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sábado, 8 de junho de 2013

Toda Poesia - Paulo Leminski

Estou apaixonada por Leminski. Constatei diante destes versos:

mesmo 
na idade 
de virar
eu mesmo

ainda
confundo
felicidade
com este
nervosismo

Ai Caramba! Como faz pra ser assim tão simples e assim tão complexo nesses 13 vocábulos? 
Ele me ganhou, me arrastou por cada linha, me encantou e agora já não vejo minha vida sem Leminski. Já pensei em mil questões para minhas próximas provas lá no trabalho.Vou instituir a questão Leminski em todas elas. Todos nós precisamos de um pouco de contrários: simples e complexo, pop e erudito, rigor e emoção. E esse Curitibano é tudo isso e mais um pouco.

Vou contar minha história com esse livro. Como alguns de vocês já sabem, eu não sou muito fã de poesia, mas, por questões de trabalho, vez ou outra leio alguma coisa. Bem, eu conhecia pouco sobre Paulo Leminski. Aliás, a década de 70 para mim, em termos de literatura, é toda meio nebulosa. Na faculdade, não lembro muito de focarmos nela. Em todo caso, Leminski para mim era apenas um cara polêmico com alguns poemas concretos em livros didáticos e era adepto dos haikais japoneses (poemas de três versos de origem oriental). 

Aí, saiu essa nova edição de suas obras. Bom, a capa é linda. Vamos combinar que esse laranjão berrante e o bigodão estão simplesmente o máximo! Vai ficar um luxo na minha estante. Minha mãe, inclusive, acha que eu comprei o livro somente pela capa, mas não é verdade. Até porque, não é por nada não, mas o preço do livrinho é bem salgadinho. Eu não ia comprá-lo tão cedo. Só que, dia desses, estava eu assistindo ao GNT e vi uma entrevista com a Maitê Proença sobre o que ela estava lendo para a produção do seu novo livro.

Fazendo um parêntesis aqui: ADORO a Maitê! Acho-a uma mulher belíssima e, definitivamente, não por causa dos seus olhos azuis estonteantes, mas por conta de que é tão inteligente que reluz. Ela é tão grandiosa que imagino o esforço que faz para caber na grade de programação da Rede Globo. Pois bem, dentre muitos livros, Maitê mostrou esse daí e eu decidi que deveria tê-lo. 

Foi o livro mais caro do mês, com o frete: R$40,00, mas não me arrependi. O livro me surpreendeu e eu não consegui parar de virar as páginas. Tem poemas lindos. Tem poemas bobos. O poeta vai e volta e brinca com seus sentidos como um ioiô. As palavras vão do cotidiano ao psicanalítico mais brabo em questão de instantes. A mente às vezes sofre para dar uma lógica, ao mesmo tempo que a razão está lá o tempo todo, mas é tão simples que você se força a não compreender de primeira. Incrível! E os poemas concretos são um deleite para os olhos e para a alma. 

Claro, nem tudo é maravilhoso, tem uns poemas apenas sem graça, mas são poucos. A coletânea como um todo está lindona. Eu nem sabia que tinha que ter esse livro. Obrigada, Maitê. A criatividade de Leminski me pegou de jeito. E eu estou completamente apaixonada por ele.

não sou o silêncio
que quer dizer palavras
ou bater palmas
pras performances do acaso

sou um rio de palavras
peço um minuto de silêncios
pausas valsas calmas penadas
e um pouco de esquecimento

apenas um e eu posso deixar o espaço
e estrelar este teatro
que se chama tempo

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