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terça-feira, 3 de novembro de 2015

Trecho de Por onde Andei

Carlos Eduardo


─ Mãe? – Juro que não acreditei ao dar de cara com minha mãe na portaria.
─ Meu filho, o que fizeram com você? – Ela correu em direção a mim e foi logo virando minha cabeça para lá e para cá, analisando o estrago no meu rosto. – Bem que eu te avisei para não se envolver com essa garota. Ela é chave de cadeia.
─ Hei! – Bruna foi colocando a mão na cintura. Sem se deixar intimidar pela minha mãe, foi logo se defendendo. – Essa garota tem nome, ok, Dona Débora? É Bruna. – Minha mãe se assustou com a firmeza da afirmação. – Além disso, eu posso até ser barraqueira, mas esse olho roxo seu filhinho arranjou sozinho. Eu só tentei ajudar.
─ Como assim, Carlos Eduardo? – Detesto quando ela fala comigo como se eu tivesse cinco anos.
─ Beijei a namorada de um cara e ele me deu um murro. Pronto. Nada demais.
─ Kadu, isso é coisa que se faça, menino? Foi assim que eu te criei? – Mamãe estava chocada com minha falta de decoro.
─ Viu? Acontece até nas melhores famílias, veja se não ia acontecer na sua... – Bruna não ia deixar essa passar. Não depois da intolerância da minha mãe. O tempo fechou entre as duas. Resolvi intervir antes que fosse tarde.
─ O que a senhora está fazendo aqui, mãe? – Peguei no braço dela a chamando a razão. Dona Débora respirou fundo pelo menos umas três vezes antes de me responder.
─ Vim ver o apartamento. Já que a sua decisão está tomada, eu e seu pai queremos ajudar... – Apesar de contrariada, percebi que cedera. Estava disposta a me apoiar, como sempre acabara fazendo. – Afinal, você pode precisar de um fiador, de alguns móveis para começar, dinheiro para pequenas reformas. Não quero você passando necessidades, meu filho. Apesar dessa sua teimosia, eu te amo demais.
─ Eu também te amo, mãe. – Estalei um beijo no rosto dela.

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