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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Férias em casa

Pintar
Esse ano o dinheiro não deu para viajar. Não teve reajuste de salário. Os carros quebraram. O ar-condicionado também. E, para completar, greve. Resultado, férias em casa. Passei dias inteiros com a pequena dentro de casa, eu e ela. Nem por isso foi uma experiência menos agradável. Cansativa talvez.

Sempre que estou com a minha filha, eu penso que aquele momento é único e que ele vai passar (os bons e os ruins). Outro dia em pensava em como seria quando ela não mamasse mais, hoje, estamos trabalhando o desfralde e daqui a pouco ela já vai estar lendo por conta própria. Temos que aproveitar esse instante da vida em que ela faz tanta questão da nossa presença. Em que nós somos as pessoas mais especiais do mundo. Atitude que ela traduz todas as vezes em que nos vê após uma curta separação.

Dizem por aí que os dois anos são uma fase difícil. A adolescência da infância. Vai por mim. Sei o quanto pode ser complicado. Mas, ao mesmo tempo, com bastante paciência e um pouco de compreensão da fase como um todo, suas atitudes como pai vão ficando mais coerentes e consistentes. Eu, pelo menos, estou apostando nisso.

Banho de piscina
Aos dois anos, a criança se dá conta de que não é uma parte de você. Ela se percebe como um indivíduo, com gostos e vontades próprias. Por conta disso, comer vira uma luta, pois as preferências são várias e daqui que você descubra... Bia, por exemplo, criou uma aversão ao tom vermelho dos molhos que ninguém sabe dizer de onde veio. 

Além disso, eles começam a pensar que podem escolher o horário, modificando a rotina ao seu bel prazer. Então, é brincar para sempre, comer somente se necessário, tomar banho nem pensar e dormir nunca. E, para cada intervenção paterna, um escândalo de proporções catastróficas.

Primeira dica super difícil de cumprir: não se abale com choro. Dê colo. Console. Diga que está com ele e que entende. Mas seja firme. Menino precisa de disciplina. Menino não pode fazer o que quer na hora que quer. Se você não ensinar, a vida ensina. Já dizia minha avó. Para falar a verdade, menino nem sabe o que quer... Quem nunca ficou balançando uma criança exausta que lutava com todas as forças para não dormir que atire a primeira pedra. 

É normal testar limites. Saber onde ele termina e onde você começa. Mas, não se iluda, a criança precisa que você delimite o seu mundo, que lhe imponha fronteiras. Pois, como você mesmo vai perceber (talvez perto dos quarenta), um mundo em que você mesmo é o próprio limite pode ser assustador. E pode gerar inseguranças mil.

Chá de mentirinha em frente de casa
Tenho entendido que, com relação a crianças, mais vale se antecipar e planejar. Os dias em que eu simplesmente estava cansada e decidia deixar rolar eram os piores em termos de comportamento. Crianças da idade da minha filha precisam ser instigadas a fazer coisas diferentes. A palavra certa é orientação. Sem orientação, elas vão fazer o que sempre fazem e, em pouco tempo, ficarão entediadas com a repetição constante. O tédio é a oficina do diabo, gente. Aí, eles começam a traquinar. E não sobra um bibelô sequer sobre a mesa. O que eu estou querendo dizer é: planeje atividades para as suas crianças e, principalmente, brinque com elas. 

Não precisa ser nada elaborado. Às vezes, passo um tempão pensando em uma coisa, imaginando como a Beatriz vai se divertir com isso e com aquilo e tudo mais. No final, tudo que ela quer é que sentemos com ela e comamos comida imaginária que ela faz nos seus brinquedos. Que estejamos presentes. Sem celulares, sem televisão, sem almoço para fazer. E, nessas férias, foi isso que eu fiz. Planejei duas atividades por dia. Uma pela manhã e outra pela tarde. Um momentinho em que eu me sentava com ela e brincava, exclusivamente com ela. Por cerca de uma hora.

Banho de bacia com balões de água
Eu dava a proposta da brincadeira. Banho de piscina. Piquenique em frente de casa. Pintura. Mas era ela quem conduzia o percurso da alegria. Repetíamos o que ela gostava e criávamos coisas novas a partir dali. Era um tempo incrivelmente bem gasto. Depois dessa dose exclusiva de atenção, a rotina ficava bem mais fácil. A energia baixava e ela se entregava ao cansaço para dali a poucas horas recomeçar novamente.

Fizemos vários programas nessas férias. Dentro de casa e fora dela. Vocês vão acompanhar algumas das nossas atividades aqui no blog. Por enquanto, quero deixar apenas um recado para você que está passando por uma fase difícil com seus filhos, achando que fazem certas coisas de propósito para lhe tirar do sério e que a sua vida está mais complicada que a dos outros pais de alguma maneira. Você não está sozinho. Ser pai e mãe é cansativo mesmo. Dá trabalho mesmo. E você chora às vezes sim, com pena de si mesmo e de tudo que você perdeu escolhendo esse caminho. 

Mas aí você se lembra daquele sorriso pela manhã. E de como é ruim quando eles estão quietinhos porque estão doentes. E que eles são a oportunidade de voltar a ser criança um pouco. Percebe nessa hora que a brincadeira é o melhor remédio.  Então, brinque. Um pouquinho que seja, mas brinque. Coma comida imaginária. Pinte borboletas no seu rosto. Tome banho de piscina como se não houvesse amanhã, como se a piscina fosse deixar de existir. Porque um dia, o que eles estão descobrindo hoje realmente vai se tornar realidade e eles serão pessoas totalmente separadas de você. Nesse dia, o que restará de melhor entre vocês, serão esses momentos de felicidade explícita que vocês construíram e que não sairão da cabeça nunca mais.

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