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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Trecho de capítulo I de Do seu Lado

Nossa! Como tem gente nova visitando o blog. Tô super feliz com a presença de vocês, viu? Meu tapete vermelho para vocês que é meu visitante ilustre.

Bem, mas nessa brincadeira, tem muita gente que talvez nem saiba que este não é apenas um blog de resenha de livros. 

Em verdade, o blog surgiu da necessidade de mostrar meus textos autorais. Eu já escrevi dois romances e estou na última parte de um terceiro, nenhum deles foi publicado ainda. Continuo sonhando que isso será possível um dia.

Aqui no blog, você pode encontrar tanto trechos dos meus romances (vou criar uma tag para eles) quanto contos, os contos estão com a tag Relicário. Vai lá, dá uma lidinha, quem sabe você não curte meu estilo romancista de ser?

Bom, nesse post, vou colocar mais um trecho. O trecho inicial do meu primeiro romance: Do seu lado. é bem assim que o livro começa.

***

Mais um ano que se foi, mais uma vez a vontade que ficou. Essa história de ser a menina quieta do canto da sala já tinha de ter acabado há tempos. Talvez na sétima série. Mas ainda está durando e pelo jeito vai terminar o colégio sem mudar.
Terceiro ano e continua a mesma, só que agora vai prestar vestibular. Você tem mais um ano, nada mais que um ano para provar quem realmente é. Você tem de sair da prisão onde se meteu sozinha.
Está na hora! Acorda! Vamos tomar as decisões diárias.
Maria Lúcia acordou com a impressão de que não se deve levar a sério aquela história de o travesseiro ser o melhor conselheiro. O seu muitas vezes a deixava assustada. Que coisa!
Deu um jeito no comprido cabelo castanho. Viu em cima da cadeira o vestido separado para a festa de final de ano, simplesmente o ignorou como preferiria fazer com a festa inteira. Dirigiu-se ao banheiro e enquanto escovava os dentes, lembrava-se das palavras categóricas da diretora: “Nada de faltar, Dona Maria Lúcia. A senhora sabe muito bem o trabalho que dá para organizar estas festas, o quanto demanda do nosso tempo e dinheiro. Tudo por vocês, alunos. Não quero que falte nenhum dos homenageados da noite, principalmente a melhor aluna. Olhe lá. Já falei com seus pais. Por favor, não invente nada.” Dona Cecília era uma boa amiga, sempre fez de tudo para deixá-la à vontade. Malu não poderia decepcioná-la.

***

Tomar banho, se vestir. Jamais conseguiria ficar bonita como as meninas do colégio. Nisso a escolha do Santa Inês fora infeliz. Aquele colégio mais parecia uma agência de modelos, cada menina mais linda do que a outra, sem falar em toda aquela sofisticação que uma caipira como ela nunca poderia acompanhar.
Sobre a cama o vestido preto emprestado pela mãe a esperava. Básico e de um tecido que se moldava ao corpo. Não teve a coragem necessária para vesti-lo. Pegou o inseparável vestido amarelo no guarda-roupa.
Isso mesmo! Vai com o amarelo. Ele combina com você, sua medrosa! Fingiu não escutar os próprios pensamentos. Sabia que não tinha o corpo necessário para preencher o vestido preto.
Quando é que você vai olhar no espelho e se enxergar, menina? Você é perfeita! Olha essa cinturinha. Será que você pode me ouvir somente desta vez? Este vestido amarelo é pra quem tem doze anos.  Aos dezesseis, você pode ousar um pouco mais. Decidiu concordar temporariamente com essa insistente voz interior.
Soltou o cabelo, trocou de vestido e passou um batom. Encheu-se de coragem e encarou o espelho. Pela primeira vez em muito tempo, achou-se bonita. Pena que ainda usava aquele aparelho a lhe prender o sorriso.
De repente, volta a si. Ela não era aquilo refletido no espelho. Ela era a Maria Lúcia, menina tímida e sem jeito que não deveria usar uma roupa daquelas nunca. Vou trocar de novo. Nossa, são sete e meia! Ai meu Deus!
Não deu tempo, a mãe batia na porta. Ia deixar Malu na festa e depois sairia com Otávio. Tinha pressa. De maneira que Malu não teve outra escolha senão pegar a bolsa e ir.

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