Felipe e Guilherme estavam curtindo a
popularidade, esbanjando sorrisos com canto da boca para as garotas que
passavam os devorando com os olhos. Depois da visualização geral, cada um fixou
o olhar em algo que lhe chamava atenção.
Primeiro, Guilherme mostrou os dois
mestres da escola: Vinícios e André. Eles estavam se formando, mas nos anos que
passaram no Santa Inês, foram senhores da pegação. Guilherme, apesar de ter
sofrido maus bocados com Vinícios, admirava-os profundamente. E mais, estava
muito feliz porque aquela era a última festa dos dois. Por isso, aplaudiu
bastante quando Vini, como era conhecido, subiu ao palco para receber o prêmio
de melhor atleta do ano.
Dona Cecília continuou a premiação dos
alunos. Felipe não tomava parte dos aplausos, tinha certa antipatia por esse
tal de Vini. Sua irmã, Rosana, fora uma das idiotas que se apaixonaram por ele.
Mais uma de suas conquistas descartáveis. Achava ótimo que estivesse mesmo
saindo do colégio. Os olhos de Felipe procuravam uma coisa bem melhor de ver,
logo focaram na figura mais interessante da festa toda: o nome dela era Milena.
Milena tinha quinze anos e o mundo aos
seus pés. Mile era patricinha da pior espécie. Só usava roupa de grife, só
falava com gente interessante e tinha até um motorista particular. Linda
demais! Aparentemente, o mundo parava para vê-la passar. Aquela menina mexia
com Felipe de um jeito esquisito. Ele não cansava de olhar para aquele cabelo
bem cuidado, que deveria ser macio e cheiroso, queria tocar naquele cabelo
claro. Além disso, ela tinha um olhar que o destruía por dentro, mesmo com
cinco medalhas no peito, o olhar de Milena o fazia se sentir um lixo. Muitas
vezes se perguntou, enquanto pensava nela nas noites de solidão, o motivo
daquilo. Poderia ficar com qualquer uma, mas queria Milena, que o desprezava.
Chegou a tentar uma aproximação. Tudo
inútil. Deixava bem claro que ele não merecia nem pisar o mesmo chão que ela.
Foram alguns foras sensacionais. Inesquecíveis. Ele e a sua reputação gostariam
muito de dizer que estavam em outra agora, mas seu olhar continuava procurando
por Milena no intervalo, na saída da escola ou na pista de dança como fazia
naquele instante.
Claro que ela percebia. Claro que ela
provocava. Gostava de ter Felipe nas mãos, brinquedinho para fazer inveja às
colegas. Sorria com dentes perfeitos olhando para ele, dava beijinhos apertados
no rosto dos seus colegas de sala. Matava Felipe de ciúmes. Mas se ele se
aproximasse de alguma forma, já tinha na ponta da língua o próximo fora
fenomenal.
─ Ainda tá nessa, cara? – Disse
Guilherme depois de acompanhar o olhar do amigo até Milena. – Desencana, rapaz.
Essa menina adora te maltratar.
─ He! Eu sei. Mas eu devo mesmo gostar
de um desafio... – Continuou olhando para Milena que retribuía o olhar. A
provocação era o ingrediente que os unia.
─ Cheio de gatinha aqui louca pelo
campeão do colégio Santa Inês e você perdendo tempo com essa patricinha malvada.
Não me conformo. – Guilherme balançava a cabeça em desacordo.
─ Mas eu te garanto, cara, ou eu pego de
vez essa menina ou eu supero.
─ Senti firmeza! – Cumprimentou Felipe
com um aperto de mão. – Mas nem tanto... – Guilherme piscou um olho
desconfiando do colega. – Quer saber, vou te dar uma ajudinha...
─ Ajudinha? Que ajudinha? – Dessa vez
quem desconfiou foi Felipe.
─ Vou fazer você largar dessa menina.
Aposto com você que eu fico com ela.
─ Nem pensar, fura-olho!
─ Fico sim. – Divertiu-se Guilherme com
a chateação evidente do amigo. – Quem sabe assim você larga o osso. Garanto que
não vai ser sacrifício nenhum. – Guiga deu uma secada em Milena dos pés a
cabeça. – A danada é bonita demais!
─ Qual é, Guilherme? Nada a ver isso aí.
─ Tá com medo?
Guilherme atiçou o espírito competitivo
de Felipe com aquela provocação. Para o loiro era somente curtição, mas Felipe
não foi capaz naquele momento de admitir que sentisse algo real por Milena. E,
além disso, não gostava de perder. Concordou com o amigo e sua aposta idiota,
agora disputavam Milena como quem disputa um pódio.
─ Beleza. Mas vamos definir os termos
dessa aposta. Ganho o que se eu ficar com a Milena primeiro? – Brincou Guiga.
─ Sei lá, cara. Quer um beijo meu? –
Disse sem o mesmo bom-humor.
─ Cai fora, marmanjo!
─ Quem sabe um autógrafo para vender na
internet quando eu for medalhista olímpico?
─ Boçal, heim? Vai engolir muita água da
minha raia antes disso acontecer... – Guilherme sabia que Felipe nadava melhor
que ele, mas não gostava quando o amigo se exibia. – Mas já que é assim, quero
uma tatuagem.
─ Pago a tatuagem pra você, então. –
Disse Felipe sem nem hesitar.
─ Não, a tatuagem é em você. Quero que
você tatue a bandeira do Brasil.
─ De jeito nenhum. Isso pode complicar
minha vida. – Reclamou.
─ Calma, cara. Antes de começar a
espernear como uma garotinha, escolhe o seu prêmio para a aposta...
Felipe pensou, para valer uma tatuagem
permanente da bandeira do Brasil, o castigo de Guilherme deveria ser
inesquecível. Deu uma volta em torno do salão com o olhar, encontrou o que
queria.
─ Beleza! Eu tatuo a bandeira do Brasil,
se você namorar a Beta Cintura de Kombi até o fim do ano.
─ Trato feito. – Guilherme estendeu a
mão para o amigo. – Tinha a mais absoluta certeza de que venceria a aposta.
Milena, com todo o seu jeitinho de enjoada, já tinha dado indícios de que
queria ficar com ele.
Felipe cumprimentou o amigo com o aperto
de mão fechando o acordo. Nesse mesmo instante, a luz de um refletor focou
Guilherme. Dona Cecília tinha acabado de anunciá-lo como rei do baile. A rainha
eleita foi Milena.
Com uma imensa satisfação, Guiga trocou
um olhar cheio de significados com o amigo. O destino conspirava, teria Milena
em seus braços e poderia esfregá-la na cara de Felipe, tendo a plena certeza
que ele ia se morder de ciúmes sem poder fazer absolutamente nada. Se desse
sorte, naquela mesma noite, venceria a aposta.
"Beta Cintura de Kombi" foi excelente, mas quem vence a aposta?
ResponderExcluirAh! vc tem que ler o restante para saber...
ExcluirJá pode terminar de postar. :D
ResponderExcluirEsse eu naum vou postar. Porque é um romance de 170 páginas e eu pretendo publicar...
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