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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Trecho do capítulo II de All Star




Em algum momento, aquele beijo tinha de acabar. Em algum momento, teriam de se encarar novamente cheios de vergonha. Por alguns segundos, ela teria a esperança de que ele iria se declarar completamente apaixonado para que, no instante seguinte, André começasse a pedir desculpas. Conhecia o protocolo. Acontecera algumas vezes no ano passado.
Até o beijo, tudo bem. Levava numa boa. O pior mesmo era o pedido de desculpas. O arrependimento a humilhava. André sempre fora galinha. A coleção de mulheres com quem ficou durante o período escolar faria inveja a muito metido a Don Juan. Por isso, que ele tentasse beijá-la não era surpresa. Agora, pedir desculpas, aí era demais. Que tipo de cara pede desculpas depois de beijar? E ainda, que motivos levam um cara como ele a pedir desculpas depois de beijar?
Enfim, os pensamentos giravam em turbilhão na cabeça de Mariana. Até que não pensou em mais nada. Não pensou porque estava beijando André. E beijá-lo era bom demais para pensar em qualquer coisa. Cada fibra do seu corpo relaxava naquele abraço.
Mas o beijo acabou, precisavam se encarar e enfrentar as consequências. Mariana não conseguiu nem se mexer. Já André, continuou abraçando, percorria com o nariz o pescoço da moça causando arrepios nela. Finalmente, recuperou os sentidos e o empurrou.
─ O que é isso, André? – Estava de fato indignada.
─ Ah, Pequena! Você não sabe? – Continuava a falar como se não tivesse acontecido nada demais. – Você não é tão inocente assim, é? – Brincava com a cara dela. Tratar Mariana como criança era certeza de confusão. – “Isso” – apontava para si mesmo – é um cara bonitão querendo ficar com você hoje.
─ Como é que é? – A maneira como ele frisou a palavra hoje mexeu com ela. Ficou mais indignada.
─ Ora, Pequena, você não acha ruim quando eu peço desculpas? – Deu dois passos em direção a ela, acariciou seu pescoço, colocando a mão por debaixo da trança. – Não vou mais pedir desculpas. Eu quero você.
─ Querer não é poder, André. – Lógico que ela não iria concordar com aquele absurdo. Porém, não tirou a mão dele do seu pescoço, o carinho estava gostoso. – Quem você pensa que é para vir me beijando desse jeito? Eu tenho namorado.
─ Pequena, você é louca por mim. – Abalou-se. As pernas enfraqueceram. Era verdade, mas não precisava jogar na cara tanta sinceridade. – E eu tô mesmo com muita vontade de continuar a te beijar. – Puxou o rosto dela e deu um selinho. Mariana sentiu uma descarga elétrica descer pelo corpo. – Para que a gente precisa falar daquele monte de músculos que é o seu namorado? Ele nem está aqui.
─ Ele não está aqui, mas continua sendo meu namorado. – Respondeu bem zangada. André estava sendo um canalha.
─ Pequena, - encarou os olhos dela com profundidade. – não fica zangada. – Pediu com aquele jeito dele de conseguir absolutamente tudo que queria. – Eu estou te convidando para brincar com fogo. Você nunca foi covarde. Quero ver se você tem coragem?
─ Isso não é questão de coragem, André. Isso é canalhice. – Ela tirou a mão dele do seu pescoço. Virou de costas bruscamente.
─ É questão de coragem sim, Mariana. – Disse decidido. Até a chamou pelo nome, coisa que quase nunca fazia. – Eu também não sei o que pode acontecer se a gente continuar a se beijar. Para ser sincero, não faço a menor ideia. Mas tô a fim de descobrir. E você? – Desafiou. – Quer saber aonde isso vai nos levar ou vai se agarrar ao seu namoro sem sal com o bobão?
─ Guilherme é muito melhor do que você. – Não gostava do tom de voz de André, por isso revidava. Só que o convite estava mexendo demais com ela. Nem olhava para ele para não deixar que lesse esses sinais.
─ Pode ser que seja... – Riu muito. A risada dele irritou mais ainda. – Mas é de mim que você gosta. Então, pensa direitinho na proposta, tá? Agora, - abraçou-se a ela por trás, ela ainda pensou em empurrá-lo novamente, mas ele a segurou de jeito. – eu preciso que você saiba, Pequena, que eu não sou o Vini. – Essa frase tinha muitos significados. Impossível prever a qual deles André se referia. – Se você disser que não vai ficar comigo, eu não vou para o meu quarto me acabar de chorar, você está entendendo? Eu vou descer e vou procurar uma boquinha linda como a sua que queira os meus beijos...
─ Nossa! Que romântico! Isso é uma ameaça? – Ironizou. E mesmo com a voz de André no seu ouvido a fazendo enlouquecer, resistiu.
─ Só estou avisando que eu não sou um príncipe encantado. Eu sou de carne e osso, Pequena. – Beijou o rosto dela. – É esse cara que você quer? É com esse cara que você sonha? – Sussurrava.
─ André, por que você está brincando desse jeito comigo? – Implorava. Não estava mais aguentando. Virou-se para olhar para ele. Estavam muito próximos. Respiravam no mesmo ritmo.
─ Eu não estou brincando, Pequena. – Ele se afastou e fez o caminho até a porta do quarto. – Você tem vinte minutos para decidir...
Saiu do quarto. Poucos instantes depois, Pedro entrou carregando Tito no colo.
─ Pimentinha, nós estávamos te procurando para te dar um abraço? – Disse o irmão sorridente. – Feliz ano novo! – Abraçaram-se. – Você está chorando? – Limpou uma lágrima do rosto dela.
─ Não é nada, Pedro. – Sorriu. – Me dá aqui o Tito. – Pegou o sobrinho no colo. – É só uma saudadezinha da mamãe. – Mentiu.

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