Quem me conhece direito sabe do meu fascínio por Mitologia Grega. Durante boa parte da minha adolescência, estive encantada com os mandos e desmandos de Zeus e os Olimpianos.
Em verdade, até meus alunos percebem como este é um dos meus temas favoritos. Todos os anos, conto nos finais das aulas, um pedaço da envolvente estória de Eros e Psiquê.
A Mitologia Grega, com certeza, é a minha favorita, Adoro como os mitos se relacionam uns com os outros numa cadeia lógica imensa. Isso, porém, não significa dizer que não me interesse pelas outras mitologias. A Nórdica e a Egípcia, por exemplo, também já fizeram parte dos meus estudos anteriormente. A Mitologia Africana, entretanto, como tudo que diz respeito a este continente, acabou negligenciada.
Ano passado, enfim, assisti a uma palestra sobre o universo dos orixás e isso despertou meu interesse. Desde então, venho buscando ler alguma coisa a este respeito e não me arrependi. É um conhecimento milenar de cultura oral, portanto, às vezes pode parecer confuso. O que é um traço dessa oralidade, muitas bocas, muitas versões. Porém, é extremamente interessante adentrar esse mundo de antepassados tão distantes e tão próximos. Afinal, diferente dos gregos, vários valores desta mitologia ainda estão vigentes hoje.
Este livro da Editora Artes e Ofícios faz parte de uma série que circula pelas mitologias do mundo inteiro. Há um exemplar para Mitologia Celta, outro para a Grega, outra para a Japonesa. Fica a gosto do freguês. Os autores, Franchini e Seganfredo são super bem humorados e recheiam com humor algumas das lacunas que a oralidade deixou, além de serem até didáticos na comparação das entidades para familiarizar o leitor com esse universo novo.
Os contos são curtos e, como todo mito, explicam fenômenos da realidade africana como as frequentes secas ou o surgimento de paisagens. Neles, é comum ver duas ou mais versões para um mesmo acontecimento, afinal, a Mitologia Africana tem base oral, o que dificulta a cristalização de uma única versão para os fatos.
Diferente da Mitologia Grega, nós nos deparamos com uma infinidade de entidades sobrenaturais em todos os lugares. Ora essas entidades agem como humanos, ora são deuses que participaram da criação do universo, é até difícil acompanhar. Além disso, em algumas histórias as entidades mudam de sexo, às vezes são entidades femininas, em outras, são masculinas. Com o perdão do trocadilho, é um samba do crioulo doido.
Mesmo assim, é bem legal conhecer Xangô, Ogum, Oxum, Iemanjá e Oxalá entre tantos outros. Bom também ver outros valores de beleza. A beleza negra valorizada. Mas, no final de tudo, estamos diante dos valores humanos de todo jeito. Os mesmos valores que movem o mundo inteiro. Dinheiro, poder, sexo.
A linguagem desse livro é bem didática. Eu indico. Para mim, que não conhecia muita coisa, foi ótimo.
Se você, porém, já conhece algo sobre o assunto. Talvez prefira um texto mais elaborado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário