
Difícil dizer o que é ser mãe. Quando tá aqui dentro, é uma experiencial corpórea, visceral. Eles chegam depois, mas parece que a visita somos nós. Determinam se temos fome, se estamos bem, se podemos ou não dirigir...
Daí, nascem... Cesárea. Sensação esquisita. Nervosismo. Medo. Achava que não ia sentir nada, mas é quase como ser um saco de gatos. As coisas (criança e médico) mexem dentro de você sem sua autorização.


Fui costurada. Não senti absolutamente nada. Se dependesse apenas do parto, teria cinco meninos. Enquanto isso, a Bia foi conhecer o pai dela. Não vi a cena. Mas teve choro, é de praxe.
E foi então que eu me vi mãe.
A primeira coisa que chega é o amor. Medonho. Irreversível. Sem igual.
Logo depois, o medo. Que medo! Medo de falhar, medo de perder, medo de não dar conta, medo de não entender. Medo. Medo. E mais medo. A lista só aumenta. De sequestro. De afogamento. De obesidade. De que sofra. De que não aprenda. De que se torne patricinha ou mimada.
Então, você começa a aprender...

Não há nada. Absolutamente nada. Que a Beatriz possa fazer que diminua o meu amor por ela. Nem que ela escolha o #teamcaptain....


Mas o maior crescimento é de fato o moral. Vou partilhar com vocês algumas das lições que aprendi com minha filha nesses dois anos.
Aprendi que a felicidade é ter todos com saúde. E que a dor no outro pode ser maior que a minha.
Aprendi que ser feliz tem muito a ver com a maneira que nós encaramos as nossas limitações. Se encaramos cada desafio como algo a aprender, ser feliz é parte do processo de aceitar que somos ainda crianças diante do Pai.
Aprendi que bagunça faz parte da maternidade e que o caos é uma forma de organização bastante eficiente.
Aprendi que tenho uma família ótima. Que se propôs a ensinar e aprender com a Bia.

Aprendi que a brincadeira é o melhor remédio. Que ela pode e deve ser livre, mas que também é ferramenta de aprendizado, portanto, deve ser priorizada no mesmo nível da saúde, porque de certa forma, são a mesma coisa.


Aprendi que filho tem vontade própria. Que tem seu próprio tempo. Seus gostos. E que o tempo que você pode estar com ele é mais do que valioso, pois vai chegar o dia que você não será mais a pessoa favorita dele no mundo.
Aprendi que filho tem história própria. Herança não partilhada. Ele é seu, mas é também de outro. Vai ser criado de forma diferente da sua criação. Vai ter outras experiências. Outras bagagens. Oportunidade de entender outras maneiras de amar.
Aprendi que tenho muito a ensinar. Valores e princípios. Aprendi que sou exemplo. E o exemplo é a melhor forma de ensinar. Tenho consciência hoje de que preciso ser melhor, por ela.
Aprendi que tenho um homem incrível a meu lado. Muito melhor do que o cara que eu conheci tantos anos atrás. Um homem que sabe ser pai. Sem heroísmo. Sem vitimismo. Sem mimimi. Apenas (e isso quer dizer tanto) a referência que nossa filha precisa para se relacionar com o sexo oposto.
Aprendi que o amor é uma estância sem limites. Pode aumentar sempre.
Há dois anos, conheci uma pessoa que já me ensinou tudo isso. Imagino daqui a dois anos, o tanto que eu ainda vou aprender.
Obrigada, filha.
Feliz aniversário!
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