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terça-feira, 26 de julho de 2016

Hipocrisia, eu quero uma para viver...

Hoje vou escrever um post em um molde que não gosto muito, principalmente porque não verifiquei as fontes (não por falta de tentativa), mas é incrível como num mundo com tantas informações, algumas coisas, aquelas que "não interessam ser mostradas", simplesmente somem. Neste sábado, na minha timeline, apareceu um depoimento de um jovem, depoimento provavelmente curtido por algum dos meus alunos. Eu estava meio ocupada, meio fazendo mil tarefas ao mesmo tempo no computador e não reparei direito no post, li por cima.

Tratava-se de um relato de violência. O jovem relatava ter sido agredido, por estar beijando seu parceiro, em plena Praça da Gentilândia no Benfica. Para quem é de fora, que fique claro, que o bairro (e essa praça em específico) é um conhecido reduto LGBTS. Assim como a Pracinha em frente ao shopping Aldeota era um conhecido reduto de pessoas que gostam de animes e cultura geek. Assim como o Condomínio Uirapuru é conhecido por promover eventos religiosos. E, na minha cabeça, se você não gosta do que acontece nesses lugares, simplesmente não vá. Porém...

Mas o melhor (se é que dá para usar essa palavra nesse contexto) está por vir. Os agressores. Nada mais nada menos que vendedores de drogas. Isso mesmo. Os traficantes locais bateram no casal. Diz-se, aliás, que isso está virando prática comum do lugar. Não é lindo? Traficantes preocupados com a moral e os bons costumes? Provavelmente, tementes a Deus. 

Antes que as cabeças toscas comecem a raciocinar, vamos esclarecer alguns fatores. Você, preconceituoso de carteirinha, vai dizer: mas a culpa é dos viados que usam drogas. Perdidos. Merecem mesmo. E blá, blá, blá... Vomitando imbecilidades sem fim. Gays e héteros usam drogas. Aliás, para e pensa, que tipo de atendimento ao cliente é esse por parte do tráfico: eu vendo para você e eu te bato. Não acho que seja um marketing eficiente. Acho que é melhor o pague um leve dois ou até o chiclete com a figurinha, mas vou deixar você tentar encontrar desculpas para isso...

Na minha cabeça, o que une droga e homossexualismo é uma coisa só: a lixeira social. O lugar onde jogamos tudo aquilo que o "cidadão de bem" não quer ver. Pois, cerceados de sua liberdade de ir e vir, os homossexuais precisam de espaços que os aceitem. Infelizmente, hoje em dia, esses lugares são guetos escuros, na calada da noite, escondidos por n subterfúgios, lugares onde nem a polícia faz questão de chegar. E a droga, como tudo mais que não presta, também circula por lugares assim.

Falta um pouco de raciocínio dedutivo aí, gente, estamos misturando causas e efeitos. Gay não é igual a droga. Gay não é igual a promiscuidade. Embora existam gays que usem drogas e existam gays promíscuos. Mas, na verdade, o que é que eu tenho a ver com isso? Nada. A questão desse post, por sinal, passa mais por essa inversão de valores. É o traficante ensinando moral. É a violência reprimindo o amor. E tudo isso regado por um egoísmo imenso. Afinal, jogamos essas pessoas nos guetos. E até nos guetos, eles apanham. Até nos guetos eles morrem. E parece que isso é o certo a se fazer pelo bem comum.

Mesmo que o relato não seja verdade. Os números da violência contra a comunidade LBTS são alarmantes. E a sociedade tem lutas muito mais importantes a vencer do que ir contra os direitos básicos dos homossexuais e outras definições. Direitos que qualquer cidadão tem. Enquanto houver houver lacicismo, pelo menos. E Deus permita que isso continue a existir, porque da última vez que religião e justiça se misturaram foram mil anos de trevas e escuridão. 

A luta contra o consumo de drogas. A legalização. A conscientização da juventude. O acesso aos centros de apoio. A violência gerada por esse câncer social que é a droga. Tudo isso é tão mais relevante do que dois rapazes se beijando em uma praça. E, ainda assim, essas bandeiras de ódio explícito continuam a ser erguidas e heróis fascistas surgem com cada vez mais força, amparados apenas pela raiva e pelo egoísmo.

A idiotia é o mal do século, sem sombra de dúvida. Enquanto escrevo, penso naqueles que colocarão o homossexualismo e o vício no mesmo patamar. Acusando-me de hipócrita. Afinal, "duvido que ela queira que a filha veja dois homens se beijando". Em primeiro lugar, não me incomodo um milímetro com dois homens se beijando na frente da minha filha, contanto que se mantenha o decoro, isso vale para casais de qualquer natureza, inclusive para héteros como eu e o pai dela e cachorros grudados no meio da rua. E, ainda assim, caso ela veja algo "inapropriado para a idade", tudo é oportunidade para diálogo e conversa. 

Em segundo lugar, de certa forma, o pensamento preconceituoso tem alguma lógica, pois existe mesmo uma relação entre vício e homossexualismo. Tanto o viciado como o gay não tem saúde. Saúde, se tomamos por base a OMS (organização sanitária vinculada à Organização das Nações Unidas), seria  “estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de enfermidade ou invalidez”. Por esse ponto de vista, viciados e homossexuais estão no mesmo barco, pois dependem do poder público para alcançar essa saúde de bem-estar físico, mental e social. E, definitivamente, nenhum desses dois grupos e suas interseções merecem a lixeira social em prol de um "cidadão de bem", categoria, aliás, que eu nem acredito que exista de fato.

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