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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Cinquenta Tons do Sr. Darcy

Certo dia, estava eu na Livraria Cultura esperando por uns amigos quando me deparo com este livro bizarro aí do lado. Eu e meu marido começamos a folhear e caímos na gargalhada. Rimos tanto que até pensei em comprá-lo, mas, como tinha tantas outras coisas para ler, acabei não comprando. Agora, finalmente, chegou a hora de conhecer o lado pervertido do Senhor Darcy.

O livro é uma paródia que mistura Os Cinquenta Tons de Cinza de E.L. James com Orgulho e Preconceito de Jane Austen. Eu achei simplesmente hilário esta mistura inusitada.

Em verdade, não é preciso nem forçar muito a barra para provocar riso. Os Cinquenta tons original é tão absolutamente sem sentido que já é engraçado por natureza. O recato da personagem principal que nunca namorou aos 21 anos. Os pensamentos sem noção e a fala com a deusa interior de Anastacia/Bella. A sua maneira desastrada de cair a todo instante que de repente some quando ela é possuída pelo todo poderoso (lê-se aqui: rico, rico, rico) Christian Gray. A obsessão de Gray em controlar o que a moça come e as perversões sem sentido dele. Enfim, bastou ao autor da paródia (que usa o pseudônimo de Emma Thomas, mas que claramente é um homem), salientar esses pontos e, em alguns casos, conversar com o leitor, afirmando diretamente que estava falado sobre isso. Como quando o autor arranja um balão para simular o passeio de helicóptero que tem no Cinquenta tons original e que não seria possível no século XIX.

Com relação ao sexo, acontece exatamente como no Cinquenta tons original. Muita falação. Muita dúvida e pensamentos delirantes da protagonista. Muita demonstração de artefatos bizarros. Discussões por mensagens entre os personagens. O fatídico contrato que faz as donas de casa ávidas por sacanagem no mundo inteiro suspiraram também está na paródia. Mas cena de sexo só tem uma mesmo.

Olha, foi bem inusitado ver o Senhor Darcy, queridinho das românticas exercendo esse papel. Para falar a verdade, de fato, os dois têm alguma coisa em comum. De cara, percebe-se o dinheiro. Aliás, há livro voltado para o público feminino que o herói não seja rico? Príncipe encantado tem que ter castelo, não é não? Mas, além disso, ambos tem um quê de manipulador, de poderoso e, para uma paródia, a escolha me convenceu. A Lizzie Bennet de Anastacia Steel também deu pano pra manga. Esse lance de ela ser a irmã feia/inteligente deveria ser algo original no tempo de Jane Austen. Sabe aquela feia que é só tirar o óculos e soltar o cabelo que fica linda nos filmes americanos? Pois é, tanto Lizzie Bennet quanto a protagonista de Cinquenta Tons são assim.

Bem, eu achei divertido ler essa paródia. Principalmente porque conheço os dois livros e os gêneros em que se inserem. São, sem sombra de dúvida, livros para mulheres e ver apontados os vícios desses gêneros como numa caricatura foi engraçado. Acho, entretanto, que se você é grande fã de qualquer uma das obras envolvidas, vai talvez se sentir ofendida. 

Também terminei o livro com vontade de ver de novo Orgulho e Preconceito, o filme, porque, como todas as mulheres do mundo, eu também adoro o Senhor Darcy. 

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