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quarta-feira, 20 de abril de 2016

Quanta independência!

Sábado passado foi dia de reunião de pais. Eu não pude ir. Era sábado letivo na escola. Mas o maridão foi e recebeu muitos elogios à pequena. Criança colaborativa. Carinhosa. Saudável. Alimentação primorosa. Extenso vocabulário. Desenvolvimento acima do esperado para a faixa etária. Enfim, elogios de todas as naturezas. Inclusive à nossa postura e participação como pais (achei bem legal isso, não pelo elogio, mas pela percepção da equipe pedagógica. Quem não gosta de receber um feedback positivo no meio de tantas dúvidas?).

Quando se coloca um filho na escola (principalmente cedo como a Bia foi), debaixo de inúmeros medos, deve estar a certeza de que estamos fazendo uma escolha pelo bem. Uma babá nunca foi uma opção para nós. Não temos dinheiro. Não temos confiança. E acreditamos que a escola traz muito mais benefícios. Dentre eles, a independência.

Já trabalhei com educação infantil. É um assunto que me atrai enquanto cérebro pensante. Racionalizo e estudo a respeito. Conheço algumas das armadilhas da maternidade. E, ainda assim, reconheço minhas limitações. Depois de criar um bebezinho extremamente dependente, suprir por tanto tempo todas as suas necessidades, perceber que ele consegue fazer sozinho é uma tarefa bem difícil. Já vi gente bem mais preparada do que eu falhar nesse aspecto. Deixar a mãe vencer a educadora.

Além disso, a escola é lugar de interação infantil. Coisa que não posso oferecer à minha filha. Lá ela também aprende pelo exemplo com outras crianças. A maioria das vezes, coisas boas. Mas, para ser sincera, até as coisas ruins são necessárias como uma mordida e um puxão de cabelo. A galera dos direitos humanos vai ficar chocada. Porém, a verdade é que, na educação infantil, você vai explicar que bater é feio, ensinar a resolver conversando e tudo mais... Entretanto, se a criança só apanha e não revida, esse é um problema bem mais sério do que dar ou levar uma dentada de vez em quando.

Por conta de tantos aprendizados, às vezes você se dá conta de que seu filho é um ser diferente de você, com valores próprios e um outro conhecimento de mundo. Ou seja, ele faz coisas que você não ensinou. Já vivemos várias situações assim. Vou contar uma das mais recentes.

No domingo, acordamos mais tarde e não fomos à praia como é nosso costume. Levamos a pequena para a piscina do condomínio onde ela brincou até cansar. Depois, banho e lanche.

Resolvemos fazer o almoço em casa mesmo. Tinha um feijão verde que ela adora e pensei em preparar. Na hora do preparo, entretanto, percebi que o feijão estava mofado. Raphael, então, saiu para comprar mais, o que acabou atrasando um pouco o processo. Mas estava tudo sob controle.

Por volta de onze e meia, a Bia me aparece na cozinha pelada, com a fralda na mão para jogar no lixo. Ela está numa fase que tudo que encontra pela casa, amassa e joga no lixo, tem que ter o maior cuidado com as contas e os brincos. Jogou a fralda na lixeira e disse: "Banho", "Bacia". E foi para o banheiro.

Fiquei impressionada com tamanha independência e vontade de tomar banho. Já que ela tinha tomado banho havia pouco tempo. Mas, enfim, ela sempre gostou de água mesmo...

Foi então que o Raphael me explicou outra parte da história e eu fiquei ainda mais impressionada com a atitude da minha filha. Ele contou que a professora disse que a Bia é muito correta com os horários da escola, inclusive os das refeições. E que a rotina do almoço envolve o banho, arrumação e depois a comida. Disse ainda que, quando a Bia está com fome, não interessa o que estejam fazendo, ela já começa a tirar a roupa e a entrar debaixo do chuveiro para apressar as coisas.

Ou seja, na lógica dela, o banho de bacia era apenas a forma que ela encontrou de o almoço sair mais cedo. Uma clara relação de causa e efeito. Ainda que a hipótese seja falha. Mas é exatamente assim que o cérebro humano se desenvolve e se relaciona com as coisas no mundo.

Gostei demais da iniciativa dela. Atitudes assim me dão a certeza de que fizemos até agora algumas escolhas certas.


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