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terça-feira, 12 de julho de 2016

Marinho, o marinheiro

A escolha do livro de hoje é da própria Beatriz. Marinho, o marinheiro. Um livro de Joel Rufino dos Santos, publicado a primeira vez em 1988. Atualmente, é a história que ela mais gosta de ouvir. E para falar como essa paixão começou, temos que dar uma voltinha no passado.

Para começo de conversa, vamos falar do tempo que a Bia passa dentro do carro. Por questões logísticas, minha filha estuda próximo ao trabalho do pai dela e da casa da minha mãe. Por conta disso, ela é obrigada quase que diariamente a enfrentar um trânsito desumano que rouba pelo menos uma hora na ida e outra na volta para casa. Nem todos os dias são fáceis. Mas a gente, principalmente o pai dela, desenvolveu técnicas de entretenimento para esse período. Ele conversa com ela o tempo inteiro, o que envolve procurar animais pelo caminho e identificar construções e transportes como ônibus e pontos de referência.

Não somos adeptos dos tablets no encosto do banco. Aliás, apesar de utilizarmos essas novas tecnologias em casos de estresse extremo, evitamos o uso regular e preferimos métodos mais humanizados de convivência, como conversar. Nossa menina tem um vocabulário extenso e uma capacidade comunicativa impressionante para a idade parte por conta disso. Como diria Skinner, estímulo é tudo.

Bom, uma das estratégias que adotamos para enfrentar as longas horas de carro é a música. Peguei um pendrive  e coloquei as músicas favoritas da Bia de desenhos que ela acompanha e outras do cancioneiro popular infantil que eu gostaria que ela conhecesse. No universo de cem músicas, ela não gosta de todas, mas, eventualmente, muda de preferências e até nos surpreende com sua capacidade de memorizar tantas canções.

Antes que alguém pense que ouvir músicas é tão limitante quando vê-las no tablet, explico. São dois processos mentais totalmente diferentes. Deixar uma criança de frente para uma tela por tempo indeterminado é nocivo para a criatividade de uma forma incalculável. A mente dela não cria nada, recebe tudo pronto. Fora a concentração que exige delas, é apenas um anestésico puro (não se sintam culpados por usar, também ofereço de vez em quando, em doses homeopáticas). No caso da música, exige concentração para ouvir, exige memória para lembrar, exige pensamento lógico-matemático para encontrar o ritmo e exige criatividade para imaginar. Enfim, a música desorganiza e reorganiza a mente da sua criança a cada nova canção. Isso é ótimo, pois a vida é exatamente assim.

O carro também é um espaço nosso de socialização enquanto família. A cada parte do percurso que fazemos, a música de alguém é contemplada. Se na ida for a música da Bia, na volta é a música do papai, por exemplo. Se ela reclama e chora? Claro que sim. Mas, a essas alturas, já está acostumada e começa a ouvir também as músicas que nós dois gostamos. Da ista do Raphael, que ela escuta mais vezes, já tem até as que ela pede para repetir.

Enfim, você deve estar se perguntando onde entra o Marinho, o marinheiro nisso tudo. Dentro do pendrive da Bia, coloquei três histórias que marcaram a minha infância. Nos anos oitenta, a Editora Abril lançou uma coleção fabulosa chamada TABA. Nela eram contemplados artistas nacionais com livros infantis que fizeram sucesso por gerações. As obras receberam ilustrações e ganharam uma versão sonora em vinil. Meu pai comprou uma parte dessa coleção para nós (meu irmão e eu) de um cara que vendia de porta em porta. Quer coisa mais anos oitenta que um vendedor de vinis? Em todo caso, é um trabalho maravilhoso que merecia um repeteco. Cada disco, além da história em si, traz uma trilha sonora impecável cheio de gente famosa, no caso de Marinho, nada menos que Gilberto Gil.
Posso falar mais sobre essa coleção outro dia. É maravilhosa. O que conta para hoje, no entanto, é que coloquei três dessas histórias na lista da Bia. E Marinho, o marinheiro foi a primeira pela qual ela se apaixonou. O livro conta a história de um marinheiro que decide não mais usar boné, ele prefere usar um passarinho, mais exatamente um pintassilgo, na cabeça. O capitão do navio acha a ideia um absurdo e castiga Marinho. ele fica proibido de ir para terra com os outros marinheiros. Mas, seus pés, cansados de esperar, resolvem levá-lo para terra mesmo assim.

Marinho vai encontrar várias aventuras. A Bia gosta particularmente da parte em que ele encontra um Bumba-meu-boi. Coisa mais linda ela cantando as músicas. A verdade é que Marinho é uma história bem criativa, com aspectos fantásticos que encantam as crianças. Existe o livro tradicional sem ser da Taba. Eu o tenho. Mas, fazendo uma pesquisa rápida, não o achei em livrarias de grande porte. porém, não é difícil de encontrar nos sebos como a Estante Virtual. No livro, além de Marinho, você encontra mais três histórias bem divertidas.

Vou deixar aqui um vídeo que alguém do youtube  produziu com o som original e as páginas do livro. Divirtam-se.

2 comentários:

  1. Oi, Priscila! Procurando por esse livro/disco na internet, achei sua postagem. Como esse livro/disco foram importantes pra mim também. Fez parte da minha infância. Adorava ouvir as canções enquanto via os desenhos do livro. Como me marcou! Que legal você estar fazendo isso por sua filha também! Parabéns! :)

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  2. Também sou apaixonada por está história. Minha primogênitahoje com35 anos, se divertia com ela.Vou montar um espetáculo com está história.

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