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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Birra: 10 coisas que NÃO devemos fazer com as crianças de dois anos - Continuação

1) Permitir que eles se responsabilizem pela rotina.
2) Ceder depois de comprar a batalha.
3) Gritar.
4) Bater.
5) Aceitar birra.
6) Culpar por comportamento.
7) Evitar experiências.
8) Esquecer de brincar.
9) Negligenciar educação.
10) Fazer por eles o que podem fazer sozinhos.

Oi, gente.
Ontem escrevi um texto enorme sobre a minha relação com a birra. Falei sobre alguns tópicos dessa lista aí de cima. Hoje, tenho a intenção de continuar com as minhas observações. 

No texto de ontem, falei de momentos que tornam difícil a relação pai e filho com as crianças pequenas. A parte que exige mais da nossa paciência, da nossa maturidade e da nossa disciplina. A birra desgasta. A birra consome a nossa energia e deve ser combatida com esmero. Mas nem tudo é difícil quando se trata de estar com crianças pequenas. Vou te dar pelo menos um motivo para ser mais fácil. A memória delas é curta e dificilmente guardam rancor. Ou seja, você sempre pode tentar novamente. E não, eles não vão ficar com raiva de você para sempre. Uma hora a raiva passa. Por isso, pode tratar de ser firme. As crianças esperam isso de você.

Hoje quero tratar da parte mais divertida de acompanhar uma criança: reviver a experiência da infância. Já falei sobre isso mais de uma vez aqui no blog, os pais da atualidade estão mais preocupados com os perigos do que com viver. As crianças estão presas em apartamentos, não tomam chuva, não pisam na areia, não brincam com cachorros. O universo real delas se reduziu a espaços mínimos. Quarto e sala, porque até a cozinha é perigosa. Em compensação, a internet está aberta para essas crianças desde a mais tenra infância. Eu, particularmente, prefiro um braço quebrado depois de uma queda da árvore do que o tipo de perigo que se pode encontrar na internet.

Ah, Priscila, mas crianças de dois anos não entram na internet! Será? 

Minha filha adora o Bita, Palavra Cantada, Timmy, entre outros. Sou dessas que usam a telinha para entretê-la quando preciso jantar, ir no banheiro, ou numa situação de estresse. Podem me crucificar. Já deixei de me culpar por isso. Entretanto, sempre que possível (e o possível é com frequência durante a semana e sempre no final de semana), andamos na areia, tomamos banho de piscina, brincamos juntos, contamos histórias, lemos livros, vamos a parquinhos, passeamos em lugares novos e desconhecidos. Enfim, existe vida, muita vida, além da telinha do celular. E é esse o ponto, o mundo moderno parece ter apenas a opção da telinha. E essas crianças vão crescer assim com tão poucas experiências físicas e reais. As consequências prometem ser funestas.

A criança precisa viver. Precisa cair. Precisar levar uma dentada e um empurrão do coleguinha. Precisa levar um passa-fora de um cachorro. Não é fácil ver nada disso acontecendo, mas é necessário. Não conseguiremos colocar a criança em uma redoma e protegê-la de tudo. E, se for para acontecer, que seja na sua frente. Que seja com você por perto para acalentar. E o que isso tem a ver com birra? Tudo.

Crianças superprotegidas ficam mais vezes doentes, pois não criam resistência. Crianças superprotegidas caem e se machucam mais, pois não se desenvolvem corretamente. Crianças superprotegidas desconsideram o não. Afinal, se recebem não para tudo, para o que é perigoso e para o que não é (do ponto de vista delas), então não há sentido para o não e elas desobedecem. Sempre. Por isso, diga o máximo de sim que você conseguir. Não para tudo, é claro. Mas para o que der. Assim, ele vai confiar quando você disser um não. Já que não é não mesmo.

"Mas meu filho só quer fazer o que não pode". Certamente que sim. Se você deixar a cargo dele, a exploração será completa. Incluindo o que não pode. Mas como lidar com esse ímpeto explorador? Planejamento. As crianças de dois anos se encantam com todas as atividades que você apresentar. Porém, nem todas as atividades as deixam concentradas. E, mesmo concentradas, o tempo de concentração é curto. Na melhor das hipóteses, 15 a 20 minutos. Mais do que isso é sorte.

Cabe a você organizar essa relação. Não adianta só deixar um brinquedo e esperar que ela brinque. Principalmente, não adianta dar a criança um brinquedo que brinca sozinho, como carrinhos automáticos ou bonecos que fazem de tudo. Isso é tedioso! Até um adulto se cansa fácil. Use brinquedo de construir, de inventar, de montar, de cuidar, de correr e de pular, aqueles que despertam sentidos ou que desenvolvem a inteligência. As crianças adoram imitar os adultos, que tal panelinhas, uma pia para lavar louça ou uma vassoura. E sempre participe com elas. Sempre que a atenção diminuir, sugira outra coisa. Exemplo, nos brinquedos de montar, faça uma pilha alta, faça uma cidade, separe as peças pela cor, forme animais. Sim, é preciso criatividade e preparação.

Aqui em casa, além dos brinquedos, sempre faço as atividades que vocês veem no blog. São tiradas da internet ou da infância. Sempre que vejo algo legal, começo a me preparar e aguardo ansiosa pelo dia de apresentar a atividade à Bia. Tenho vários livros de artesanato também e aos poucos vou fazendo as coisas com ela. O que estou querendo dizer é: não se esqueça de brincar. Brincar é maravilhoso. Tanto porque a infância é uma fase única, quanto porque o brincar é de suma importância para o desenvolvimento humano.

Veja bem, criança tem muita energia. Você pode canalizar essa energia para algo positivo e que você planejou ou deixar que elas descubram a melhor maneira de gastar, o que certamente envolverá abrir armários, subir em móveis e explorar tomadas.

Outra forma de usar essa energia a seu favor é a educação. Sou construtivista por convicção. Acho que para subir uma escada, você precisa pisar em um degrau de cada vez. Você quer que seu filho esteja seguro dentro de uma piscina, então o ensine a nadar. Quer que ele fique seguro dentro de uma cozinha, ensine-o tudo sobre fornos e facas. Claro que ninguém começa pedindo para o bebê cortar uma picanha, mas mostrar as partes da casa pode ser um começo. Abrir a geladeira e deixar ver o que tem dentro. Tocar em objetos gelados e quentes. Sentir no rosto o vapor da panela que ferve no fogão. Ver o fogo. Brincar com gelo. Tudo isso desmistifica a cozinha como lugar proibido e ensina mais que o mero não. Mas exige cuidado, disciplina e planejamento.

Estou ainda me planejando para fazer uma receita com a Bia. Biscoitos provavelmente. Ainda não decidi sobre o lugar. Aqui em casa as bancadas são muito altas e não tenho um banquinho adequado para ela alcançar ainda. Mas vai sair qualquer hora dessas. Quero muito que Bia tenha intimidade com a cozinha, pois já vi casos de crianças que sequer reconhecem as frutas simples, que nunca viram um abridor de lata e, pior do que isso, conheço adultos que não cozinham uma batata. Vida prática, meu povo. Vida prática.

Não podemos negligenciar a educação de nossas crianças por causa do medo, da falta de tempo, do cansaço e da preguiça. Sei bem do que estou falando e do quanto é difícil desligar a santa TV e ir ler o mesmo livro pela milionésima vez, já que ela está pedindo. Ir limpar a bagunça que uma massinha faz. Ou lavar o guache da pintura que caiu na sala depois de botar a criaturinha para dormir. Sou a favor do revezamento de pais, um faz o outro limpa, um distrai e o outro planeja, um lê o outro coloca as coisas na mochila de amanhã. Além disso, a rotina ajuda muito. Pois tem hora para começar, para terminar e para dormir. Sem falar, que você pode e deve unir o útil ao agradável, fazendo de tarefas brincadeiras.

Você pode pedir ajudar para lavar a louça. A Bia adora, ela brinca com uma esponja e sabão do meu lado enquanto lavo a louça. Juntar os bloquinhos pode virar uma competição. arrumar a bolsa pode ser um jogo da memória com perguntas como "O que ainda está faltando?". Enfim, tudo pode virar jogo e brincadeira. Você precisa ter criatividade e confiar na capacidade dos seus filhos. Eu peco muito nisso ainda. Nós nos acostumamos a fazer tudo por eles e é raro percebermos que estão se tornando independentes. Continuamos a fazer tudo. E isso é um erro. Primeiro porque a criança passa a nos ver como uma serviçal a sua disposição para tudo e sempre, o que é péssimo.

Sem falar que, essa idade é ótima para administrar bons hábitos. A criança se sente o máximo quando consegue fazer algo sozinha. É ótimo para autoestima. Quem já fez uma baliza sabe do que estou falando. Então, devemos incentivar a sua independência sempre. Dentro das suas capacidades, é claro. Mesmo que demore. Tenho pedido bastante coisa para Bia e ela vem me surpreendendo muito. Desde tirar a fralda (o que exige demais de sua coordenação motora fina, então é preciso dar uma esperada pelo tempo dela) até jogar coisas no lixo e guardar brinquedos. Isso diminui o estresse e as tarefas entram na rotina sem problemas o que ajuda a manter a casa em ordem, além de ensinar a criança que ela também deve contribuir com o ambiente. Estou satisfeita. Mas ainda estou trabalhando esse aspecto em mim.

Estou satisfeita também com o tamanho do post. Tomara que tenham gostado. 


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