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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Coisas frágeis

Ainda não sei exatamente o que achei da minha primeira experiência com Neil Gaiman. Minhas impressões de Coisas Frágeis variaram entre "não é para tanto" e "caraca, que massa". Mas vou partilhá-las com vocês mesmo assim para que vocês, se foram ler ou já tiverem lido, possam tirar suas próprias conclusões.

Neil Gaiman é um escritor que se destacou inicialmente nos quadrinhos com a série Sandman, que é uma releitura das aventuras de Morpheu, o deus mitológico dos sonhos. Não sou uma grande fã de quadrinhos, tampouco lia a obra, mas a crítica elogia muito esse trabalho. 

Coisas Frágeis é um livro de contos que traduz a maturidade de Gaiman. Pelo menos, ao que me pareceu, este é o estilo dele, este livro diz muito sobre o tipo de coisa que ele pretende deixar de legado para o mundo. E, pode ter certeza, é um legado estranho.

A criatividade é o ponto forte desse autor. Sua capacidade de escrever sobre diferentes universos impressiona. Assim como sua capacidade de interagir com outros textos. Em Coisas Frágeis há contos que se relacionam com Sherlock Holmes, com as Crônicas de Nárnia, com o universo de Matrix... Todos eles muito coerentes. Eu gostei demais desse aspecto da literatura de Gaiman, mesmo quando me faltaram as referências certas. Gosto da possibilidade de interação, de mexer com personagens queridos, de trazer de volta seus universos impossíveis e misturá-los.

Entretanto, várias vezes, senti um exagero desnecessário. Essa coisa de dar dramaticidade demais à cena para que ela vire literatura de alto nível. Como o personagem de um dos contos que mata todos os homens que tiveram a possibilidade de ser o seu pai desconhecido com requintes de crueldade, não tinha nada a ver com o conto esse aspecto da vida dele, mas está lá como um apêndice. Esta impressão de exagero ficou me rondando em alguns textos em que eu pensei assim:  "esse detalhe não precisava". Mas não é nada que desmereça o artista.

Como em todo livro de contos, gostei mais de uns do que de outros, falarei de dois dos meus preferidos. Meus favoritos foram O pássaro-do-sol e Os fatos no caso da partida da senhorita Finch, apesar de que poderia citar pelo menos mais três contos que me chamaram bastante a atenção pela qualidade e potencial criativo.

Em O pássaro-do-sol, vamos acompanhar um grupo exótico de pessoas que se reúne para degustar as comidas mais diferentes do mundo inteiro. Chega um momento que este cube da comida está entediado e lhes é sugerido ir ao Egito comer a ave mais saborosa de todas, o pássaro-do-sol. Esta ave, eles ão sabem, mas trata-se de uma fênix.

Já em  Os fatos no caso da partida da senhorita Finch, acompanharemos um casal que pede a um amigo para fazer companhia para uma visita. A visita, a senhorita Finch, é uma mulher chatíssima que reclama de tudo e não para de falar de trabalho, ela é biogeóloga e sua paixão são os Tigres dente de sabre. Os quatro acabam indo para um espetáculo totalmente esquisito que se passa nos túneis vagos do metrô de Londres. De repente, a Senhorita Finch some. E fica subentendido que ela não era tão chata, apenas não realizara seu maior sonho.

De forma geral, gostei do livro. foi uma experiência bem diferente. Demorei um pouco para engatar a leitura, mas depois que comecei, não foi difícil chegar ao final. Recomendo para aqueles que apreciam o novo e que apostam na modernidade, pois se tem uma coisa que Gaiman se esforça para ser é moderno.

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