Procurando dentro do blog

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Trecho de Pra você guardei o amor

Mariana se demorou diante do computador de Milena. Estava quase na hora da virada. Não tinha vontade de descer. Não estava no clima para luau. Talvez, sentisse falta de Guilherme. Talvez, a tristeza fosse justamente por não sentir a menor falta de Guilherme. Andava pensando, sentia agonia maior se não conversasse com DarkSideGeek do que se não falasse com Gui. Quanto mais ela iria aguentar viver daquela mentira?
Mexeu nas coisas da amiga, passou um pouco mais de rímel. Viu-se de vestidinho delicado amarelo, cabelo comprido em trança, flores naturais adornavam o penteado. Estava bonita, é verdade, mas aquela ali não era ela. Olhou para o seu anel de compromisso. A pedrinha verde. Kryptonita.
─ Pequena, você não vai descer? – André, sempre André, que passava pelo quarto da irmã em direção à escada, deve ter visto a luz acesa e entrou. Encontrou Mariana pensativa.
─ Não sei, Deco. Estou sem clima...
─ Está triste? – Ele entrou no quarto e encostou a porta. – É por causa daquela montanha aparvalhada que você chama de namorado?
─ Não trata o Guiga assim, ele não merece. – Brigou com ele que, para não irritá-la mais, mudou de assunto. André foi até a janela. Ficou olhando para irmã, extremamente feliz, dançando com o namorado.
─ Eles são tão lindos juntos, não é?
─ São sim. – Mariana concordou com um sorriso.
─ Pensei que não iam mais conseguir se acertar...
─ Não tenho muita experiência nesse assunto, André, mas acho que quando um sentimento tão forte assim toma conta da gente. Deve ser difícil tentar se ajustar...
─ Concordo com você, Pequena. – Continuava olhando o casal pela janela. – Às vezes, a gente guarda um sentimento desde criança dentro da gente, ele cresce com a gente, molda-se ao nosso corpo, à nossa cabeça, à nossa idade e ainda assim é muito difícil se ajustar a ele... Parece que ele vai sair a qualquer segundo. Que vai tomar posse da gente por inteiro. Chega até a dar medo.
Mariana, mesmo sem olhar para ele, sentia novamente aquele calor. Mais uma vez iam entrar no território proibido da sua paixãozinha de infância. Ela lutava tanto contra isso, cada vez estava mais presa. Podia esquecer por segundos que era completamente alucinada por André, para que ele, imediatamente depois, com duas ou três palavrinhas, um beijo, ou um olhar, fizesse com que ela se lembrasse de todos os suspiros que dera nesses anos todos.
─ Acho, Pequena, que quando se tratar de amor, o único jeito é ter coragem para se entregar e aprender a amar... – Ele continuava olhando pela janela.
De repente, a contagem da virada começou lá fora. Dez. Nove. Oito. André virou e Mariana percebeu algo de diferente. Aquele não era o sorriso solícito de sempre. Ali havia certa dose de malícia, uma malícia encantadora. O olhar também era novo. Estava assustada. Sete. Seis. Cinco. Meu Deus! Eram os olhos que adivinham por dentro. Os olhos que viravam você do avesso. Que a faziam perder um pouco de si. Quatro. Três. Dois. André se aproximou dela e a abraçou com muito cuidado. Se ela fizesse qualquer sinal de impedi-lo, ele pararia, mas ela não fez. Um!
Os fogos começaram a estourar fora da casa e dentro de Mariana também. André fez um carinho no rosto dela, chegou perto do seu ouvido. O coração de Mari batia apressado.
─ Calma, Pequena. Calma. É só mais um ano que chega. Toda novidade faz barulho. – André sussurrou antes de beijá-la.
Uma lágrima desceu pelo rosto de Mariana, uma lágrima de felicidade. Ele sempre sabia exatamente o que dizer.

***

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Atividade: Areia Comestível

Antes de qualquer coisa, tirei essa ideia de um dos meus canais favoritos do youtube o da Flavia Calina. Vou deixar o vídeo em que ela faz essa areia com a sua filha.

Essa areia é bem fácil de fazer e foi um sucesso aqui em casa. Como dito no vídeo, não é igual a areia do Sands Alive que já postei aqui. Porque a areia de brinquedo tem alguma coisa de elástico e essa não tem. Mas é maravilhosa mesmo assim, tanto porque dá para moldar, do mesmo jeito que a areia da praia, tanto porque se colocar na boca não tem problema já que ela é basicamente água e óleo.

Os ingredientes são:
Farinha de trigo - usei uma minha que estava vencida. Coloquei no microondas para matar os insetos que já a estavam habitando e deu certo. Tinha uns 700 gramas. 
Óleo - Qualquer um. Usei o de cozinha. Poderia ter sido outro. quem sabe até um cheirosinho como o de coco para dar um cheirinho. - Foi mais ou menos uma xícara. Você vai experimentando até dar liga de areia, mas sem ficar melequento.
Corante a base de óleo. - Os corantes alimentícios normais são a base de água. você deve se lembrar das aulas de química que água e óleo não se misturam. Se você colocar o corante normal vai fazer uma melequeira. Portanto, use um corante específico para chocolate. O chocolate também não aceita água. Os seus corantes são a base de óleo.



Estou colocando aí meu passo a passo. Misturar a farinha e o óleo até ficar na consistência de areia moldável. Depois, chegou a hora de colocar o corante. Eu fiz duas cores de areia, vermelha e verde. O corante, como vocês podem ver nas fotos, sai assim sólido. Ele vai dando a cor na medida em que se mistura.


Veja como dá para moldar. Fiz um copinho com a vermelha.
O corante.
 Cores misturadas, foi só montar a brincadeira. Já deixei a areia num potinho de plástico próprio, com alguns brinquedinhos: castelinhos, copos, colheres, pazinha. Enfim, tudo que se pode usar na praia

Usei a tradicional piscina azul. O que foi fundamental, pois a bagunça é grande. A Bia adorou. Brincamos por um bom tempo. ela não colocou na boca. Se tivesse colocado, não teria problema, a não ser pelo fato de que o gosto não é lá essas coisas.

No fim da brincadeira, recolhi o restante da areia e guardei no potinho plástico. Dá para brincar várias vezes já que farinha e óleo demoram bastante para estragar.




terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Mundo das Bolinhas - Via Sul Shopping

Pessoal, a dica de hoje é de programa para fazer com as crianças em Fortaleza. O shopping Via sul trouxe essa piscina de bolinhas enorme. e nós fomos lá conferir.

Nós fomos em um horário ótimo, porém inusitado. Dia 24/12, quinta-feira, véspera de natal, esperamos o shopping abrir para testar a atração na esperança de não estar lotado e foi fantástico, só tinha a Bia, depois chegaram mais duas crianças. Fomos os primeiros a entrar no dia.

O Mundo das Bolinhas deve ficar o mês de janeiro no shopping. Custa R$20,00 trinta minutos. Achei o preço aceitável já que trinta minutos para a Bia é até mais do que ela consegue aguentar. Além disso, você pode pagar por minutos adicionais e não é tão caro.

As crianças entre um e quatro anos só podem entrar com os responsáveis (Que pena!!!). Então nós dois revezamos a difícil tarefa de nos jogar nessa imensidão de bolinhas. Diz o site que são cerca de 200.000 bolinhas.

No regulamento, tem dizendo que adultos desacompanhados também podem brincar. embora não possam subir nos escorregadores. O preço é o mesmo. Mas nós não vimos nenhum adulto brincando. Acho que o povo fica com vergonha.

Bia simplesmente adorou o negócio todo. Não teve coragem de descer nos escorregadores (como sempre), mas curtiu demais a imensidão de bolinhas. Tinha horas em que ela simplesmente se perdia no meio de tantas bolas e pedia ajuda para se levantar. Foi um bom exercício de coordenação motora se mexer ali dentro.

Nós também brincamos de esconder e de jogar as bolinhas para cima. Faltando uns poucos minutos para acabar o tempo, ela pediu para sair. Nós saímos, almoçamos no shopping, depois voltamos para casa e o cochilo da tarde foi garantido. 

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Star Wars: o despertar da força - Representatividade

Oi, gente!

Esse fim de semana foi repleto de atividades e novidades. Tanto que a minha impressão é de que faz um século que não escrevo, quando na verdade, estou no mesmo ritmo de todas as semanas.

Foram tantas coisas bacanas que nem sabia por onde começar a escrever, porém, um assunto não saía da minha cabeça desde sábado, dia em que fui (finalmente) assistir ao Despertar da Força: representatividade.

Ir ao cinema é um dos programas dos quais mais sinto falta desde que me tornei mãe. Nesses quase dois anos da Bia, fui poucas vezes. E, com meu marido, acho que essa foi a primeira. Devo esclarecer que cinema, para mim, sempre foi atividade corriqueira. Tenho dificuldades em aceitar cinema como arte, prefiro mesmo os filminhos de amor bobinho ou de aventura, sem muito compromisso com a introspecção. Essa parte, na minha vida, eu entrego à Literatura. Mas, ainda assim, adoro o ambiente do cinema, quando as luzes se apagam, sinto que saio de mim, passo duas horas vivendo aquela realidade. É algo que me relaxa e em quase todas as situações de muito estresse na minha vida eu procurei uma sala de cinema para relaxar.

Dizem por aí que quando nasce uma mãe, nasce também uma culpa. Essa frase tem inúmeros significados que o dia a dia ensina. A questão é, para ir ao cinema, ainda não podemos levar a Bia, então, tanto eu quanto o Raphael ficamos nos sentindo muito mal de deixá-la na casa das avós. A sensação é sempre a de privá-la de algo que é dela por direito, nossa companhia. Afinal, ela já passa boa parte da semana sem a gente, ficar o fim de semana também é injusto.

Por outro lado, não assistir Star Wars no cinema é um pecado mortal. Então, armamos um esquema de guerra que funcionou em parte. O dia começou com a Bia na praia. Banho de mar, picolé, macaxeira frita. Muita brincadeira na areia. Depois foi banho e roupinha de dormir. Nesse clima de soninho, deixamos a Bia na casa da minha mãe. A intenção era ir na primeira sessão de cinema. Ou seja, ela ficaria dormindo em boa parte da nossa ausência. De fato, Bia dormiu o caminho até a casa da minha mãe inteiro, mas, no estacionar do carro, acordou, sem chance de retomar o cochilo.

Enfim, teve choradinha na despedida, nós fomos com o coração na mão, mas fomos.

Com relação ao filme, maravilhoso. Não quero me estender demais na descrição para não dar spoilers, mas achei uma fantástica passada de bastão. Para os fãs da série, foi emocionante rever todo mundo de todos os mundos. Além disso, foi fácil comprar o elenco novo com uma ou outra deslizada de leve. Star Wars (ainda que eu possa apanhar por dizer isso) não é conhecido pela consistência narrativa (quer coerência vá ver Star Trek), os personagens são planos e é uma luta bem definida entre o bem e o mal, sem muitas nuances, aliás, é claríssimo, até a cor do sabre muda. Mas o carisma de seus personagens conquista. Além da trilha sonora de arrepiar. Enfim, um mundo sem Darth Vader não teria a mesma graça. Mesmo breguinha e previsível o "Luke, eu sou seu pai" toca a gente lá no fundo, não é não?

E é por isso mesmo, por conta desse carisma incrível desses personagens, que resolvi escrever esse post. Porque é impossível não ficar maravilhada com a existência de Rey. Eu poderia falar a mesmíssima coisa de Finn, mas hoje vou falar da protagonista feminina de Star Wars.

Queridos, representatividade importa. Rey luta. Rey entende de mecânica. Rey dirige. Rey tem um sabre de luz. Uma mulher. Uma personagem maravilhosa. Uma heroína para encantar meninas por muitos e muitos anos. Meu coração se enche de júbilo, pois minha filha terá uma representante em quem se espelhar, sem precisar fingir ser homem para disparar a arma para empunhar o sabre de luz.

A saga já tinha nos dado a incrível Princesa Leia, para época, um ícone. Ainda assim, apesar de suas habilidades diplomáticas, não era mais do que o contraponto sensato de Han Solo. Além de ser o inevitável par romântico, pouco mais do que a tradicional princesa e ter de aparecer seminua para agradar o público nerd seco. Depois veio Padmé, mas como não se impressionar com a beleza e os figurinos de Natalie Portman? Uma princesa que lutava disfarçada, pois essa não era a sua função. 

Rey não. Rey está integralmente vestida. É uma menina linda. Mas não é a sua beleza que está em jogo. É seu heroísmo. Sua capacidade de enfrentar as adversidades. Ela é uma protagonista. A saga será sobre ela. O sabre de luz é dela. Ela é uma jedi. Vocês tem noção de como isso é importante para todas as meninas do mundo?

Representatividade importa. Trouxe a história da Whoopi Goldberg para ilustrar o que estou dizendo. Ver uma mulher negra na televisão mudou a sua forma de ver a vida. Rey vai mudar a forma de ver a vida de tantas meninas e de tantos meninos. Afinal, eles também precisam ver mulheres para além da sua beleza física. 

Não sei se minha filha vai gostar da saga. Nós faremos de tudo para convencê-la, mas ainda assim é uma pessoa com gostos próprios. Mas fico imensamente feliz de saber que ela terá essas personagens para se espelhar. Que ela poderá ver que o mundo (ou as galáxias) pertence a ela. Que não há limites reais impostos pela sua condição feminina. Que não existe apenas um jeito certo de se comportar. Que nem todas as meninas precisam ser princesas.

Vamos comprar essa ideia. Por um mundo com mais personagens com Rey.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Meus 5 filmes favoritos de Natal

Feliz Natal, meu povo!

Espero que esteja tudo as mil maravilhas por aí, muita uva passa no arroz, muita tia chata no sofá da sala perguntando como vai o coração, aquele sabonete da Natura de presente de amigo secreto, a roupa nova da C&A para sentar na sala. Enfim, pacote Natal-Brasil completo.

Eu, particularmente, adoro Natal. Sério mesmo. Amo a decoração. O clima. A musiquinha no shopping (Menos a Simone, mas até o Ivan Lins eu tô topando). As férias. A família (a minha é bacana. Até a tia chata vira piada depois). E a comida, é claro. Acho mesmo que aqui no Ceará fica faltando só a neve, mas isso é detalhe. Se der sorte, chove e o calor não fica infernal...

E uma das coisas que eu adoro dessa época são os filmes. Na casa da minha avó, a gente fica(ou ficava) esperando dar meia-noite para a ceia, sempre o primo alfabetizado mais recentemente ia ler um trecho da bíblia na maior vergonha e má vontade antes de comer e abrir os presentes, enfim, o pacote família inteiro, mas que traz ótimas lembranças. Durante a espera, é comum assistirmos a um filme enquanto os primos vão chegando das casas das outras famílias. Na infância, as férias reuniam os primos Urano no Brasil inteiro, então, o carinho daquelas brincadeiras no Morro Branco alimentadas à macarronada permanece até hoje. Nesses momentos, enquanto o filme rola solto, uns acompanham, outros põem a conversa em dia, nos nossos encontros cada vez mais raros.

Por isso, celebrando o clima família do feriadão, resolvi fazer um post diferente das dicas de atividades infantis e de livros, colocando 5 dos filmes que adoro desse período.

1) Esqueceram de mim 1 e 2 - Como não se apaixonar por Macaulay Culkin? Além disso, quem não sonhou em se livrar da parentada por pelo menos um feriado e curtir a casa sozinho? Adoro. Rio todas as vezes. E o dois, que se passa em Nova Iorque, é o meu favorito, principalmente as cenas da loja de brinquedo. Sem eles, gente, não é natal.

2) Simplesmente amor - Sem palavras. Quando o dia foi ruim de alguma forma, basta meia dúzia de cenas e você já volta a acreditar na humanidade. 

3) O amor não tira férias - Posso assistir mil vezes. Adoro os dois casais. Adoro o fato de uma parte se passar no frio e outra no calor (como aqui no Brasil, me sinto representada). Adoro a forma como as protagonistas superam seus problemas. Jude Law ganha meu coração sempre quando diz que é um weeper guy: chorão.

4) O estranho mundo de Jack - Maravilhosa animação. Jack, senhor da cidade de Halloween, encantando-se com o clima natalino e sequestrando Papai Noel é criatividade demais. Amo mais que chocolate.

5) Expresso Polar - Foi o mais difícil da lista. Tem tantos outros títulos mara para essa época, de Duro de Matar a Gremlins, mas vou ficar com esse mesmo já que Natal sem Papai Noel não tem graça. E essa animação é encantadora.

Veja uma lista maior de filmes aqui. E boas festas!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Pedro Bandeira

Minhas alunas me perguntam de onde tiro personagens tão perfeitos (principalmente os rapazes). Essa observação, obviamente, vale mais do que um post. Vale uma análise do que significa ser perfeito. Do que nós estamos habituados a entender por perfeição. Afinal, acho-os, sem exceção, meninos cheios de defeitos, são ciumentos, machistas, inseguros. Entretanto, maravilhosos em suas imperfeições como todos os seres humanos são. Mas, hoje, não vou discutir isso.

A afirmativa de que meus personagens são perfeitos me trouxe à memória uma entrevista que li há muito tempo do meu autor favorito de infanto-juvenil: Pedro Bandeira. 

Pedro Bandeira está intrinsecamente ligado à pessoa que me tornei. Ele é também o alicerce da escritora que quero ser. Meu modelo a ser seguido (não o único, mas o mais forte deles). Amo intensamente seus personagens como se fossem amigos de infância. A Isabel e o Fernando de A Marca de uma lágrima, Magri, Chumbinho, Crânio, Calu e Miguel, os Karas, são íntimos da menina Priscila que mora em algum lugar aqui dentro. São parte do meu imaginário. Cada um no seu estilo. Cada um da sua forma, completa uma lacuna de como os meus personagens devem ser.

Certa vez, disseram exatamente a mesma coisa a Pedro. Que seus adolescentes eram irreais. Que eles têm qualidades demais. Que, portanto, são inverossímeis. Uma tolice, na minha opinião. Conheci e continuo a conhecer adolescentes reais capazes de coisas muito mais incríveis do que as apresentadas por Pedro em seus livros, como organizar um balé ou tocar dezenas de instrumentos de ouvido, escrever poemas e compor um rap, animar crianças em hospitais e se declarar para namorada no serviço de som da escola. A realidade, nesse caso, é muito mais surpreendente que a ficção e é um dos motivos pelos quais adoro minha profissão, é como estar vivendo dentro de um dos livros de que tanto gosto.

A resposta que Bandeira deu até hoje me comove até os ossos, ele disse que seus adolescentes não são como a maioria dos adolescentes é, eles são como a maioria dos adolescentes deveriam ser. São inteligentes, perspicazes, determinados a fazerem aquilo que acreditam. Gente, essa entrevista guiou o meu pensamento adolescente, guia meus personagens até hoje. Na minha cabeça, e foi esta a forma que entendi as palavras de Pedro, eu não deveria me espelhar na maioria, a maioria tem inúmeros motivos para ser mais do mesmo. Não. Eu poderia ser eu mesma. Era isso que eu precisava buscar. Ser inteligente e irônica como a Isabel. Atleta como a Magri. O que me desse na telha. Eu deveria ser especial. Como os Karas são.

Meus personagens seguem a mesma linha. Milena organiza festas com dezesseis anos. Malu ganha uma bolsa para estudar medicina nos Estados Unidos. Felipe é medalhista olímpico. Vinícios dança e entende de motores. Ou seja, eles lutam pelos seus interesses, vão atrás das suas peculiaridades, antes de tudo são eles mesmos. E, talvez, suas conquistas sejam parte daquilo que as meninas entendem como perfeição.

A outra parte, a descrição física e a maneira como meus personagens falam e se comportam, bem, isso fica para outro post...

Por hoje, fica o meu agradecimento a Pedro Bandeira, por tudo que ele representa para mim e para tantos outros. Que ele continue a escrever por muito tempo e que eu possa, um dia, dar um abraço bem gostoso nessa pessoa tão incrível. 

Se você nunca leu nada de Pedro, fica a dica. Funciona melhor com jovens de onze, doze anos, mas o encanto não se perde nunca.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Onde está Wally?

Algumas vezes me perguntam o que fazer com as crianças que não leem. Para começo de conversa, todos os seres humanos gostam de histórias. Faz parte da nossa condição humana. É a forma mais fácil de aprender e, no nosso processo de evolução, nós e o nosso cérebro já sacamos que é melhor ouvir uma história e não cometer o mesmo erro dos personagens (o que pode ser fatal) do que fazer como os chipanzés e ir por tentativa. Então, crianças gostarão de ler. Basta apenas descobrir o quê.

Existe, entretanto, um momento de transição delicado. O momento em que deixamos de ler para eles e que eles passam a ler sozinhos. Nesse momento, o acompanhamento é primordial, pois o interesse precisa vencer as dificuldades. Ao ler para nossas crianças, além da nossa presença, que por si só já é um incentivo grande, nós fazemos as vozes, pontuação, explicamos as palavras que eles não conhecem e isso facilita demais. 

Crianças recém-alfabetizadas, entende-se aqui a faixa etária de seis a nove anos (sim, o processo de aquisição da língua escrita é demorado e, por que não dizer, permanente), não devem ser abandonadas com suas leituras. Eles tanto não têm maturidade para escolher o que ler, visto que seu conhecimento de mundo é limitado, quanto têm ainda dificuldades imensas com pontuação e vocabulário, o que prejudica o sentido. Se sua criança, nessa fase, achar que a leitura é uma atividade chata e difícil, uma tarefa enfadonha, o jogo está perdido.

Como é possível estimular essa criança? Na minha opinião, companhamento e interesse. Primeiro de tudo, não a deixe sozinha na exploração. Pergunte sobre o que está lendo. Ria das piadas bobas que ela acha engraçado nos livros que lê. Mostre o que você gosta de ler, pode até mentir ou relembrar o passado dizendo que ainda é fã do Chico Bento, responda as dúvidas e ensine a procurar o significado das coisas, no dicionário e no google (não adianta fingir que esse recurso não existe e exigir que a criança procure significados apenas nos dicionários).

Mas a chave da questão está principalmente no interesse. O assunto deve ser tão maravilhoso que a criança vai se sentir tentada a buscá-lo apesar das dificuldades. E isso é extremamente pessoal. Daí, você precisa saber o que é o interesse da sua criança. Cito alguns comuns: piratas, sereias, fadas, dinossauros, planetas, monstros. Vai do gosto do freguês. No meu caso, sempre adorei fantasia, das sereias e monstros, caí direto na cadeia lógica da mitologia grega, onde fiquei boa parte da minha adolescência. Já meu irmão gostava dos dinossauros e dos planetas, enveredou pelos caminhos das ciências naturais, mesmo assim é um leitor ávido.

Exemplo de página
Todo esse introdutório é para falar de uma dica de leitura para essa faixa etária específica. É certo que hoje lidamos com um excesso de estímulo tecnológico que não favorece em nada o desenvolvimento. Pelo contrário, cristaliza e emburrece.  Mesmo assim, com computadores, tabletes e celulares, nunca vi esse livrinho falhar. Trata-se da série Onde está Wally?

Esse livro ( na verdade, é uma série bem longa de livros) é um excelente incentivo à leitura, pois fica entre o livro e o brinquedo. Nele, você vai encontrar pequenas mensagens desse personagem (Wally) e terá de procurá-lo em cenas, as mais diferentes possíveis. As páginas são duplas e cheias de pessoas e situações inusitadas. A brincadeira é achar o desorientado Wally, os objetos que ele sempre perde e uma infinidade de outras coisas descritas nas páginas finais dos livros.

Criada pelo ilustrador britânico Martin Handford em 1987, a série fez um sucesso estrondoso, chegando a virar desenho animado. Publicado no Brasil pela editora Martins Fontes, esses livros esgotaram na época. Ainda me lembro bem da primeira vez que o vi. Foi presente de aniversário ou natal de uma prima. Disputávamos para brincar sozinhos achando as coisas e nos divertíamos procurando juntos nas páginas grandes e coloridas em grupos de duas ou três crianças.

Hoje em dia, existem inúmeras variações desse livro de procurar, da marvel, da disney, enfim, é fácil achar na livraria. Ainda acho o Wally o melhor entre eles porque traz cenas inusitadas e a possibilidade de adquirir um extenso vocabulário. Exemplo, nas páginas de trás, será pedido que a criança encontre um viking com uma trompa, corre um risco muito grande de que as crianças de nove anos não saibam nem o que é viking, nem o que é trompa. Para achar a figura, será necessária uma explicação, talvez até uma pesquisa rápida. Essa pesquisa é uma porta para novos interesses. Vai que seu filho vai adorar histórias de vikings?

Além disso, Onde está Wally? estimula a concentração e o contato com o objeto livro. Uma outra coisa maravilhosa é que não tem resposta. Se você não achar, não tem como saber onde está. Então, de quebra, ainda vamos aprender a lidar com a frustração e trabalhar a determinação.

Eu poderia passar mais meia hora só falando desses livrinhos de que tanto gosto. Mas acho que esse post já ficou grande demais. 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Atividade: gelatina


A sugestão de atividade de hoje é super simples, barata, divertida até não poder mais, porém, exige preparação prévia e disposição para lidar com bagunça, afinal, bagunça é o objetivo. Trata-se de uma caça ao tesouro dentro da gelatina.

Todo mundo sabe o quanto é importante a estimulação sensorial em bebês. Eles precisam descobrir o mundo, como estão limitados pela fragilidade de seus corpos, somos nós que devemos apresentar o maior número de substâncias a eles. Eu contei os dias para apresentar a gelatina à Bia.

Gelatina é o máximo. Quem não se sente tentado a ficar brincando de tremer a gelatina na colher? Quem não gostaria de pisar numa piscina de gelatina? É irresistível! A textura e as cores fortes nos seduzem e farão o maior sucesso com os pequeninos. Além de ser supersaudável. Veja aqui alguns benefícios inacreditáveis da gelatina. Meu único cuidado foi com os corantes. Esperei o pediatra liberar. Até hoje, exponho parcialmente a Bia ao corantes (não só da gelatina), porque na minha família é recorrente casos de alergia.

A primeira vez que fiz essa atividade, minha filha tinha onze meses e foi muito legal, apesar de ter demorado um pouco para que ela se interessasse. Às vezes, gente, isso acontece, nós nos preparamos com todo o entusiamo e a criança nem liga. Vale sempre dar uma insistida, mas também é necessário saber reconhecer a derrota. Eles têm vontade própria. Não quer de jeito nenhum, deixa para lá. Senão a diversão se torna obrigação e perde a graça e o sentido. No meu caso, inicialmente, a Bia não quis meter a mão na gelatina. Teve medo, talvez, vai saber. Daí, eu dei uma colher e a coisa começou a funcionar melhor.

Para organizar a brincadeira, basta fazer a gelatina, colocar num recipiente transparente (não é obrigatório, mas é melhor, porque a criança, principalmente as menores, podem ver o que tem dentro) e deixar pequeno brinquedinhos a serem explorados dentro da gelatina. Na primeira vez, coloquei uma pulseira de silicone, um medidor de leite (daqueles que vem na lata de fórmula) e uma colher. Não precisa inovar, o foco é a gelatina. 

Refiz essa atividade recentemente. Dessa vez, com a Bia mais velha, coloquei frutas vermelhas dentro da gelatina. O sucesso se repetiu. Com onze meses, Bia quase não colocou a gelatina na boca. Ela, depois do receio inicial, deteve-se em escavar a gelatina até conseguir tirar o último brinquedinho. Ficou mais do que satisfeita de ter executado a tarefa sozinha. A bagunça foi grande. A fralda ficou absolutamente toda verde.

Agora, Bia comeu bastante da gelatina antes de começar a brincar. Adorei o esforço que ela fez para levar a gelatina à boca com a colher. Excelente exercício de coordenação. Quando estava satisfeita (é gelatina demais para comer sozinha), a brincadeira começou. Dessa vez, muito mais solta. Explorou de todas as formas. Até meteu o pé dentro de copo plástico. E, ao achar as frutas, a festa foi maior ainda. Ela não as comeu (já deveria estar cheia). Mas adorou o barulho que faziam quando eram esmagadas pelas mãos.

Mais uma vez, usei a super piscina azul de plástico. Depois da farra, foi só jogar debaixo do chuveiro tanto a criança quanto a piscina. A farra foi grande, mas é preciso ficar de olho na sujeira, principalmente com as crianças que já andam, pois sair procurando mancha de gelatina pela casa não é das atividades mais prazerosas.

Espero que tenham gostado. Até a próxima!



sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Trecho de Por Onde Andei

Bruna


Eu tinha prometido a mim mesma que não iria mais pensar sobre o assunto Carlos Eduardo. Mas quando eu o vi ali no vidro, isso tudo que eu tinha programado foi por água abaixo e eu simplesmente sorri. Sorri com a alma. Meu Deus, eu amo esse garoto idiota.
Mesmo assim, eu não precisava a essa altura do campeonato, implorar pelo amor de ninguém. Não ia fraquejar diante dessa atração. Eu ia resistir com todas as minhas forças. Ele era tão ocupado que nem notaria. E esse aperto no peito ia virar amizade. Deu certo com Felipe, daria certo com Kadu também. Eu queria muito acreditar nisso.
A cena que presenciei na sala ao lado reforçou meu pensamento. A parceira de Kadu, aos prantos, tentava beijá-lo e ele não se movia. Frio como o Alasca. Ele tirou os braços dela de cima dele. Encararam-se por um instante e ele recolheu suas coisas e saiu da sala.
Entrei no banheiro antes que ele me visse. Nem saberia o que dizer. A moça estava muito apaixonada, dava para ver. Só o fato de me abordar no banheiro naquele dia já demonstrava coragem. Mas ele não deu a mínima. Ela estava destruída.
Confesso que fiquei satisfeita por ele a ter recusado. Era uma moça bem bonita. Mas, ao mesmo tempo, senti medo. Medo da frieza no coração do meu parceiro.
─ Brunilda, temos um problema. – Foi assim, como se nada tivesse acontecido, que ele me recebeu na sala. – Não sei o que fazer com esse funk.
─ Como assim? – Esse era o ritmo mais fácil de todos.
─ Ainda nem consegui escolher a música da coreografia. Só tem porcaria.
─ Deixa eu ouvir... – Peguei o pendrive onde ele guardava as músicas selecionadas e saí passando uma por uma. – Também, né, Kadu, só tem chatice.
─ Chatice? – Ele começou a rir. – Foram as melhores que eu encontrei. Não quero nada vulgar para não estragar a sua imagem, primeira-dama do futebol brasileiro. – Gostei de imaginar que ali poderia haver uma pontadinha de ciúmes.
─ Certo. Quanta elegância! Não podia esperar menos do garoto certinho da sociedade. Não tinha uma versão funk do Bolero de Ravel, não?
─ A gente pode tentar...
─ Quero ver como o senhor espera que nós passemos para a próxima fase da competição sem rebolar.
─ Você acha realmente necessário?
─ Acho. – Fiz que sim com a cabeça. – Agora tente relaxar. Deixa eu ver um pouco do seu rebolado.
─ Meu rebolado? Nunca rebolei na vida.
─ Vamos, Kadu. Que tal um pouco de Channing Tatum para mim?
─ Quem?
Tirei meu celular da bolsa e mostrei um vídeo de Se ela dança, eu danço para o meu parceiro incrédulo. Depois, mais uma ou duas performances de Channing, mas ele continuava a me olhar admirado.
─ Você realmente nunca tinha visto ninguém dançar assim?
─ Não. – Foi a resposta mais óbvia.
─ Bom, então, eu sugiro que o senhor passe uma tarde de pesquisas e me encontre às oito da noite no meu prédio. Nós vamos ter de ver a coisa acontecendo in loco.
─ Você vai me levar num baile funk?
─ Você tem ideia melhor?- Adoro a cara dele quando perde o controle.
─ Como é que eu vou desse jeito para um baile funk de verdade? – Apontava para si mesmo e suas roupas de marca.
─ Ah é! Eu tinha me esquecido. Na favela só tem preto, pobre e ladrão. Um menininho loirinho que nem você vai ser molestado logo na entrada. – Detesto preconceito.
─ Eu não quis dizer isso... – Ele baixou o rosto com vergonha.
─ Quis sim, riquinho. Mesmo assim, você vai estar de calça jeans e camiseta branca na porta do meu prédio, ok?
─ Bruna, desculpa se eu pareci prepotente...
─ Ah! Aí está! Ainda bem. Já estava sentindo falta das desculpas...


***

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Olivia

Semana passada, uma colega de trabalho me pediu emprestado o Até as princesas soltam pum, como sei que crianças não se contentam com pouca coisa, aproveitei e mandei junto o Olívia não quer ser princesa. Segundo a colega, Olivia fez ainda mais sucesso do que as princesas. E não é difícil imaginar o porquê.

A porquinha idealizada por Ian Falconer é incrível. Adora ópera. Pintar. Música. Teatro. Roubas vermelhas e dramáticas. É extremamente ativa e está sempre preocupada em estar fazendo alguma coisa, nem que seja perturbar seu irmão. Olivia é o tipo de criança que é um exercício de paciência para qualquer pai. Exatamente igual a sua.

Gosto das ilustrações que são maravilhosas. Gosto da criatividade e da personalidade forte de Olivia, que não se conforma em ser igual a todo mundo. Mesmo na hora de dormir. Fazer Olivia se conformar em deitar na cama e descansar até o dia seguinte com todas as milhares de coisas que ela poderia estar fazendo é uma árdua tarefa. Quem não conhece essa história? Quem nunca tentou tirar uma criança da brincadeira dizendo que está na hora de dormir?

Mas, acima de tudo, gosto das inúmeras referências eruditas que as obras trazem, colocando cultura como uma coisa cotidiana  na vida das crianças. Se as crianças podem achar bonito um pôster das princesas decorando o seu quarto, por que não conhecer Degas, Van Gogh ou Matisse? Olivia mostra que isso é mais do que possível. E acho a iniciativa válida.

Aqui no Brasil, tenho conhecimento de quatro livros da porquinha (mas outros podem ter sido lançados). São eles Olivia, Olivia não que ser princesa, Olivia ajuda no natal e Olivia perdeu seu brinquedo. Em Inglês, são pelo menos dez livros. 

Olivia ficou tão famosa que tem um desenho animado em um dos canais relacionados à Disney, embora eu nunca o tenha assistido, pelo que vi no youtube, pareceu-me bem fiel à obra. Além disso, tem um site (em inglês) com várias atividades para fazer com as crianças. Veja clicando aqui.

Recomendo demais. Até os adultos vão amar por conta das belíssimas figuras e das gracinhas exageradas dessa porquinha estilosa. Olivia, apesar de ser menina, é uma leitura que encanta ambos os sexos e é uma boa oportunidade de ensinar igualdade de gêneros para meninos e meninas. Não tem erro, Olivia vai maravilhar os pequenos de três a sete anos.







quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Música e trabalho de composição

Uma coisa interessante sobre o meu trabalho de composição é a relação com a música. Bem, gente, ela é tão grande que todos os meus romances têm nomes de músicas de Nando Reis. Inclusive o Pra você guardei o amor, não, eu não inventei esse título breguinha! Essas músicas servem de base e inspiração para o meu processo de criar e costurar histórias e personagens.

Como nas novelas e filmes, meus capítulos e personagens são embalados por músicas que nem sempre aparecem. Porque nem sempre dá para encaixá-las na sequência narrativa, mas escuto uma centena de vezes cada uma delas no processo de escrever essas sequências. E elas contaminam o cenário como um todo. É o caso de Meu Universo é Você e Os corações não são iguais do Roupa Nova. Essas músicas são a base de composição do personagem Vinícios.  Veja você mesmo como se relacionam.

Elas nem combinam tanto assim com o público que lê minhas histórias, embora grandes músicas não tenham necessariamente tempo de validade, mesmo assim, fazem parte do meu processo criativo. Já pensei em colocar essa lista no final dos livros. Já pensei em batizar os capítulos com os nomes delas. Mas achei desnecessário.

Que fique claro, entretanto, que respeito plenamente o direito do leitor de escolher ele mesmo a trilha sonora daquilo que está lendo. Mas acho que é legal saber um pouco de o que eu estava ouvindo quando escrevi cada personagem. Milena, por exemplo, para mim, é referência clara a Burguesinha de Seu Jorge e o Felipe tem a voz mansa e a determinação da letra de Jason Mraz em I won't give up

I won't give up eu consegui encaixar no livro em uma das minhas cenas favoritas. E era uma coisa que eu ficava me perguntando o tempo todo, se as pessoas que liam iam atrás de ouvi-las, se sabiam que música eram, se as relacionavam com os personagens. Eu mesma, quando leio Paula Pimenta, que adora colocar referências a músicas, nunca vou atrás de ouvi-las. Para mim, não faz diferença.

Mas as pessoas são diferentes, a primeira pessoa a se referir ao encaixe perfeito entre cena e música foi uma aluna minha deste ano, a Eduarda. Assim como eu, ela gosta da cena de I won't give up. Ela me disse que desceria na mesma hora se um cara tocasse essa música na janela dela. Eu também. Eu também. Eu também.

Depois disso, ela e a Bruna, quando leram o Por Onde Andei, disseram que as músicas eram perfeitas para a história. O livro tem várias cenas de dança e é óbvio que as músicas se encaixam com as coreografias, mas tem duas músicas no livro que, a meu ver, são fundamentais para compreender a relação de Kadu e Bruna. Here with me de Dido, quando eles transam pela primeira vez, essa música tem o ritmo deles. E Por um minuto de Bruno e Marrone. Que é exatamente eles dois. A História deles dois. Eu não a conhecia antes de escrever, mas bastou ouvi-la uma vez para saber que seria a música da final da Dança das Celebridades.

Para Resposta, tenho ouvido muita coisa. As músicas recentes me ajudam a deixar os romances atuais. As antigas dão às histórias uma atemporalidade que me interessa. Ainda não sei como as músicas se encaixarão na narrativa, mas, certamente, estarão todas de uma forma ou de outra entranhadas na história. 

Veja uma parte da lista:

Always on my mind - Elvis
Camarote - Wesley Safadão
Que sorte a nossa - Paula Mattos


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Atividade: Pintura em gesso

Tem uma coisa muito bacana acontecendo em Fortaleza. As pessoas estão voltando a ocupar as praças e espaços públicos. Já não é mais tão raro encontrar pracinhas com uma estrutura (infelizmente a estrutura não é pública) para as crianças brincarem. Aqui perto de casa tem pelo menos dois lugares onde costumamos ir com Trenzinho da Alegria, pula-pula, piscina de bolinhas e pintura de gesso. Sempre que vamos a um desses lugares, a Bia acaba pintando uma pecinha de gesso. O gesso é muito baratinho e eu acho essa atividade o máximo. Por isso, resolvi reproduzi-la aqui em casa.

Comprei o gesso que é super barato (R$3,00/kg). Segui a instrução da embalagem e coloquei em forminhas de acetato. Essas forminhas são bem baratas também, menos de um real se você comprar no lugar certo, elas servem para fazer chocolate ou sabonete. Vendem em lojas de artesanato. As minhas são de flores e borboletas. Mas também usei uma forma de gelo que tinha aqui em casa no formato de frutas e um brinquedo de praia da Bia (aqueles de fazer bolinhos de areia) no formato de tartaruga e também deu certo.

O gesso seca bem rápido. Se você quiser, durante a secagem, pode colocar na peça um aro de latinha de refrigerante. Esse aro pode servir para você pendurar a peça em um prego na parede depois de pintado. Vai da criatividade de cada um. Eu usei a embalagem de sorvete para hidratar e mexer no gesso. Você precisa saber que, ao descartar o que sobrou, não use a sua pia, jogue na areia, pois ele entope os encanamentos. Em todo caso, você também pode comprar as peças já prontas.

Vamos à pintura.

Usei a tradicional piscininha de plástico azul e a inseparável caixa de papelão. A Bia ganhou esse avental de TNT em uma festinha de aniversário e usamos muito. Excelente ideia de lembrancinha. A lembrança da festa, aliás, era um cofrinho de porquinho de gesso para as crianças pintarem.

Com relação à tinta, usei uma dessas embalagens plásticas para transportar ovos para separar as cores (pode ser uma forma de gelo também). Eu evito usar os próprios potinhos das tintas, porque sei que a minha artista vai misturar as cores em algum momento, o que vai acabar estragando a tinta. Além disso, os potinhos vêm com muito mais tinta do que o necessário para atividade, deixá-los à disposição favorece a melequeira.

Ainda sobre tinta, coloque apenas três ou quatro cores à disposição da criança, mesmo que você tenha vinte cores de tinta em casa. Primeiro, porque misturar as cores é parte do aprendizado dessa atividade. e, em segundo lugar, porque opções demais, em qualquer tipo de situação, não somente na pintura, confundem as crianças pequenas. 

Depois de preparado o espaço, é só deixar acontecer. Deixo pincéis (um para mim e um para ela), pecinhas de gesso, copo com água para limpar a tinta na mudança de uma cor para outra e papel toalha à mão(o melhor amigo da mãe moderna).

Vou logo avisando que vai ter sujeira e que tem que acompanhar de perto. Bia não coloca a tinta na boca, mas, em algum momento, abandona o pincel e parte para o dedo. Sem falar que, uma vez, usei tinta para fazer um desenho no corpo dela e, desde então, ela repete o procedimento. Como já sei que o que vai acontecer, eu mesma desenho alguma coisa no rosto dela e deixo ela esfregar a tinta pelo corpo. O banho, obviamente, já está preparado para o passo seguinte. Prepare-se para esfregar, viu? A tinta é guache e fácil de sair, mas eles conseguem colocar tinta em cada canto que só vendo.

Eu sempre tenho várias pecinhas de gesso para, caso o interesse continue, ela tenha o que pintar. Ela fica concentrada por uma boa meia hora. Agora, aqui a atenção é constante, se não ela sai pintando colcha de cama, parede, e mais o que tiver pela frente.

E o que fazer com essas pecinhas depois? Há quem as acumule pela casa. As peças de pendurar na parede são mais fáceis de manter e de usar como decoração. Bem, as que faço aqui são bem pequenas. Eu as estou colocando em sacolinhas mimosas de tecido e as darei agora no natal para os amigos, tios, pessoas que cuidam da Bia durante um ano. Um presente feito por ela. Já dei o primeiro para a moça que trabalha na casa da minha avó e ajuda a cuidar da Bia, ela adorou.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Beach Park

Oi, gente, hoje trago para vocês como foi nossa primeira visita ao Beach Park. Eu estava bem apreensiva por causa da idade da pequena e na exposição ao sol, mas acabou sendo maravilhoso. Vou descrever o processo inteiro para vocês.

Bom, nós não levaríamos a Bia ao Beach Park tão cedo. Crianças até um metro não pagam ingresso, mas o adulto sim e custa bem caro (R$195,00). Nós não sabíamos como ela reagiria, o quanto aproveitaria, por isso, a intenção era levá-la quando tivesse mais de cinco anos. Porém, o irmão do Raphael nos deu duas cortesias e achamos que, com alguma preparação, valeria a tentativa.

O Beach Park é (ou era) o maior parque aquático da América Latina. Segundo o Site, são 7.793.000 litros de água. O preço é salgado, mas a estrutura é de primeiro mundo. Já é um programa tradicional aqui no Ceará, além de ser conhecido pelos turistas. Nos seus 30 anos de funcionamento (nem acredito que já tem tudo isso), mudou para caramba. E sempre tenta atender novas demandas.

Quando criança, fui várias vezes ao Beach Park e posso atestar com segurança essas mudanças. "No meu tempo", não havia espaço para crianças pequenas que não sabiam nadar. Eram apenas os toboáguas e a correnteza encantada. Hoje, ao mesmo tempo que os escorregadores estão cada vez mais radicais, as atrações são extremamente diversificadas, há espaços para os idosos que gostam de se estirar nas cadeiras de sol e molhar os pés na piscina com ondas, assim como há uma graduação de atrações para os menores, indo de um espaço que favorece aos que nem andam ainda a tobogãs pequeno para as primeiras descidas dos meninos e meninas de cinco anos. Tudo muito seguro e com a presença mais do que constante de salva-vidas.

Nesse cenário, minha aprendiz de peixe se esbaldou. Devidamente besuntada de protetor solar e protegida pela sua camisetinha de proteção (legal saber que ela não vai passar por uma das piores consequências de um dia de exposição ao sol, as costas queimadas. Essas camisas agora são quase que o padrão, todas as crianças usam), aproveitou demais. Sua atração favorita foi o Acqua Circo. Com seu piso emborrachado e suas lonas que dão uma sombrinha, a meninada corre solta entre esguichos de água que saem absolutamente de todo lugar. A água bate no calcanhar e o risco de afogamento para uma criança que já domina a correria como a Bia é bem pequeno. Foi pura farra.

A segunda opção da Bia foi a Ilha do Tesouro. Esse espaço demandou bem mais atenção, pois o chão não é plano, nem emborrachado. O risco de escorregar é pequeno, porém existem espaços mais fundos e outros mais rasos, em alguns lugares, a água batia no peito da Bia. É para crianças um pouco mais velhas. Ela adorou. 

No meio do ano, colocamos a Bia na aula de natação. Vimos claramente o quanto o dinheiro foi bem gasto. Ela já segura a respiração na hora dos mergulhos e se sente super à vontade no ambiente aquático. Ensaia boiar, bater as perninhas e se deslocar sozinha. É, certamente, um investimento que continuaremos a fazer.

Acho a Bia meio medrosa de descer em escorregadores, aproveitei a ocasião e a incentivei a descer em um (bem baixinho) de serpente marinha. Ela precisava subir sozinha, nós não podemos subir. Ela foi, mas bateu a cabeça na descida e ficou receosa de ir de novo. Bom, tudo tem seu tempo.

Também fomos a Arca de Noé que foi a primeira atração voltada para os pequeninos que o Beach Park criou. Assim como a Ilha do Tesouro, o chão é irregular e tem pequenos escorregadores e esguichos no formato de bichinhos. Nesse espaço, às vezes tem  shows com personagens e fica meio congestionado, não nos detivemos muito nele.

Com relação a rotina do dia no parque com uma criança pequena, agimos assim:
1) Depois de um café da manhã mais reforçado. Chegamos cedo (10:00), antes das atrações abrirem. A Bia estava numa ansiedade só. Mas foi melhor assim porque não pegamos fila.
2) Alugamos um armário. A parafernália de coisas que um bebê precisa ninguém merece ficar carregando para lá e para cá debaixo de sol. Além do que, precisamos de todas as mãos e atenção possíveis para acompanhá-la nos brinquedos.
3) Tiramos fotos apenas no começo e depois guardamos a câmera. Alguns momentos são para ser vividos. A preocupação com a câmera e o celular atrapalha.
4) O protetor solar foi passado ainda em casa e reaplicado no retorno à piscina. Assim como a fraldinha de piscina. Existem fraldas somente para praia e piscina, elas deixam passar o xixi (muitos pais não sabem disso) e servem para segurar o cocô. São bem mais caras que as normais. Usamos uma quando os brinquedos foram liberados. Na hora da soneca, trocamos por uma normal. Depois, tornamos a usar uma fralda de piscina e, na saída, banho no chuveirão e fralda normal de novo.
5) Ao meio dia, Bia estava esgotada. As atrações abrem por volta das onze. Então, nós a secamos, colocamos uma roupa seca. Deitamos com ela em uma das espreguiçadeiras num local em que o sol não batia e havia certo silêncio. 
6) Levamos leite em pó na mamadeira, misturamos com a água mineral (Bia não foi acostumada a tomar leite quente), ela tomou e dormiu.
7) Nesse tempo nós almoçamos. Os preços lá dentro são astronômicos, então, foi só um lanche.
8) Bia dormiu até 15:00 h. Deu até tempo de ir em alguns brinquedos. Eu desci no toboágua azul do Ramobrinká e tomei um banho de balde (libera 1800 litros de água de uma vez) no Acqua Show.
9) Ao acordar, Bia comeu passas e bolachinhas integrais que levei de casa sem problemas. O parque diz que não se deve levar comida. Mas isso, além de ser venda casada e ser considerado crime, é inconveniente, pois as opções de alimentação para crianças não são adequadas. Tem um self-service que é bem cheio o tempo todo, mas a maioria dos quiosques é de churros, hambúrgueres e cachorros-quentes. Vi que vendem as papinhas industrializadas também. 
10) Mais uma hora e meia de brincadeira e recolhemos o acampamento, antes do parque fechar e das filas para pagar.
11) Demos um banho no chuveirão nela com água doce, shampoo e sabonete. Esse é o nosso procedimento de praia normal. Já levamos a Bia para casa arrumada, seca e de roupa trocada. Em caso de sono, não precisamos passar pelo chororô de acordá-la.

Não é uma brincadeira barata. Mesmo com as cortesias, entre lanches, souvenires (faço coleção de lápis, eu tinha que comprar uns), estacionamento e armário, foram uns duzentos reais. E, no frigir dos ovos, a Bia brincou nos brinquedos por cerca de duas horas e meia. Ainda assim, foi uma experiência muito gratificante. Saímos os três arrasados, com uma sensação boa de dia bom e de excelentes memórias, planejamos voltar um dia e, o principal, ninguém saiu machucado ou doente, o que muitas vezes acontece por conta de excessos.