Esse fim de semana foi repleto de atividades e novidades. Tanto que a minha impressão é de que faz um século que não escrevo, quando na verdade, estou no mesmo ritmo de todas as semanas.
Foram tantas coisas bacanas que nem sabia por onde começar a escrever, porém, um assunto não saía da minha cabeça desde sábado, dia em que fui (finalmente) assistir ao Despertar da Força: representatividade.
Ir ao cinema é um dos programas dos quais mais sinto falta desde que me tornei mãe. Nesses quase dois anos da Bia, fui poucas vezes. E, com meu marido, acho que essa foi a primeira. Devo esclarecer que cinema, para mim, sempre foi atividade corriqueira. Tenho dificuldades em aceitar cinema como arte, prefiro mesmo os filminhos de amor bobinho ou de aventura, sem muito compromisso com a introspecção. Essa parte, na minha vida, eu entrego à Literatura. Mas, ainda assim, adoro o ambiente do cinema, quando as luzes se apagam, sinto que saio de mim, passo duas horas vivendo aquela realidade. É algo que me relaxa e em quase todas as situações de muito estresse na minha vida eu procurei uma sala de cinema para relaxar.
Dizem por aí que quando nasce uma mãe, nasce também uma culpa. Essa frase tem inúmeros significados que o dia a dia ensina. A questão é, para ir ao cinema, ainda não podemos levar a Bia, então, tanto eu quanto o Raphael ficamos nos sentindo muito mal de deixá-la na casa das avós. A sensação é sempre a de privá-la de algo que é dela por direito, nossa companhia. Afinal, ela já passa boa parte da semana sem a gente, ficar o fim de semana também é injusto.
Por outro lado, não assistir Star Wars no cinema é um pecado mortal. Então, armamos um esquema de guerra que funcionou em parte. O dia começou com a Bia na praia. Banho de mar, picolé, macaxeira frita. Muita brincadeira na areia. Depois foi banho e roupinha de dormir. Nesse clima de soninho, deixamos a Bia na casa da minha mãe. A intenção era ir na primeira sessão de cinema. Ou seja, ela ficaria dormindo em boa parte da nossa ausência. De fato, Bia dormiu o caminho até a casa da minha mãe inteiro, mas, no estacionar do carro, acordou, sem chance de retomar o cochilo.
Enfim, teve choradinha na despedida, nós fomos com o coração na mão, mas fomos.
Com relação ao filme, maravilhoso. Não quero me estender demais na descrição para não dar spoilers, mas achei uma fantástica passada de bastão. Para os fãs da série, foi emocionante rever todo mundo de todos os mundos. Além disso, foi fácil comprar o elenco novo com uma ou outra deslizada de leve. Star Wars (ainda que eu possa apanhar por dizer isso) não é conhecido pela consistência narrativa (quer coerência vá ver Star Trek), os personagens são planos e é uma luta bem definida entre o bem e o mal, sem muitas nuances, aliás, é claríssimo, até a cor do sabre muda. Mas o carisma de seus personagens conquista. Além da trilha sonora de arrepiar. Enfim, um mundo sem Darth Vader não teria a mesma graça. Mesmo breguinha e previsível o "Luke, eu sou seu pai" toca a gente lá no fundo, não é não?
E é por isso mesmo, por conta desse carisma incrível desses personagens, que resolvi escrever esse post. Porque é impossível não ficar maravilhada com a existência de Rey. Eu poderia falar a mesmíssima coisa de Finn, mas hoje vou falar da protagonista feminina de Star Wars.
Queridos, representatividade importa. Rey luta. Rey entende de mecânica. Rey dirige. Rey tem um sabre de luz. Uma mulher. Uma personagem maravilhosa. Uma heroína para encantar meninas por muitos e muitos anos. Meu coração se enche de júbilo, pois minha filha terá uma representante em quem se espelhar, sem precisar fingir ser homem para disparar a arma para empunhar o sabre de luz.
A saga já tinha nos dado a incrível Princesa Leia, para época, um ícone. Ainda assim, apesar de suas habilidades diplomáticas, não era mais do que o contraponto sensato de Han Solo. Além de ser o inevitável par romântico, pouco mais do que a tradicional princesa e ter de aparecer seminua para agradar o público nerd seco. Depois veio Padmé, mas como não se impressionar com a beleza e os figurinos de Natalie Portman? Uma princesa que lutava disfarçada, pois essa não era a sua função.
Rey não. Rey está integralmente vestida. É uma menina linda. Mas não é a sua beleza que está em jogo. É seu heroísmo. Sua capacidade de enfrentar as adversidades. Ela é uma protagonista. A saga será sobre ela. O sabre de luz é dela. Ela é uma jedi. Vocês tem noção de como isso é importante para todas as meninas do mundo?
Representatividade importa. Trouxe a história da Whoopi Goldberg para ilustrar o que estou dizendo. Ver uma mulher negra na televisão mudou a sua forma de ver a vida. Rey vai mudar a forma de ver a vida de tantas meninas e de tantos meninos. Afinal, eles também precisam ver mulheres para além da sua beleza física.
Não sei se minha filha vai gostar da saga. Nós faremos de tudo para convencê-la, mas ainda assim é uma pessoa com gostos próprios. Mas fico imensamente feliz de saber que ela terá essas personagens para se espelhar. Que ela poderá ver que o mundo (ou as galáxias) pertence a ela. Que não há limites reais impostos pela sua condição feminina. Que não existe apenas um jeito certo de se comportar. Que nem todas as meninas precisam ser princesas.
Vamos comprar essa ideia. Por um mundo com mais personagens com Rey.
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