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terça-feira, 14 de maio de 2013

O 14 e o 30


Hoje, dia 14, é o aniversário o de uma das pessoas mais chatas que eu já conheci. O Raphael.

O Raphael detesta multidão. Detesta mulher que anda de salto sem saber. Detesta o Rio de Janeiro porque tem muito carioca. Detesta a Bahia porque tem muito baiano. Detesta o Rio Grande do Sul porque tem muito gaúcho. Além disso, ele detesta quem explica as coisas usando Freud. Detesta religião. Detesta trânsito. Detesta gente burra  e gente enrolada. Detesta comida guardada na geladeira. Detesta político que faz lei estúpida. Enfim, não gosto, detesto e não suporto estão entre as palavras que ele mais usa.

Em vários aspectos, não é uma tarefa fácil ser casada com ele. Ele é metódico. Planeja tudo até o último detalhe, até a hora certa de cair os cílios. Nas viagens, calcula se o valor do chiclete tá no orçamento. E guardar as compras do supermercado era uma arte que eu não fazia ideia de que existia antes de conhecê-lo, o porta-malas do carro parece um jogo de Tetris (nem sempre a partida termina rápido). Além disso, ele é rabugento. Já me acostumei, ele jamais vai dizer sim para um programa da primeira vez. Nem mesmo para o Paul McCartney por R$85,00 ele disse sim de primeira. Sem falar que sabe ser teimoso como uma mula manca empacada ( é sério, quando ele está nessa vibe de teimar, ele não concorda com você nem diante do teste de DNA da verdade esfregado na cara dele). Também não posso deixar de citar a memória dele que é uma merda. Sabe-se lá quantas vezes eu tive que dizer que a minha prima estava grávida, ou quantas vezes ele me contou a mesma história com um tom de novidade. Além, é claro, da capacidade de soar grosseiro com quando ele me deu oito e meio, ou quando sugeriu anos atrás me levar para casa na noite de núpcias e voltar para tomar uma vodca com os amigos no bufê ou disse que minha roupa parecia a cortina da casa da avó dele, romantismo tendendo a zero. 

Mas acontece que eu o amo.

Amo porque não tem pessoinha mais feliz do que ele quando tem purê de batata para o jantar. Amo porque ele tem umas baixadas de Caboclo Faxineiro vez em quando que ele só exorciza quando lava a louça, a roupa e arruma as estantes. Amo porque ele vai no quarto e fala boa noite para mim mesmo se eu já estiver dormindo (durmo cedo). Amo porque ele é muito prestativo com a minha família, mesmo quando eu não sou. Amo porque ele resolve problemas, todos os que ele consegue, para que os problemas não cheguem em mim. Amo porque ele chorou feito um menininho no nosso casamento, o que deixou toda as minhas amigas com inveja e deixou as fotos lindas.

Amo porque ele me escolheu. E amo porque ele é a minha escolha para a vida inteira. Amo porque ele já é chato, e como ele mesmo diz: a tendência é que nós acompanhemos a chatice dele com a chegada da idade (cada vez mais comprovo que esta talvez seja uma verdade).

Raphael, enfim, os 30 chegaram para nós dois e somos adultos. Essa década promete: filhos, dores de cabeça, prestação de carro, casa, escola de menino e talvez calvície. Não tô nem aí. Se for para estar com você, vai ser ótimo...

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