A partir daquele
dia, Ana Maria se tornou figura constante, ela não perdeu a esperança de
conquistar Antonio, embora soubesse que para isso acontecer, a outra deveria
colocar suas intenções em pratos limpos. Achava que valia a pena correr o
risco, uma vez que podia não saber muito sobre Malu, mas sabia que não era boa
em identificar caras legais com os quatro pneus arriados por ela.
Assim, sempre
que Malu e Antonio estavam na piscina, ela chegava. Se iam à praia, ela
perguntava se poderia ir junto, reclamava de falta de companhia, mas seu
telefone tocava de instante em instante convidando para milhares de programas.
Vez em quando,
aparecia algum convidado de Ana Maria para completar o passeio: Fabiana,
Carolina, Ingrid e até o Júlio César que gostava demais da Madonna. Aquilo
começou a incomodar Maria Lúcia, nada contra Ana Maria, gostava do jeito dela
conversar e os programas realmente ficavam mais divertidos com mais gente,
porém, chegaria o dia em que o convidado seria desagradável.
Foram à praia e
Antonio convidou Malu para uma partida de frescobol. Ana Maria ficou na barraca
com Ingrid e Júlio César, os três faziam ohs e ahs para cada movimento da
raquete de Antonio. Malu achava aquilo tudo um pouco mais ridículo do que
precisava ser. Mas tudo bem, acreditava que Antonio deveria ser o assunto das
férias da galera do colégio, então, ele poderia vomitar no cabelo de uma
daquelas ali que mesmo assim seria considerado o máximo.
– Alô. – Malu
ouviu Ana Maria atender pela milionésima vez ao telefone – Chegou, amor?
Finalmente. Pensei que tinha esquecido minha pessoa de vez... – sorrisos,
provavelmente a pessoa do outro lado dizia coisas engraçadas – Ah! Você nem vai
acreditar onde estou, ou melhor, com quem estou...
– Principessa,
andiamo al mare...[1] –
Antonio largou raquetes perto da barraca e agarrou Malu a puxando para água e
arrancando mais uma onda de ohs e ahs das meninas.
– Claro que
pode, deve, aliás. Estamos aqui na Sol e Mar, sabe qual é? Não, criatura, é
aquela perto do começo... – Ana Maria continuava ao telefone.
O mar estava
tranquilo e Antonio apostou uma corrida até a boia dos salva-vidas a certo
ponto no mar. Surpreendeu-se ao ver que não precisaria dar vantagem a Malu, ela
nadava melhor que ele, mesmo com a força das ondas. Chegaram à boia ofegantes e
sorrindo.
– Tu sei
veramente bella, mia sorella. Non lo so come
li ragazzi non te hanno datto un baccio.[2]
A estas alturas,
Malu já entendia um pò de italiano, mas ainda preferia quando Antonio falava em
inglês, porque na sua língua mãe, apesar de soar belíssimo, Antonio falava
rápido demais.
Ela tomou fôlego
e começou o caminho de volta com Antonio logo atrás. Só pararam na praia.
Deitaram de costas na areia, um ao lado do outro, bem a borda do mar. Ficaram
nesta posição por um bom tempo, olhando duas pipas brincando no céu.
De repente,
Antonio virou e ficou em cima dela, sustentando seu peso apenas nos dois
braços. Ficou daquele jeito, olhando fixamente nos olhos dela, sorrindo com a
maior cara de pau, ela sorria de volta e ele se aproximava mais um pouco.
Estavam tão próximos que Ana Maria, Ingrid e Júlio César se levantaram das
cadeiras para ver melhor o que acontecia na beira da praia.
Nessa hora chega
Vinícios, André, Angélica, Bruno e Gustavo. André foi logo cumprimentando as
meninas e tirando os chinelos. Vinícios teve seu olhar sugado para a cena na
beira do mar, seu corpo estremeceu inteiro. Antonio, de tão perto que estava do
corpo de Malu, apoiava-se apenas em um cotovelo, passou a mão pelo cabelo que
já encostava no rosto da menina.
– Principessa...
– colocou a mão grande no rosto dela.
Malu o empurrou
com força e ele caiu com as costas na areia. Levantando as mãos para o céu
gesticulando.
– Why? Why? I just wanna kiss you! What’s the problem
whith this?[3]
Ela saiu
correndo em direção à barraca. Não sabia se estava zangada ou sequer se
gostaria ou não de ganhar um beijo de Antonio. Era tudo bastante confuso.
Antonio levantou logo depois e a alcançou no meio da corrida. Ele a segurou e
forçou um longo beijo em seu rosto provando a seu modo que se ela não queria,
continuavam amigos.
Pegou Maria
Lúcia no colo e a carregava para tomar uma ducha de água doce antes de voltarem
à barraca.
– Ana Maria
Norões Fraga, você sabia disso? – Vinícios fulminou a amiga com o olhar.
– Receio que
sim... – ele falava tão sério que ela respondia temerosa.
– Há quanto
tempo?
– Pouco tempo...
Dias...
– E consegue
encontrar um motivo para não ter me dito nada antes?
– Calma, Vini.
Relaxa um pouco. – André batia nas costas do amigo – Você chegou ontem de
viagem... Ainda tem muito tempo de férias para você tirar o couro dessa pobre
coitada por conta desse namoradinho novo...
– Não se trata
disso... – Vini falou baixo, quase que somente para ele mesmo. Ana Maria sabia
o que se passava no interior do amigo.
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