Mais um livrinho do mês de março. Estava bem ansiosa com esse, confesso. Eu já tinha ouvido maravilhas sobre Sarah Dessen e, para variar, não era o que eu esperava...
Não digo que foi propriamente uma decepção. Sarah Dessen escreve bem e de forma coerente, mas, tinham me dito que os livros dela eram leves, sobre verão, para o verão, essas coisas. Por isso, eu juro que esperava um romance adolescente leve. O livro é um drama. Quase nem tem romance.
Nós vamos acompanhar a estória de Haven, uma garota de quinze anos cujo os pais estão se divorciando e cuja irmã mais velha vai casar e sair de casa. Tudo parece mudar rápido demais na vida dela. O que inclui ela mesma, que não para nunca de crescer. E Haven fica perdidinha nessa bagunça toda. Toda hora ela fica lembrando de um verão passado em que tudo estava perfeito e se pergunta por que não pode ser mais perfeito como antigamente?
O livro não é engraçado, é dramático. Para mim, quase melodramático. Eu entendo as angústias dessa menina, entendo mesmo. Deve ser difícil aguentar calada os chiliques da irmã e a negação do sofrimento que a mãe demonstra. Mesmo assim, opinião pessoal, não me identifiquei com a Haven. Não tenho essa personalidade passiva. Essa personalidade que acumula os próprios problemas e os problemas dos outros. Se fosse eu, com certeza, tinha mandado todo mundo catar coquinho e seguia em frente. Ela não, ela foi até onde conseguiu, aí não suportou mais e deu um piti.
Para mim, sem querer menosprezar os sentimentos de dor de jovens que presenciaram a separação dos pais, faltou problema de verdade. Um problema para, de fato, deixar Haven assim tão zangada. Ou talvez, eu já esteja mesmo velha, porque, falando sério, aos quinze anos, provavelmente, a sensação de dor seja mesmo maior. Afinal, em algum momento da vida, você aprende que pais não são heróis e que você não pode passar o tempo todo da sua vida se preocupando com a vida deles, ou o que eles querem e pensam sobre você. Uma hora esse corte é necessário, mas não aos quinze.
Ponto alto do livro, a relação entre Haven e Ashley, a sua irmã. As duas têm uma relação de amor e ódio como todas as irmãs do mundo. Ashley é cinco anos mais velha do que Haven e está se comportando mal por conta do estresse do casamento. No livro, até por percebermos a estória pela perspectiva de Haven, a impressão é que a mais velha é mais imatura do que a mais nova. Vamos descobrir, junto com Haven que Ashley amadureceu, que ela não é mais uma adolescente inconsequente. Ela é adulta agora.
Haven se ressente disso, a irmã era o seu exemplo de adolescente. Mas ela não precisa mais desse exemplo, Haven conclui que é a vez dela de ser adolescente, de deixar de ser criança, de deixar de se incomodar com Ashley. Enfim,as duas escolhem deixar de ser somente irmãs, algo que ninguém escolhe ser, para serem, definitivamente: amigas. Achei bonito isso. Inclusive porque sou irmã mais velha e às vezes é bem difícil medir o tamanho da minha influência sobre a minha irmã mais nova. Felizmente, acho que ela também encontrou o caminho dela, não tentando ser uma versão de mim, mas apenas sendo ela mesma.
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