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quinta-feira, 30 de maio de 2013

Sangue, ossos e manteiga

Tenho várias coisas interessantes para dizer sobre esse livro. Para começo de conversa, olha que título incrível? Na mesma hora dá vontade de ler, de entender, de pegar, de saber do que se trata.

Além disso, tenho uma coisa particular com esse livro. Juro para vocês que eu não conseguia ver esse frango desenhado aí de jeito nenhum. Minha mente, coitadinha, estava surtando tentando dar algum sentido para aquilo que eu entendia como manchas de manteiga numa frigideira. Até que minha mãe pediu para ver a capa e por um instante eu virei o livro de cabeça para baixo e percebi o bicho. Quase tomei um susto com o reconhecimento. Pois é... Coisa de gente lesada. Eu não costumo ser lesada, mas, às vezes, caio em alguma pegadinha do destino.

O livro é a autobiografia de Gabrielle Hamilton, uma chef de cozinha. Achei o livro bastante interessante, primeiro pela questão da comida, assunto pelo qual tenho razoável interesse. Mas também pela questão das escolhas pessoais da vida de Gabrielle. Pelo que entendi, ela nunca se imaginou uma chef de um dos restaurantes mais legais de Nova York. Para quem não sabe, essa cidade, como toda grande metrópole, respira comida. É muita responsabilidade trabalhar com gastronomia lá, ser reconhecida, então, é um luxo para poucos.

O relato da chef é bem escrito. Ela tem mestrado em Literatura, oras. Mas o que mais me impressionou foi a sua vida mesmo. Cheia de erros. Parece que quanto mais ela fugia da comida (vê-se a questão do mestrado em uma área nada a ver), mais a cozinha a agarrava com força. Uma família desestruturada, uma vida meio de cigana, os altos e baixos dos buffets da cidade. Entramos com tudo na vida nada glamourosa da comida em larga escala. Dessa forma, vamos conhecendo Gabrielle e entendendo as suas escolhas para o Prune (o restaurante dela). Ela não é a mulher mais correta do mundo. Tampouco é uma pária da sociedade. Sua vida está repleta de escolhas boas e ruins como a de todos nós. 

Bom, ela me fez refletir bastante sobre o amadurecimento. Entendo que até as pessoas mais rebeldes acabam encontrando um lugar no mundo se resolvem enfrentar o desafio de se tornaram elas mesmas. Gabrielle relutou o quanto pôde contra o seu talento, perdeu as esperanças, reencontrou-as, se construiu e, surgindo a oportunidade, ela a agarrou com todas as forças. E como essa mulher trabalha. Mas daí, quando ela se encontra e se transforma numa mulher adulta, nossa, ninguém pode com ela.

É um livro cheio de cheiros e sons e sensações que evocam o passado através do paladar. Tem também várias lições de vida, se você souber lê-las. Gostei, apesar de não ser grade fã de biografias. Foi uma experiência diferente, desde as festas da infância de Gabrielle até a morte prematura de trinta quilos de lagosta, eu estava lá com ela, sentindo os cheiros e as sensações. 

Indico demais, principalmente se você gosta de comida.
Aliás, descobri este livro através do canal da Mariana no youtube, olha lá: Respira, Mariana! Quem sabe você também não encontra algo que te interessa?

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