, a autora faz questão de mostrar que o cachorrinho não gosta apenas da dança. Gosta de balé. O estilo mais associado ao feminino. E gosta de usar tutu. Não é preciso usar tutu para dançar, não é mesmo?

É um tema forte. Disfarçado por personificações e ilustrações fofinhas. Claro que é uma metáfora para todo os tipos de diferenças. Mas talvez seja uma excelente porta para abrir o diálogo entre um pai que não aceita que cachorros dancem balé e um filho que não gosta de fazer as mesmas coisas dos outros menininhos.


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