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quarta-feira, 27 de abril de 2016

Às vezes o amor está onde menos se espera

Oi, gente,
quero começar o post de hoje agradecendo a todas as visitas nesses últimos dois dias. Minha opinião sobre a matéria da revista Veja foi bastante compartilhada nas redes sociais e isso acabou trazendo um monte de pessoas novas aqui para o blog. Sejam muito bem-vindos. Podem se sentir em casa.

Aqui, falo minha opinião sobre diversos assuntos. Trato um pouco sobre maternidade, algumas atividades que faço com minha filha de dois anos. Converso um pouco sobre processo criativo, já que sou aspirante a escritora. Assim como mostro um pouco do meu trabalho nessa área. E, além disso, escrevo resenhas de livros. Inclusive livros infantis.

É isso que farei hoje. Uma resenha do livro infantil: Às vezes o amor está onde menos se espera.

Dias atrás, publiquei um post sobre uma promoção da Editora Brinque-Book, livros por cinco reais. Eu comprei cinco dos seis títulos indicados. Falei sobre o frete, que acabava sendo mais caro do que a compra em si, mas, que no final das contas, ainda valia a pena. Pois bem, recebi os livros na terça passada. Impecáveis. Dei uma folheada. Li. E até demorei um pouco para assimilar. Agora vim fazer a resenha sobre Às vezes o amor está onde menos se espera.

Nesse livro, acompanharemos a relação familiar a partir da perspectiva de um cachorro: Kevin. Kevin é muito querido por sua família que consta de pai, mãe e duas crianças. Entretanto, ele é simplesmente apaixonado por Bruno, o pai. Bruno não lhe dá a menor atenção. Mesmo assim, Kevin o admira e sonha em assistir ao futebol no colo do dono. Certo dia, Bruno fica doente. Como está prostrado na cama, Kevin fica impedido de vê-lo. E o cachorrinho luta para não esquecer o rosto de Bruno. Em uma madrugada, para a surpresa de Kevin, Bruno, exausto, desce do quarto e pega o cachorro no colo. Kevin está empolgado e faz um esforço enorme para agradar o dono, para compreendê-lo. Bruno não é muito carinhoso e o cachorro tem dificuldade para entender o que ele deseja ou precisa, ainda assim, esforça-se para acompanhá-lo. Durante a doença de Bruno, a amizade entre os dois se fortalece. Mas Bruno jamais usa palavras de carinho para tratar com Kevin. quando o dono fica bom novamente, passa a tratar o animal com mais atenção, porém, nunca diz que o ama.

Achei esse livro muito corajoso. A historinha pode parecer tensa, afinal, o tema é cabuloso, mas a intenção é mesmo essa: tratar de relações onde as pessoas são incapazes de falar de amor. As ilustrações, sempre em tons fechados, com muito cinza e com cenários enormes, visto que o ponto de observação é o do cachorro, deixam clara essa sensação de solidão e desespero pelos quais passam as pessoas que amam e não se sentem correspondidas.

O tema é pesado, mas precisa ser tratado. Pois quantas são as crianças que não passam pela mesma situação de Kevin? Crianças que procuram desesperadamente por demonstrações de carinho de seus pais e avós e só recebem sermões e secura. A escolha do protagonista animal suaviza a situação. Afinal, espera-se de um bichinho tamanha lealdade, atitude não tão natural nas pessoas magoadas. Porém, a identificação com a figura de Kevin é imediata. E, quando o bichinho entende que existe amor, mesmo que não seja demonstrado da maneira mais comum, espera-se que esse entendimento sirva de bálsamo para diversos corações infantis também. E que eles possam se sentirem amados da mesma forma.

Uma das funções da literatura infantil e ensinar as crianças a lidarem com algumas emoções. Tenho visto isso com frequência aqui em casa. Sempre que Bia tem empatia com algum personagem que está sofrendo, ela pede para fechar o livro. Não quer ver o restante da história. Pois a dor do personagem passa a ser dela. Parece um aspecto negativo, mas não é. Através dessa empatia tão forte que se estabelece entre criança e personagem, podemos lidar com diversos problemas difíceis de explicar para crianças pequenas, como racismo, divórcio, morte e falta de demonstração de carinho.

Segundo a editora, a obra é indicada a partir de 6 anos. E eu concordo com essa indicação. Acho que crianças menores ainda não saberiam reconhecer esse tipo de sentimento. 

A linguagem é simples. E tem pouco texto por página, as frases são curtas, com vocabulário simples. Mas tem muitas páginas para crianças bem pequenas conseguirem acompanhar a história toda. Bia acabaria desistindo no meio, no máximo, veria as figurinhas até o final. Talvez, seja um bom livro para crianças recém alfabetizadas. Certamente, com alguma ajuda e interesse, elas conseguem dar conta da leitura sozinhas.

Colin Thompson é o corajoso autor e ilustrador por detrás dessa história. Os livros desse inglês de 73 anos têm essa pegada mais triste, lidam com sentimentos não tão fáceis nas relações familiares como a solidão e a aceitação das diferenças e dos erros. Acho muito importante existir gente assim no mundo. Pois, às vezes, queremos mostrar o mundo perfeito para nossas crianças e simplesmente nos esquecemos de como é difícil ser gente e lidar com outras pessoas. Os livros, então, podem gerar a identificação que a criança precisa para se entender nesse universo complicado das relações sociais

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